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CCBB participa da Semana de museus com discussão sobre arte e ecologia

A semana nacional dos museus 2024, em celebração ao Dia internacional dos museus (18 de maio), tem início nesta terça-feira (14/5) e conta com a participação do CCBB Brasília com uma programação cultural diversa.

O tema da 22ª edição da comemoração é Museus, educação e pesquisa, com enfoque na arte ecológica. A artista Thais Kuri foi convidada pelo centro cultural a realizar um bate-papo a respeito de sua obra literária Habit.arte, que reúne inspirações e provocações a respeito de pesquisas e práticas em EcoArte.

A tragédia das enchentes e deslizamentos no Rio Grande do Sul evidenciou novamente um assunto urgente e frequentemente banalizado da pauta climática: o aquecimento global. A arte ecológica ou eco arte dialoga com a situação ambiental local e mundial que está se tornando pertinente nos últimos tempos.

Thais reflete sobre quanto tempo as questões ambientais estão sendo pautadas, e a conclusão é de que certamente é preciso mudar o ritmo: “Aderir aos ciclos naturais, aprender a fazer certas concessões, para sincronizar a vida humana com o tempo da Terra. Compreender a Ecoarte como um potencial criativo em confluência orgânica é parte desse movimento. É necessário que haja uma expansão a nível global dessa sensibilidade, menos centrada no humano, e mais ligada nas relações — entre todos os seres, e destes com o ambiente.”

A obra literária da artista aborda essa relação por meio de sua história pessoal. Ela conta que o livro narra algumas histórias que viveu, relacionando com textos e palestras de mestres consagrados dos saberes originários, em uma linguagem de pesquisa com licença poética.

O CCBB é uma referência na formação de Thais, sendo um dos lugares que mais frequentou ao longo de sua primeira graduação e onde teve experiências transformadoras de contato com a arte em suas mais diversas formas. “Também é um dos lugares que fornece as primeiras oportunidades de trabalho para estudantes de arte. Bate-papos como este, portanto, podem contribuir para a formação de pessoas engajadas na Ecoarte, com o potencial de difundir exponencialmente estas mensagens tão necessárias e atuais “, diz.

A artista também trabalha com obras feitas a partir de reciclagem e enxerga a relação entre arte e sustentabilidade de uma forma sistêmica. “O conceito de lixo é uma abstração. Para mim, é material desorganizado — tudo tem um ciclo, um lugar de origem, e pode ter um lugar de destino que alimenta a sua transformação natural, ou não. A sociedade industrial gerou montanhas de lixo que as indústrias descartam de forma que sua transformação e seu retorno aos ciclos naturais ficam inviáveis”, diz.

Thais também enfatiza que o colonialismo e o delírio industrial degradam os ambientes naturais, explorando populações humanas de formas terríveis, gerando pobreza e vulnerabilidade social. “Essas histórias são apagadas, escondidas através de um verniz colorido, das comodidades eletrônicas, e até mesmo da arte. Ainda escapa ao entendimento da branquitude a importância dessa conexão”, completa.

Ela reflete sobre a sociedade não levar a sério assuntos de urgência climática, às vezes por falta de interesse ou preguiça de se desvencilhar de padrões da vida urbana, mas que se deve insistir na pauta.

15/5: Programa educativo do CCBB Brasília com Thais Kuri

Améfrica: instalada nos jardins, criação da artista plástica Denise Milan, busca sintetizar nessa composição a mudança da vida por meio das pedras, que mudam de forma com o passar do tempo.

Casulo: conjunto de obras sensoriais denominadas Navete, Lagarta, Colmeia e Casulo, idealizado por Darlan Rosa, instaladas no jardim, que dialogam com a arquitetura do prédio, projetado Niemeyer.

A.R.L.Vida e Obra: exposição do potiguar Antônio Roseno de Lima, reconhecido como expoente da arte bruta brasileira, com pinturas de frente e verso e fotografias.

Coleção de Arte Banco do Brasil: apresenta parte da exposição Acervos do Brasil do Museu Banco do Brasil e conta com expressões da arte nacional do século XX, especialmente do modernismo.

O Homem nas Sombras – Val Lewton: traz uma retrospectiva de clássicos do cinema de horror psicológico da RKO Radio Pictures da década de 1940.

Programa educativo do CCBB Brasília com Thais Kuri, quarta-feira (15/5), às 19h, no Teatro do CCBB. Entrada gratuita mediante retirada de ingressos no site oficial ou na bilheteria física do CCBB. Não recomendado para menores de 14 anos.

*Estagiária sob supervisão de Nahima Maciel

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Vai dar certo: turismo, gastronomia e a reconstrução do Rio Grande do Sul

Vai dar certo: turismo, gastronomia e a reconstrução do Rio Grande do Sul (Modelos e adaptações no turismo durante a pandemia (Foto: Thiago Paes @paespelomundo))

É pauta do turismo falarmos sobre meio ambiente, economia, justiça social. O turismo é o caminho para concretizar esses valores, base da sustentabilidade. Ver e entender o que é a natureza e seu poder, o impacto das viagens para os empregos, para a diversidade culinária, é uma forma de sensibilizar quem viaja, quem procura conhecer um lugar novo, uma comida nova, uma outra cultura. Viajar é sobre conhecer, viver é sobre conhecimento. É, portanto, preciso conhecermos para sermos, para reconstruirmos.

