O gerente de um estaleiro irregular na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, foi preso em flagrante e outras 8 pessoas foram detidas na manhã desta segunda-feira por crimes ambientais. Segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Sustentabilidade e o Instituto Estadual do Ambiente, a empresa Superpesa funcionava como um “ferro-velho de navios”.
Fiscais apontam que o estaleiro despejava metais tóxicos e óleo diretamente na Baía de Guanabara. Durante 3 meses de investigação, os agentes do Inea flagraram a retirada de peças dos navios de forma inadequada. O aço dos navios era cortado com maçaricos, e os destroços eram abandonados sem qualquer cuidado.
— Aqui eles têm uma maquiagem que é uma licença municipal para reparos de navios. Estamos há meses através da nossa inteligência, usando até drones, acompanhando que não estão sendo feitos reparos. O que eles fazem aqui é o desmanche dessas navegações. Para fazer isso tem que ter uma autorização que não é simples, tem todo um acompanhamento, tem que fazer a descontaminação, entre outras coisas. Aqui tem óleo diesel, chumbo e mercúrio, por exemplo, sendo despejados na água — explica Bernardo Rossi, secretário de Ambiente e Sustentabilidade.
A ação, que contou com o apoio da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) e do batalhão da Polícia Ambiental, terminou com 9 pessoas sendo levadas para a delegacia para prestar depoimento — o gerente acabou preso. Segundo Rossi, outros locais na cidade também estão sendo alvo de investigação. O secretário pontua que as medidas buscam tornar o Rio a “metrópole azul”:
— Essa operação não visa somente os Jogos Pan-Americanos, mas tornar o Rio uma metrópole azul. A empresa que estamos hoje tinha um grande faturamento em cima dessa poluição da Baía de Guanabara, o que causa um estrago na natureza.
Ainda de acordo com o secretário, o proprietário será obrigado a colocar uma empresa para fazer a descontaminação da região. Além disso, a multa pelo crime ambiental cometido pela empresa pode chegar a R$ 50 milhões. O GLOBO entrou em contato com o Superpesa, porém, até a última atualização desta reportagem, a empresa não tinha retornado.
— Nós chegamos a vir aqui em agosto do ano passado e demos uma orientação. No entanto, a situação não estava tão complexa assim. Isso aqui gera até um risco de explosão. Sendo assim, vamos tomar as medidas cabíveis para que essa situação sirva de exemplo. O Inea está em cima e não vamos parar. É possível recuperar essa área, então o proprietário vai ser responsável por essa descontaminação — ressalta.
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