Na COP28, Haddad diz que “plano verde” custará US$ 1,3 tri em 10 anos
O Brasil precisa de investimentos adicionais na ordem de US$ 130 a US$ 160 bilhões por ano na próxima década para o seu Plano de Transformação Ecológica. Os números foram apresentados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023, a COP28, que acontece em Dubai. O valor total do investimento é de cerca de US$ 1,3 trilhão em 10 anos.
Na ocasião, enquanto tentava vender ao mundo as iniciativas brasileiras para a transição para uma economia de baixo carbono, Haddad fez uma cobrança aos países ricos para que eles se unam para a transformação ecológica. “Precisamos unir esforços para a transformação ecológica, de modo a evitar medidas protecionistas e a fragmentação geopolítica. Precisamos de uma transição global para o desenvolvimento sustentável. A prosperidade de uns poucos diante da miséria e da devastação ambiental de muitos se torna cada vez mais insustentável em um mundo em emergência climática.”
O plano, visto como a grande marca do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é uma espécie de pacote verde com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico do país por meio de medidas de desenvolvimento sustentável no contexto das mudanças climáticas.
Haddad explicou que os recursos externos seriam aplicados em investimentos na adaptação de infraestrutura, energia, indústria e mobilidade. “A boa notícia é que temos um histórico de capacidade de mobilização de investimentos e de criação de infraestruturas sustentáveis. Se hoje somos um gigante das energias renováveis é graças a investimentos públicos”, lembrou.
Com a proposta, o país almeja se tornar um dos líderes globais no combate ao aquecimento global. Segundo o chefe da equipe econômica, a iniciativa deve interromper o histórico extrativista para “posicionar o Brasil na vanguarda do desenvolvimento sustentável”.
O ministro mencionou, ainda, os Projetos de Lei sobre hidrogênio verde e a geração de energia eólica offshore, aprovados recentemente pelo Congresso Nacional, como setores cruciais para a transição energética que detêm enorme potencial para o país. As pautas foram aprovadas às pressas pelo parlamento nesta semana, para integrarem o cartão de visita de boas práticas apresentado pelo governo na conferência.
Como exemplos de medidas em processo de implementação, ele também citou a criação de um mercado de carbono regulado, a emissão de títulos soberanos sustentáveis, a definição de uma taxonomia nacional focada na sustentabilidade e a revisão do Fundo Clima. A mensagem central, de acordo com Haddad, é que “a reformulação dos fluxos financeiros globais passa pela afirmação do Sul como centro da economia verde”.
Junto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Fazenda anunciou ontem a criação de uma plataforma de soluções financeiras para reduzir o risco cambial para investimentos alinhados aos princípios socioambientais e de adaptação e mitigação de mudança do clima. A ferramenta tem como finalidade atrair investimento verde, dentro do Plano de Transformação Ecológica.
De acordo com a pasta, em um primeiro momento, a plataforma tem o potencial de mobilizar coberturas de até US$ 3,4 bilhões, cifra que poderá crescer ao longo do tempo. “Esse instrumento visa minimizar os impactos de movimentos inesperados na taxa de câmbio, desencadeados por eventos econômicos extremos, os quais poderiam ter influência negativa na decisão de investir em países como o Brasil”, explicou Haddad, que afirmou que a solução deve estar disponível no mercado já em 2024.
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