A última vez (a mais recente) que estive no Rio Grande do Sul foi quando o mundo atravessava outra crise, ainda em 2021. Juntamente com o Movimento Supera Turismo e nossos parceiros: hotéis Intercity, Bavária Sport Hotel, Gol Linhas Aéreas e Movida Aluguel de Carros, fui escolhido para ir às cidades que recém haviam reaberto aos turistas. Estive em Caxias do Sul, Farroupilha, Pinto Bandeira, Bento Gonçalves, Canela, Gramado, Porto Alegre. Era uma homenagem ao turismo do estado, uma forma de dizer “estamos juntos”. E agora, estamos juntos mais uma vez.

Durante a pandemia, novas formas de servir café da manhã surgiram. Bavária Hotel (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Papo sério

É preciso falarmos de questões como sustentabilidade e crise climática com seriedade e não apenas como um tema oportuno, ou algo distante e afeito a cientistas, intelectuais, estudiosos. A sustentabilidade está na natureza, na vazão das Cataratas, nos corais de Alagoas, na bacia Amazônica, no Cerrado, na cultura culinária da macaxeira, no pequi, no aratu, nas catadoras de mangaba de Sergipe, no cacau do Pará, do Espírito Santo, da Bahia, no arroz e nas uvas do Rio Grande do Sul. Mas também está na crise climática, na falta de oportunidades, na injustiça social (aquela que afeta a toda a sociedade que busca por equidade e igualdade para todos).

Em meio a uma crise climática já exaustivamente divulgada, a confirmação que ninguém gostaria de lembrar. O Rio Grande do Sul foi profundamente atingido, afundado. O governo do estado fala em 19 bilhões para uma breve reconstrução. Colocar em pé e a seco o que foi destruído. E a reconstrução continuará após a água baixar.

Entrada do Vale dos Vinhedos (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Momento ambíguo

A tragédia climática televisionada foi para as redes sociais que vive seu momento mais ambíguo. Ao mesmo tempo que é local para influenciadores mobilizarem milhares e arrecadar milhões de reais, além de purificadores de água, inclusive em mochilas com tecnologia brasileira, é também local para muitas notícias falsas, oportunismos e vaidades. Muitas informações desnecessárias, difundidas por leigos que se dirigiram aos locais atingidos no que se passou a chamar de “turismo da desgraça”; muitas informações falsas, difundidas por criminosos. Mais uma vez o apelo é para que nós consumidores de tudo isso vejamos quem estamos seguindo, como estamos nos informando e até mesmo o que estamos compartilhando.

É difícil imaginar como um lugar conhecido por suas lutas, pela força de imigrantes austríacos, alemães, italianos, esteja mais uma vez imerso numa grande batalha, agora de responsabilidade mundial: a climática. É preciso entendermos que sem preservar a natureza, não há quem nos preserve. É preciso que países desenvolvidos, os que mais poluíram e poluem segundo dados da ONU ajam para que o restante do mundo possa preservar o que nos resta no “mundo periférico”. É preciso entendermos que o turismo é uma grande força motora de desenvolvimento capaz de conscientizar sobre desmatamentos, poluição; de incluir pequenos produtores; de diminuir as desigualdades.

Coelho Café Colonial traz a tradição da comida dos colonos imigrantes do sul (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Rio Grande do Sul, vai dar certo!

Em Caxias do Sul, terra de índios caingangues, que no século XIX foi colonizada por austríacos e italianos, principalmente da região de Vêneto, pude conhecer vinícolas como a Tonet e o Sr. Ivo que me contou a história de imigração da família. Fomos também a restaurantes típicos, as famosas galeterias gaúchas e sua tradição de servir à mesa uma sequência de massas e saladas, capeletes, com sagu de sobremesa, completando o dia de sabores, de histórias e tudo na melhor forma do receber.

Em Farroupilha fui conhecer o moscatel premiado como o 5º melhor do mundo na Casa Perini. Fui ainda, e pela primeira vez, a Garibaldi com a turma da Torrontés Turismo que nos levou para conhecer essa que é a cidade do espumante do Brasil. A única que possui uma marca de espumantes que pode ser chamada de champanhe, pois surgiu antes da denoninação de Origem francesa.

Na Casa Perini provando o Moscatel premiado o 5º melhor do mundo. (Foto: Bruno Raphael)

Em Pinto Bandeira, fomos conhecer o Champenoise Bistrô, do chef Isarel Dedea e sua arte de preservar o trabalho de pequenos produtores. Outro restaurante que nos chamou atenção nessa passagem-homenagem ao Rio Grande do Sul foi o Wood Lounge Bar, em Gramado. O menu desenvolvido pelo Chef Rodrigo Belora com “pancs” e vegetais orgânicos me levou a uma viagem de imersão culinária que tinha recém feito à Índia, onde pude vivenciar a experiência de colher e cozinhar numa pequena fazenda de orgânicos cultivados em sistema de permacultura. A permacultura é um método de agricultura sustentável que busca criar sistemas agrícolas que imitam os padrões e as relações encontradas na natureza.

A natureza no prato, o cuidado com pequenos produtores locais, a trajetória das pessoas. Um processo que precisa ser cada vez mais valorizado, enaltecido, cultivado, reconhecido, apreciado. A natureza delicada nas folhas verdes e crocantes é a mesma que destrói, com prejuízos incalculáveis.

Salada com pancs no Wood Restaurante em Gramado (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

Países em desenvolvimento vivem o dilema de pautarem seu crescimento em produção de riquezas ao mesmo tempo que devem preservar a natureza. Ao olhar para trás veem que países hoje desenvolvidos devastaram suas paisagens e recursos ambientais para serem o que são. Por isso é preciso muita conscientização de quem ainda tem o que preservar para não cair no erro de querer fazer o mesmo caminho de devastação em prol do “desenvolvimento”. Ao mesmo tempo é preciso que países desenvolvidos reconheçam sua responsabilidade ambiental com o mundo, financiando projetos de atividades econômicas sustentáveis. Não há desenvolvimento sem sustentabilidade.

