“Não há como vencer a crise climática sem minerais”, diz Jungmann
Ao programa CB.Poder — uma parceria entre o Correio e a TV Brasília —, Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e ex-ministro da Defesa e da Reforma Agrária, abordou a mineração sustentável na Amazônia. Jungmann reconheceu o impacto ambiental da atividade, mas ressaltou os esforços do setor para implementar políticas de ESG (ambiental, social e governança) e equilibrar preservação com exploração.
“A mineração ocupa 0,52% do território nacional, e todo impacto precisa ser gerido de forma responsável”, afirmou. Ele lembrou a importância dos minerais no cotidiano e alertou para a impossibilidade de atender às demandas da crise climática sem os recursos. “No seu celular, por exemplo, existem 14 minerais. Não há como vencer a crise climática, que ameaça todos nós, sem minerais.”
Jungmann também mencionou a “licença social” como um dos maiores desafios da mineração sustentável, ressaltando a importância de dialogar com as comunidades locais para mitigar impactos sociais, como ruídos e mudanças na paisagem. “Você tem que se entender com a sua comunidade adjacente. Isso é fundamental”, enfatizou. Ele ainda destacou a necessidade de avançar em questões como a substituição por energias renováveis e a circularidade dos recursos.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
“A Amazônia é brasileira, mas diz respeito ao mundo inteiro.” O combate ao desmatamento, a poluição dos rios por mercúrio e a violência contra as populações indígenas, segundo ele, são temas que precisam ser enfrentados para garantir a sustentabilidade da região e evitar o tipping point – ponto a partir do qual a floresta não poderá mais se regenerar. “A Amazônia absorve carbono, vital para o equilíbrio climático, e é o berço dos rios que sustentam o Brasil. Abraçar a Amazônia é mais do que um cuidado, é um dever de todos nós”, afirmou.
Para o diretor do Ibram, no entanto, o obstáculo mais crítico para o setor é a falta de uma política nacional clara. “Falta rumo. Nós não temos uma política”, disse. Ele apontou que, apesar do interesse de países como os Estados Unidos em estabelecer parcerias, cabe ao governo brasileiro definir as diretrizes para esses acordos e investimentos.
* Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza