Centro Sebrae de Sustentabilidade é o prédio em uso mais sustentável da América Latina

Instalado em Cuiabá (MT), o Centro Sebrae de Sustentabilidade recebeu recentemente a certificação Breeam – Building Research Establishment’s Environmental Assessment Method (cuja tradução é Método de Avaliação Ambiental do Instituto de Pesquisa de Edifícios), que define um padrão sustentável para projetos, construção e operação de edifícios.

Criado em 1990, presente em mais de 77 países e aplicado em mais de 500 mil edificações, trata-se de um dos sistemas mais abrangentes e amplamente reconhecidos para avaliar o desempenho ambiental de um edifício. O Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS) recebeu a certificação Breeam In-Use (em Operação), no nível Excellent (Excelente), o mais alto já concedido na América Latina.

Para o diretor superintendente do Sebrae Mato Grosso, José Guilherme Barbosa Ribeiro, a aplicação de boas práticas sustentáveis na construção civil, além de ser um diferencial competitivo para as empresas que utilizam estes procedimentos, colabora para a manutenção de uma imagem positiva perante a sociedade, instituições públicas e, principalmente, com a qualidade de vida de quem vai usufruir desses ambientes. “O processo de utilização da sustentabilidade em todas as atividades é irreversível, já que, além da legislação em vigor, normas internacionais regulam o mercado interno e externo”.

A modalidade de certificação Breeam In-Use, que avalia o desempenho para edificações existentes, tem como objetivo principal minimizar os impactos da edificação ao meio ambiente, durante seu uso e operação

Ele destacou que a certificação Breeam é o reconhecimento de que utilizamos em um passado bem próximo boas práticas na construção civil e que as mesmas, nesse momento, nos ajudam a ter uma melhor inter-relação entre o prédio e seus ocupantes, bem como ser exemplo positivo para empresários que estejam pensando em construir ou reformar as edificações de suas empresas. “Por outro lado, nos impõe uma busca permanente por inovação e melhorias contínuas nesta ambiência prédio e usuários”.

Desenvolvida pela Building Research Establishment (BRE), centro britânico multidisciplinar sobre a ciência da construção sustentável, cujo objetivo é gerar novos conhecimentos, produtos, ferramentas e padrões para melhorar o ambiente construído, a certificação é fruto de um processo sistemático que visa avaliar o desempenho ambiental de uma edificação. É um instrumento de incentivo a arquitetos, construtores, clientes e outros para pensar soluções que minimizem as demandas de energia criadas por um edifício, mesmo antes de considerar a eficiência energética e tecnologias de baixo carbono. Atualizado regularmente elevando os seus requisitos, avalia edifícios com base em critérios relacionados que vão do bem-estar ao ambiental, atribuindo-lhes uma pontuação.

São cinco tipos de certificação, incluindo a Breeam In-Use. As demais são Breeam Communities (Comunidades), para projetos de escala urbana; Breeam New Construction (Novas Construções), para novas edificações de uso doméstico e comercial; Breeam Refurbishment (Reformas), para edifícios residenciais e comerciais; e Breeam International (Internacional), aplicado em edifícios residenciais ou comerciais internacionalmente, contemplando normas locais. As classificações concedidas são Pass (Aprovado), Good (Bom), VeryGood (Muito Bom), Excellent (Excelente) e Outstanding (Excepcional).

A modalidade de certificação Breeam In-Use, que avalia o desempenho para edificações existentes, tem como objetivo principal minimizar os impactos da edificação ao meio ambiente, durante seu uso e operação. Ela prevê uma abordagem holística que permite a avaliação e aferição de uma grande variedade de questões ambientais, tais como a gestão do empreendimento e obra, levando em consideração requisitos como construção e entrega da obra, práticas de construção responsável, impacto canteiro de obras, participação das partes interessadas, custo do ciclo de vida e planejamento de vida útil.

Outra seção aferida refere-se ao bem estar e conforto dos usuários, incluindo aí o conforto visual, qualidade do ar em interiores, conforto térmico, qualidade da água, performance acústica, acesso seguro e desastres naturais (visa reduzir ou eliminar o impacto de um perigo natural sobre o edifício. No quesito energia, são avaliados aspectos como eficiência, monitoramento, iluminação externa, tecnologias de carbono zero ou de baixa emissão, eficiência no sistema de transporte de energia, e equipamento de eficiência energética.

Água é outro quesito monitorado. Além da redução de consumo, considera-se também o monitoramento do consumo, a detecção e prevenção de vazamento e equipamentos eficientes de consumo. O ciclo de vida e uso dos materiais na edificação também são avaliados. Assim como a redução dos resíduos gerados, uso de agregados reciclados e secundários, reduzindo a demanda por material virgem e otimizando a eficiência dos materiais na construção, entre outros itens.

Outros pontos avaliados dizem respeito à escolha do terreno, seu valor ecológico e proteção dos recursos, melhoria da ecologia local e o impacto de longo prazo sobre a biodiversidade. Bem como o impacto dos fluidos de refrigeração, escoamento da água, redução da poluição luminosa noturna e atenuação de ruído.