Colheita de produtos orgânicos em sistema de permacultura na Índia (Foto: Thiago Paes @paespelomundo)

O Rio Grande do Sul é maior que tudo isso que está acontecendo. E o estado reconhecido por sua receptividade, por sua gastronomia peculiar, pelo sotaque que arrasta cantigas típicas, pelas histórias de imigração, vai voltar a nos receber. Vai voltar a ser o palco de feiras, eventos, encontros, das degustações de vinhos, da Maria Fumaça, das vinícolas, dos chocolates, e principalmente da natureza que ascenderá bela e forte para nos dar mais uma chance de reconhecer o seu valor. Do norte ao sul, somos todos gaúchos. Por isso, como diria um amigo cearense, lá de Camocim: Vai dar certo! Eu também acredito.

Thiago Paes é colunista de Turismo e Gastronomia, apresentador no canal Travel Box Brazil e esta no instagram como @paespelomundo

Siga o @portaluaiturismo no Instagram e no TikTok @uai.turismo

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Sustentabilidade: Quadra dos Restaurantes implementa Lixo Zero

Resolver o problema com o descarte irregular do lixo e as consequências que esse lixo pode acarretar na população é uma ação muito importante para a saúde dos moradores e para o meio ambiente. Pensando nisso, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) implementou o Programa Quadra Lixo Zero na CLS 404/405. O SLU atua como idealizador e gerenciador do programa.

Conhecida como a Rua dos Restaurantes, a quadra recebeu do SLU seis papa-lixos semi-enterrados, ao custo total de R$ 342 mil. Os recursos foram obtidos por meio de emenda parlamentar apresentada na Câmara Legislativa do DF. Quatro recipientes recebem apenas materiais recicláveis e os outros dois rejeitos — materiais que não podem ser aproveitados na reciclagem, como lixo de banheiro.

O presidente do SLU, Sílvio Vieira, esclarece que o programa está em fase inicial. “É um projeto-piloto, no qual vamos fazer o primeiro teste aqui na rua dos restaurantes, pois é um local que tem bastante problema com o descarte e com aparecimento de animais”, explicou.

Silvio enfatiza que a colocação dos contêineres vai ajudar na destinação correta do lixo. “O que acontece muitas vezes é que os materiais são descartados todos juntos e isso prejudica quem vive da reciclagem, o material acaba perdendo o seu valor. Com esse contêiner haverá uma melhor separação do lixo”, comentou.

O presidente do SLU aposta que o projeto será bem-sucedido e espera expandir para outras localidades. “Cada contêiner semienterrado equivale a cinco dos existentes nas ruas da cidade. Então, além de evitar visitas de animais indesejados, por estarem colocados dentro do solo, evitam o mau cheiro e proporcionam uma economia de espaço na região, disponibilizando mais espaço nos estacionamentos de carros”, explicou.

O empresário Marcos Baby, 52 anos, tem uma loja na CLS 404/405 e conta que os próprios comerciantes tiveram a ideia de deixar a rua dos restaurantes mais sustentável. Em 2020, com a pandemia, o projeto foi engavetado, mas, este ano, as tratativas voltaram e o que era um sonho começou a se concretizar. “Nas primeiras reuniões, os institutos Lixo Zero e Arapoti (organizações de conteúdo sustentável) ajudaram os empresários a pensar na melhor solução para o descarte do lixo. Depois, o SLU lançou a ideia de buscar recursos para a compra de contêineres de lixo semi-enterrados”, contou.

Marcos relata alguns problemas na região em relação ao lixo. “Aqui é a rua dos restaurantes, então é produzido todo tipo de lixo, seja reciclável ou orgânico. A maior dificuldade é com o lixo orgânico, que traz animais indesejáveis, como ratos, baratas e escorpiões. Na rua tem peixarias, então o cheiro incomodava os moradores e muitas pessoas não descartavam o lixo da forma correta”, explicou.

O empresário espera que, com os novos modelos recipientes que a situação melhore bastante. “A expectativa é muito grande, pensamos em resolver esse problema, pois pode acabar gerando mais turismo, com mais aceitação da comunidade e, aí, podemos começar a pensar em outras melhorias” comentou.

Sofia Peixoto, 35, é outra empresária na rua dos restaurantes. Ela conta que o mau cheiro e a reclamação de moradores da região fez com que os empresários pensassem numa solução. “Alguns catadores de recicláveis, reviravam o lixo, deixavam os contêiner abertos e muitos desses descartes eram encontrados no chão, o que trazia um incômodo para os moradores da região e para os comerciantes. Foi um movimento para melhorar a aparência da quadra”, comentou.

Sofia destaca que o mais importante agora é conscientizar as pessoas a descartar o lixo de forma correta. “Tanto os nossos colaboradores, quanto os moradores precisam colocar o lixo da forma correta. Muitas pessoas passavam e apenas descartavam o que carregavam nos contêineres, pois eles ficavam abertos, e iam embora. O mais importante agora é que os outros tenham essa consciência, pois estamos fazendo a nossa parte, com a separação do lixo e a orientação dos nossos funcionários”, explicou.

Para ter acesso ao serviço, o comerciante deve apresentar um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), documento que define diretrizes de gerenciamento ambientalmente adequado de todos os resíduos que são gerados no estabelecimento, determinando estratégias de controle e monitoramento dos processos produtivos, visando evitar destinações inadequadas que possam gerar poluição ao meio ambiente e acarretar prejuízos à saúde pública.

* Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

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Artigo: Colapso da sustentabilidade econômica da radioterapia no SUS

GUSTAVO NADER MARTA*

Aproximadamente 75% da população brasileira é totalmente dependente da assistência do Sistema Único de Saúde (SUS). Quando falamos especificamente sobre tratamento dos pacientes diagnosticados com câncer, a radioterapia é um dos pilares fundamentais, junto com cirurgia e tratamento sistêmico medicamentoso, sendo crucial para ao menos sete em cada 10 pacientes oncológicos. Vale ressaltar que, em 85% das vezes que a radioterapia é empregada, a intenção é curativa. Os outros 15% têm finalidade paliativa, para alívio dos sintomas e melhor qualidade de vida dos pacientes.

A possibilidade de cura e o alívio do sofrimento, tanto dos pacientes quanto de seus familiares, estão intrinsecamente ligados ao acesso adequado a ese tratamento. Entretanto, a falta de radioterapia pode resultar na perda de oportunidade de cura, acarretando sofrimento desnecessário e custos financeiros elevados, devido à necessidade de abordagens terapêuticas adicionais mais onerosas. Sem dúvida, esse é um contexto que impacta diretamente na perda de recursos do sobrecarregado sistema de saúde público.

Baseado nos dados de incidência do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e nas respectivas indicações de radioterapia, a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) estimou que 73 mil pacientes com câncer não têm acesso à radioterapia no SUS a cada ano. E, caso medidas importantes não sejam adotadas, esse deficit será crescente. A estimativa é de que, comparado aos números atuais, tenhamos no mundo um aumento dos casos de câncer, que também vai se refletir no Brasil, de 20,7% até 2030; assim como o aumento de 49,6% até 2040 e de 76,6% até 2050. Portanto, a crise na sustentabilidade da radioterapia no SUS é uma pauta de saúde pública que exige urgente discussão e ação. Este tratamento essencial é atualmente uma peça no tabuleiro da economia da saúde que enfrenta um xeque-mate diante de recursos insuficientes e custos crescentes.

Um estudo da SBRT, chamado RT2030, evidenciou que o valor reembolsado pelo SUS para cada paciente não é suficiente para cobrir nem a metade do custo do tratamento. A desvalorização da moeda nacional frente ao dólar agrava o cenário, pois os equipamentos de radioterapia, majoritariamente importados, e suas manutenções, também precificadas em dólar, representam uma pressão adicional aos já restritos orçamentos do setor. Além disso, para funcionar um serviço de radioterapia com um equipamento são necessários cerca de 20-30 funcionários. Existe uma inflação no setor associada ao quadro de pessoal. O setor encontra-se sem nenhum tipo de reajuste desde o ano de 2010. Não é necessário muito raciocínio para compreender que se vive em um cenário de total insustentabilidade.

O Plano de Expansão da Radioterapia no SUS (PER/SUS) tem como principal objetivo ampliar e criar novos serviços de radioterapia em hospitais habilitados no SUS. No entanto, apesar de bem-intencionado, o PER/SUS não é capaz de sanar a principal dificuldade do setor atualmente. Isso se deve à falta de sustentabilidade econômica vigente no que se refere ao financiamento para sua manutenção e prestação do serviço: mais uma vez, o valor de reembolso vigente no SUS cobre menos do que a metade do custo operacional. Após 10 anos, o projeto PER-SUS entregou cerca de 50% das soluções planejadas. Comparativamente, nesse período foi observado um crescimento de 17% no número de aceleradores lineares (Linacs) com o PER-SUS, contra um aumento de 32% na incidência de câncer no Brasil.

Diante desse panorama, é fundamental que o Ministério da Saúde reavalie seu modelo de financiamento para a radioterapia no SUS. Investimentos adequados não são apenas uma questão econômica, mas um imperativo ético e legal para assegurar o direito à saúde, premissa garantida pela Constituição Federal. Como observadores e participantes nesse contexto, somos convocados a refletir e demandar mudanças estruturais que garantam que a radioterapia não seja um privilégio, mas, sim, um direito acessível a todos.

*Radio-oncologista, professor e presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT)

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Por que a receita de cerveja mais antiga do mundo voltou a ser produzida

Quando as pessoas experimentaram pela primeira vez a espuma da cerveja – provavelmente, muito mais quente e densa que nos padrões atuais –, o mundo era muito diferente de hoje.

As pessoas que produziram as primeiras cervejas moravam na Mesopotâmia, onde hoje fica o sul do Iraque. Eram os sumérios, a primeira civilização conhecida da região. Eles moravam em cidades antigas, cerca de 4 mil a 6 mil anos atrás.

Uma antiga receita foi descoberta em uma tábua de argila, escrita na forma de poema para a deusa da cerveja, Ninkasi.

“Ninkasi, é você quem prepara [a] massa com uma grande pá, misturando, em um fosso, o pão de cerveja com doces aromáticos”, diz o poema.

“É você quem assa o pão de cerveja no grande forno e coloca em ordem as pilhas de grãos descascados.”

O poema revela que a cerveja que eles bebiam não era feita apenas com ingredientes comuns, como cereais, levedura e água. Ela também levava pão.

Os sumérios adoravam a cerveja: seu pictograma é um dos mais usados na escrita desse povo.

E, ao contrário da maior parte da cerveja produzida hoje em dia, ela usava “pão de cerveja” — um pão de cevada assado duas vezes, para fornecer parte dos açúcares necessários para iniciar o processo de fermentação.