Alguns pontos pesaram bastante para receber a certificação, entre eles a relação do CSS com a comunidade, energia zero por conta da implantação das duas micro usinas de energia solar – uma delas abastece 100% do prédio -, e a relação com a ecologia

A gerente do CSS, Suenia Sousa, reforça que a certificação Breeam é a mais reconhecida no mundo, é o que há de melhor no setor. “Ela (a certificação) avalia variáveis que são muito importantes para nós. Temos que buscar o que há de mais novo, novas ferramentas, tecnologias, metodologias, informações de vanguarda para aumentar a participação dos empresários. O CSS passa por esse padrão internacional para aprender e repassar para os empresários esses padrões. Temos uma condição especial porque há uma relação com a comunidade, um padrão que passa a ser replicado”.

Segundo ela, alguns pontos pesaram bastante para receber a certificação, entre eles a relação do CSS com a comunidade, energia zero por conta da implantação das duas micro usinas de energia solar – uma delas abastece 100% do prédio -, e a relação com a ecologia. Ela lembra das muitas espécies animais que vivem e convivem no espaço do CSS. “Temos aqui muitas aves que fazem ninho e circulam livremente pela área”, conta.

Suenia reforça que o selo aumenta a responsabilidade da equipe. “Ao mesmo tempo que dá visibilidade, traz consigo a necessidade de continuar a gestão da mesma forma e fazer melhorias. Os próximos passos são automatizar os processos e os controles para que se tornam ainda mais eficientes e precisos; tornar a rua em que o CSS está localizado, mais sustentável; trabalhar com as instituições do entorno com educação ambiental e gestão ambiental”. Ela cita dois exemplos positivos: o Tribunal de Contas do Estado e o Conselho Regional de Administração que estão instalando usinas de energia solar a partir do estímulo dado pela equipe do CSS. “Fizemos também uma parceria com a OAB para trabalhar educação ambiental na creche da esquina”, conta.

CSS compartilha conhecimento e inova negócios
O Centro Sebrae de Sustentabilidade é a unidade de referência nacional do Sebrae sobre o tema. Inaugurado em 2010, atua com a geração e disseminação de conhecimentos em sustentabilidade aplicada aos pequenos negócios. Desempenha o papel de mapear inovações, técnicas e práticas sustentáveis no Brasil e no mundo, formula conteúdos exclusivos e mostra aos empresários que é possível ser mais rentável, reduzindo impactos no meio ambiente e contribuindo para um desenvolvimento social mais justo e igualitário.

Para isso, disponibiliza publicações gratuitamente, como cartilhas, infográficos, vídeos, estudos e análises setoriais, além de contar histórias de sucesso de empresas que se tornaram referência ao implementar práticas sustentáveis. Os materiais são construídos levando em consideração as diferentes realidades dos empresários brasileiros: setores, segmentos, tamanho, região e potencial impacto ao meio ambiente, resultando em inúmeras ações e publicações segmentadas. Todo o conteúdo produzido pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade é distribuído para os Estados, apoiando o atendimento em mais de 700 unidades do Sistema Sebrae.

As obras para construção do prédio começaram em 2008 e, do projeto à construção, a edificação foi concebida minimizando impactos ambientais e em integração com a natureza. Ocupando uma área de 2.500m², o prédio possui 1.000m² de área construída, dividida em dois pavimentos, sendo que a área inferior abriga um auditório. O projeto, assinado pelo arquiteto José Afonso Botura Portocarrero, foi desenvolvido com base nos princípios da arquitetura sustentável e faz um resgate das culturas indígenas brasileiras.

O prédio foi construído com base na orientação do sol (nascente-poente), contemplando beirais que evitam a radiação direta e possível diminuição do conforto térmico

Seu projeto e construção receberam em 2013, o selo Procel Edifica, certificação concedida pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e Instituto Nacional de Metrologia Normalização Qualidade Industrial (Inmetro), que mapeia as condições de eficiência energética e conforto térmico das edificações. Com nota 5,6 em um total máximo de 6, a edificação foi enquadrada no nível A, o mais alto do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE).

Concentra uma série de tecnologias sustentáveis e atua como laboratório empresarial e é aberto à visitação para empresas, poderes públicos e universidades.

O prédio foi construído com base na orientação do sol (nascente-poente), contemplando beirais que evitam a radiação direta e possível diminuição do conforto térmico. Em forma ogival como nos desenhos das casas indígenas, possui pé direito de 7,5 metros e tem sua aerodinâmica e sua cobertura projetadas em duas cascas (exterior e interior), espaçadas por cerca de 30 cm. Esta prática permite que a água da chuva permeie seu interior para resfriamento natural ao mesmo tempo em que a casca exterior protege a interior. O ar quente é encapsulado e possibilita temperatura interna mais baixa (até 10 graus em relação ao exterior) e constante em todo o pavimento térreo.

Possui um recuo frontal (espaço entre a rua e o térreo) de 10 metros, com o acesso feito por meio de uma passarela coberta, solução que se repete na ligação entre o térreo e a torre. Já o acesso entre o térreo e o subsolo é por meio de escadas (nas partes frontal e traseira) e de uma rampa para portadores de necessidades especiais.

Espaço Interativo
O prédio do Centro Sebrae de Sustentabilidade abriga também o Espaço Interativo, um ambiente especialmente criado para promover experiências e conhecimentos práticos sobre sustentabilidade, aplicado à vida e aos negócios. Por meio de jogos, aplicativos, ambientes interativos e vídeos, o visitante percorre uma trilha de informações, práticas sustentáveis, vantagens e oportunidades para incorporar a temática no dia a dia das empresas, um ponto de referência estratégico para pessoas, empresas ou instituições que desejam conhecer como inovar e ser mais competitivo, respeitando o meio ambiente e contribuindo para o desenvolvimento social.

Fonte: Portal IBahia

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