Milênios depois, em 2016, os fundadores da cervejaria Toast Brewing, em Londres, decidiram recuperar essa receita antiga ao verificar os imensos volumes de alimentos desperdiçados pelas fábricas e pelos supermercados.

Tristram Stuart é ativista ambiental da organização Feedback, e Louisa Ziane é especialista em sustentabilidade da consultoria The Carbon Trust. Surpresos com as possibilidades apresentadas pelo humilde alimento, eles decidiram produzir cerveja com restos de pão.

Em todo o mundo, estima-se que 900 mil toneladas de pão industrializado acabem no cesto de lixo todos os anos. São 24 milhões de fatias de pão jogadas fora todos os dias.

Stuart teve a primeira noção da escala desse desperdício em 2013, durante uma visita a uma fábrica que fornecia sanduíches embalados para um supermercado britânico.

“Havia um grande recipiente lá fora, simplesmente repleto de fatias de pão”, conta Ziane.

Stuart conversou com a empresa a respeito. Eles estimavam que houvesse 13 mil fatias de pão naquele recipiente. A discussão revelou que as pontas dos pães e, muitas vezes, as primeiras fatias perto das pontas costumam ser jogadas fora porque não são perfeitamente quadradas.

Pouco tempo depois, uma visita casual à Bélgica – onde ele provou uma cerveja feita com pão no Projeto de Cerveja de Bruxelas – inspirou Stuart a transformar pães desperdiçados em cerveja de alto valor.

“A ideia de que os povos antigos reverenciavam o cereal e o usavam para criar uma bebida que ajudava a enaltecer a origem daquele grão conta a história da cerveja”, explica Ziane.

A Toast Brewing foi lançada em 2016, oferecendo garrafas de cerveja produzida com resíduos de pão das padarias londrinas.

O lançamento da Toast foi recebido calorosamente, transformando a cerveja em uma forma inovadora de despertar as pessoas para uma questão planetária.

Cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo são perdidos ou desperdiçados. E este desperdício representa até 8-10% das emissões globais de gases do efeito estufa.

“Para nós, esta é uma forma muito interessante de ajudar a indústria britânica da panificação a combater o desperdício de alimentos e a aumentar a consciência entre os consumidores de cerveja”, afirma Ziane.

Fabricar cerveja com pão também traz os seus desafios.

“As primeiras cervejas provavelmente eram um pouco granuladas e talvez se parecessem com um mingau alcoólico”, explica Ziane.

O método exigiu um pouco de adaptação, incluindo um triturador industrial para picar as fatias de pão e cascas de arroz para evitar que o pão se transformasse em uma esponja impenetrável dentro do tanque.

A receita final da Toast substitui 25% dos grãos por pão. Com isso, ela economiza 25% do carbono, água e terra necessária para cultivar os cereais.

O impacto ambiental, do cultivo à embalagem

Stefan Schaltegger é o fundador do Centro de Gestão da Sustentabilidade da Universidade Leuphana de Lüneburg, na Alemanha. Ele é consultor de sustentabilidade da Krombacher, o maior fabricante de cerveja do país.

O professor afirma que o cultivo de cereais prejudica o meio ambiente de diversas formas.

“Uma categoria importante de impacto é a contribuição para as mudanças climáticas, com as emissões de gases do efeito estufa”, explica Schaltegger. “Outra categoria de impacto importante é o uso da água e a terceira é… a perda da biodiversidade.”

Cerca da metade do impacto ambiental da cerveja ocorre durante a produção do cereais. E o uso de resíduos de pão reduz este impacto.

A Toast calcula que, entre 2016 e 2022, o uso de resíduos de pão na sua fábrica evitou emissões equivalentes a 61 toneladas de CO2 (CO2e).

O processo de produção é outro fator importante para o impacto ambiental da cerveja.

“A principal questão é o uso de energia, tipicamente de combustíveis fósseis”, explica Schaltegger.

“São quantidades imensas, pois são necessárias temperaturas muito altas e você precisa resfriar a cerveja com relativa rapidez, dependendo do tipo que estiver produzindo.”

A cervejaria da Toast usa gás e eletricidade pública, mas a migração para fontes renováveis é uma prioridade imediata da empresa. Sua pegada de carbono em 2022 foi de 206 toneladas de CO2e, que eles pretendem reduzir para zero até 2030.

Evitar que o pão vá para os aterros sanitários também evita a emissão de metano, que é produzido quando o pão (ou qualquer outro alimento) se decompõe em ambientes com baixo teor de oxigênio.

O metano é um gás altamente poderoso. Seu impacto no aquecimento global é mais de 80 vezes maior que o do CO2 ao longo de um período de 20 anos. Por isso, é importante evitar que os pães e cereais tenham esse mesmo destino, depois que seus açúcares forem extraídos para a produção da cerveja.

A Toast encaminha todos os cereais e resíduos de pão usados para uma fazenda no sudeste da Inglaterra. Lá, eles são consumidos como ração animal.

Este subproduto “começa a criar cheiro de queijo em poucas horas, de forma que ele realmente precisa ser coletado diariamente”, explica Ziane.

Ou seja, o agricultor responsável pela coleta precisa ficar próximo da fábrica – da mesma forma que, em um mundo ideal, o pão viria da padaria ao lado da cervejaria.

“Se você examinar os tempos pré-industrialização, quando você tinha diversos pequenos negócios em locais próximos, você costumava ter um cervejeiro local e uma padaria na porta ao lado”, prossegue Ziane.

“A padaria usava a levedura excedente do cervejeiro e o cervejeiro podia usar sobras de cereais da padaria.”

“Hoje em dia, é muito mais difícil operar desta forma. Mas existe algo realmente encantador no potencial de resiliência criado por esses relacionamentos.”

A Toast agora compra pão das maiores padarias comerciais do Reino Unido, mas procura manter suas vendas perto da fábrica de cerveja.

Em outros países, como a Bélgica, a Holanda e a Austrália, a Toast mantém parcerias com cervejeiros e padarias locais para comprar pão e vender cerveja localmente.

O resultado é que a pegada de carbono da cerveja da Toast é de 604 g por litro, em comparação com a média de cerca de 700 g por litro da bebida convencional no Reino Unido e de 900 g por litro nos EUA.

Mas os números da Toast incluem parte do carbono associado à produção de pão, mesmo considerando que o pão usado na fabricação de cerveja seria descartado.

Ainda há trabalho a ser feito para reduzir essa pegada de carbono.

A embalagem, por exemplo, é responsável por uma boa parte do impacto ambiental das cervejas – cerca de 19 a 46% no Reino Unido. E a Toast não é exceção. A embalagem é responsável por até 56% da pegada de carbono da empresa.

Por isso, a Toast está em processo de substituir suas garrafas de vidro por latas no Reino Unido. Segundo a companhia, a mudança irá reduzir pela metade a pegada de carbono das suas embalagens.

A melhor opção de embalagem de cerveja depende das opções de reutilização e reciclagem disponíveis em cada local.

Em países como o Reino Unido, que só usam latas ou garrafas descartáveis, o impacto ambiental é substancialmente maior do que em países como a Alemanha, que dispõe de um programa de devolução de garrafas, segundo Schaltegger.

Aproveitar resíduos ou reduzir a produção?

É claro que é mais ecológico usar um produto residual no lugar de matéria-prima nova, mas Schaltegger recomenda cautela no uso desses produtos.

“Do ponto de vista mais amplo dos sistemas, seria este o melhor lugar para usar o pão velho?”, questiona ele.

“Ou haveria outros lugares onde você poderia usar o pão residual e reduzir ainda mais CO2?”

Garantir que todo o pão seja consumido na alimentação – e, portanto, evitando a produção de mais pão – pode ser a solução ideal, segundo o professor.

Mas, enquanto não existirem sistemas que eliminem o desperdício de alimentos, criar novos propósitos para o pão indesejado é uma ideia inteligente.

“Você não precisa produzir a quantidade correspondente de cevada e malte e, é claro, o processo de maltagem consome muita energia”, explica Schaltegger.

Para que os benefícios ambientais da cerveja produzida com resíduos de pão realmente causem impacto, é preciso que o processo se torne padrão.

Já existem outros cervejeiros usando pão no seu processo de produção, como a Crumbs Brewing no Reino Unido, a Modist e a Jester King Brewery nos EUA, a Breer em Hong Kong e a Nääs Fabriker, na Suécia.

A Toast também elaborou uma receita de fermentação doméstica, que está disponível online para qualquer pessoa interessada em fazer experimentos com o pão velho da sua cesta. Mas o principal avanço será convencer as grandes cervejarias comerciais a incluir pão nas suas receitas.

“Considerando a quantidade de cerveja produzida no Reino Unido, estimamos que, se conseguirmos fazer com que os fabricantes substituam apenas 10% da sua base de malte por restos de pão, poderemos diminuir pela metade o desperdício de pão no país”, afirma Ziane.

“É claro que este é um enorme desafio, já que a receita de cerveja é quase sagrada.”

Esse volume de pão desperdiçado significa que encontrar matéria-prima nesta escala dificilmente será um problema. A disponibilidade de pão residual, infelizmente, é constante, segundo Ziane.

“Temos um suprimento bastante confiável, infelizmente. O que acontece é que as padarias… Costumam planejar assando um pouco a mais, para evitar multas ou perda de clientes se não atenderem aos pedidos”, explica ela.

“Por isso, costuma sempre existir excesso de produção.”

Este sistema garante que sempre haverá pães suficientes nas despensas e resíduos aguardando a oportunidade de serem transformados em cerveja – pelo menos, até conseguirmos enfrentar o problema da superprodução.

É por este motivo que a Toast doa 100% dos seus lucros para organizações ambientais, como a Feedback, que defendem o fim da produção excessiva.

A criatividade da antiga receita dos sumérios, acima de tudo, é um lembrete do valor dos alimentos, que acabou esquecido.

“O motivo que nos leva a desperdiçar tanta comida é porque perdemos essa conexão às origens dos nossos alimentos, essa consideração pela natureza e por tudo o que entra na produção da nossa comida, antes de tudo”, afirma Ziane.

Com a Toast e seus parceiros tentando fazer com que a cerveja produzida com pão passe a ser o padrão, talvez a cerveja do futuro venha a se parecer mais com a do passado. Menos granulosa, um pouco mais gelada, mas tão adorada quanto a bebida dos sumérios.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.

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Gestão de Projetos: estratégias para engajar as partes interessadas em projetos turísticos

Gestão de Projetos: estratégias para engajar as partes interessadas em projetos turísticos (Projetos são executados por pessoas e para pessoas (Foto: Freepik))

Todo conteúdo é fundamentado no Guia de Conhecimento em Gerenciamento de Projetos, conhecido como PMBOK e que, em sua 7ª edição, continua sendo uma referência internacional amplamente reconhecida no campo do gerenciamento de projetos. Ele oferece diretrizes e melhores práticas para profissionais em todo o mundo.

Esteja preparado para uma jornada de aprendizado significativa que alia padrões globais de gerenciamento de projetos à prática no contexto específico do turismo.

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Gestão de Projetos e Produtos: impulsionando a experiência do turista e a rentabilidade dos negócios

Gestão de projetos: áreas de foco

No post de hoje, vamos aprofundar um pouco mais em um dos Domínios de Desempenho de Projetos: Partes Interessadas.

Você já se perguntou quem são as pessoas por trás dos projetos de turismo? De acordo com o PMBOK (Project Management Body of Knowledge), a parte interessada é um indivíduo, grupo ou organização que possa afetar, ser afetado, ou sentir-se afetado por uma decisão, atividade, ou resultado de um projeto, programa ou portfólio.

Por exemplo, imagine um projeto de um novo empreendimento turístico sendo construído em uma praia paradisíaca. As partes interessadas podem incluir a comunidade local, grupos ambientais, investidores, equipe do projeto, fornecedores, agências reguladoras, entidades governamentais, dentre outros.

O lema “Projetos são executados por pessoas e para pessoas” resume a essência disso. Desde a concepção até a entrega do projeto, é crucial considerar e envolver as partes interessadas para garantir relacionamentos positivos e a satisfação geral.

Como podemos, então, engajar essas partes interessadas em projetos de turismo?

Comece com a identificação delas – quem são, quais são seus interesses e como elas podem ser afetadas pelo projeto. Em seguida, é importante compreender suas necessidades, os sentimentos, as emoções, crenças e os valores das partes interessadas para poder analisá-los e priorizá-los adequadamente.

O engajamento contínuo é fundamental. Ao analisar as partes interessadas de um projeto turístico, é crucial considerar diversos aspectos para compreender suas posições e perspectivas em relação ao projeto. Vamos fazer uma análise:

Poder: Avaliar o poder de cada parte interessada envolve entender sua capacidade de influenciar o projeto. Isso pode incluir autoridades governamentais locais, investidores financeiros ou grupos com grande influência na comunidade.

Impacto: Analisar o impacto de cada parte interessada significa considerar como suas ações ou decisões podem afetar o projeto. Por exemplo, moradores locais que podem ser afetados pelo aumento do turismo ou grupos ambientais preocupados com o impacto ambiental do projeto.

Atitude: Compreender a atitude de cada parte interessada envolve identificar suas opiniões e sentimentos em relação ao projeto. Alguns podem ser favoráveis, enquanto outros podem ser críticos ou neutros.

Crenças: As crenças de cada parte interessada podem influenciar significativamente sua posição em relação ao projeto. Por exemplo, grupos culturais podem ter crenças profundamente enraizadas sobre a preservação do patrimônio histórico em uma área turística.

Expectativas: Identificar as expectativas de cada parte interessada ajuda a entender o que eles esperam do projeto e quais são suas principais preocupações. Isso pode incluir expectativas de benefícios econômicos, sociais ou ambientais.

Grau de Influência: Avaliar o grau de influência de cada parte interessada permite priorizar as interações e estratégias de engajamento. Partes interessadas com alto grau de influência podem exigir mais atenção e consideração.

Proximidade com o Projeto: Considerar a proximidade física ou emocional de cada parte interessada com o projeto é importante. Moradores locais que vivem nas proximidades do local do projeto podem ter preocupações específicas em comparação com partes interessadas externas.

Interesse no Projeto: Identificar o nível de interesse de cada parte interessada no projeto ajuda a determinar seu envolvimento potencial e sua disposição para colaborar ou se opor ao projeto.

Ao analisar esses aspectos, é possível obter uma compreensão abrangente das partes interessadas e suas perspectivas em relação ao projeto. Isso permite desenvolver estratégias de engajamento eficazes e mitigar possíveis conflitos, promovendo um relacionamento positivo e colaborativo com todos os envolvidos.

Em certos projetos, pode ser necessário priorizar o engajamento, especialmente em contextos com grande número de partes interessadas. Essa abordagem tem como objetivo direcionar recursos e esforços para aqueles que têm maior capacidade de influenciar o sucesso do projeto e são mais afetados por seus resultados.

Monitoramento e comunicação

Ao longo do projeto, é essencial monitorar o envolvimento das partes interessadas e ajustar as estratégias de engajamento conforme necessário. Isso pode envolver reuniões regulares, coleta de requisitos, gerenciamento das expectativas, negociação, sessões de feedback e até mesmo a utilização de plataformas online para facilitar a comunicação.

É importante também estar atento aos tipos de comunicação a serem utilizados durante o projeto. A comunicação ativa envolve o envio de informações como e-mails, relatórios de status, correio de voz e assim por diante. Já a comunicação passiva consiste em disponibilizar informações para quem quiser acessá-las, como sites ou painéis informativos. E, por fim, a comunicação interativa permite um diálogo bidirecional, como: conversas, telefonemas, reuniões, sessões de brainstorming, demonstrações de produtos e assim por diante.

Entender e engajar as partes interessadas em projetos de turismo é essencial para garantir o sucesso e a sustentabilidade a longo prazo. Ao adotar uma abordagem centrada nas pessoas e manter canais de comunicação abertos e eficazes, podemos criar experiências que beneficiem a todos.

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Festivais gastronômicos voltados para o chocolate chegam em maio ao DF

Os festivais Chocolat Festival e Origem Week chegam a Brasília, de 23 a 26 de maio, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Além da parte gastronômica, os eventos são iniciativas que fomentam informação, sustentabilidade, cultura e negócios. Para participar, basta levar 1kg de alimento não perecível como forma de entrada.

O Origem Week busca a valorização de produtos e produtores regionais, oferecendo ao público apresentações culturais, artesanato, palestras, oportunidades de negócio e showcooking. A iniciativa estreia em Brasília depois de três edições na Bahia. Depois da passagem pela capital federal, o festival irá para a Europa, com edições previstas em Portugal, Bélgica e Espanha.

Já o Chocolat Festival é o maior evento de chocolate e cacau da América Latina, que agora passa a integrar uma das programações do Origem Week. O evento propõe um consumo consciente, impulsionando a indústria, o agronegócio e o turismo ao conectar produtores e consumidores. No ano passado, a edição foi um sucesso, com público significativo e vários negócios gerados.

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Couro produzido por bactérias dispensa origem animal e já vem tingido

Um couro que se tinge sozinho, criado a partir de bactérias modificadas geneticamente, foi desenvolvido por cientistas do Imperial College London, do Reino Unido. O material não tem componentes de origem animal e nem de plásticos. A iniciativa reforça o empenho de setores da indústria têxtil que buscam alternativas para contribuir com a redução da emissão de gases de efeito estufa e poluição da água.

Os insumos para a produção de roupas e sapatos, normalmente, oriundos da produção agrícola e do processo de tingimento, podem liberar microplásticos. Nos últimos anos, intensificaram-se os esforços para reduzir os impactos ambientais, por meio de biomateriais comerciais, que têm como base fontes microbianas e fúngicas. “Inventar uma maneira nova e mais rápida de produzir alternativas sustentáveis de couro autotingido é uma grande conquista para a biologia sintética e a moda sustentável”, diz, em comunicado, o líder do grupo de pesquisa, Tom Ellis.

O material proveniente das bactérias geneticamente modificadas se chama celulose bacteriana. O composto pode ser biossintetizado por diversas espécies de microrganismos. Os pesquisadores classificaram o insumo obtido como uma alternativa “promissora” ao couro sustentável, cuja produção é feita por produtos químicos menos agressivos e de menor despesa de água e energia elétrica.

Atóxico

Em comunicado, Tom Ellis explica que a sintetização demanda uma “pequena fração das emissões de carbono e água”. Além disso, o cientista destaca que o composto pode ser produzido “sem produtos petroquímicos e é biodegradável de forma segura e não é tóxico ao meio ambiente”.

Em um artigo publicado na revista Nature Biotechnology, os cientistas explicaram o processo de estudo que levou à criação de dois protótipos, uma carteira e um sapato sem sola, com o couro produzido a partir da celulose bacteriana. Segundo os pesquisadores, o material alcançou a coloração “preta, escura e robusta” pela biossíntese de melanina das bactérias modificadas geneticamente por eles. O grupo constatou que as peças de demonstração mantiveram a pigmentação por cerca de três anos e meio.

A fabricação do sapato sem sola contou com a colaboração de designers. A celulose bacteriana assumiu a forma do calçado após 14 dias de crescimento. Depois, os cientistas submeteram a peça à agitação suave de 30 °C, por dois dias, para a ativar a propriedade da bactéria que produz o pigmento preto. A carteira foi confeccionada com duas “folhas” de celulose bacteriana. Depois do processo de crescimento dos compostos, o couro obtido foi cortado e costurado para assumir o formato da peça. Na próxima fase de pesquisa, os cientistas querem aprimorar a produção para produzir pigmentos coloridos.

O projeto recebeu financiamento de £2 milhões (cerca de R$ 12,8 milhões) do Conselho de Pesquisa em Biotecnologia e Ciências Biológicas e do Conselho de Pesquisa em Engenharia e Ciências físicas, ambos da organização britânica Pesquisa e Inovação do Reino Unido.

Genes alterados

O professor Humberto Maciel França Madeira, do departamento de Biotecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), explica que uma bactéria geneticamente modificada consiste na alteração de seu DNA — ácido desoxirribonucleico que carrega o material genético de seres vivos. A maneira mais comum de fazer essa alteração é pela “introdução de genes de outros organismos”, mas também por “edição” nos genes existentes.

Madeira considera que o couro criado pelos cientistas britânicos necessita de “avanços” para a fabricação em larga escala e ser “economicamente viável”. O professor da PUC-PR também diz que precisam ser desenvolvidos “tratamentos complementares” para que o material tenha características presentes no couro de origem animal, como “resistência mecânica e durabilidade”.

A coordenadora do Laboratório de Engenharia Bioquímica e Biotecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Michele Rigon Spier, pondera que o processo não é “simples” e “rápido”. As bactérias modificadas geneticamente são utilizadas na fabricação comercial de insumos para a indústria, como bioplásticos, medicamentos, sabão, detergentes, tecidos, papel, bebidas e alimentos.

Para a professora, o desafio é a aplicação do couro produzido com bactérias modificadas em escala industrial no Brasil. Segundo ela, há no país “carência de tecnologia em maquinário”, de estímulos e ainda excesso de tributos que incidem sobre esses insumos especificamente. “Até o momento não temos planta industrial para a produção e a purificação do couro produzido por bioprocesso no Brasil”, analisa. Michele Spier destaca a necessidade de dar suporte às pesquisas nesse campo.

“Existem processos que podem substituir o uso de animais e de químicos impactantes ao meio ambiente e precisam ser apoiados, regulamentados e incentivados por iniciativas governamentais”, diz Spier. “Precisamos de políticas públicas para incentivar e obter benefícios por meio de redução de impostos para as plantas industriais que produzirem produtos sustentáveis como esse, pois o custo de produção é elevado e é fundamental ter incentivos ou subsídios do governo tanto para o couro vegano como para os verdadeiros bioplásticos, por exemplo.”

Pesquisadores da Universidade Metropolitana de Osaka, no Japão, criaram um sensor para detectar bactérias causadoras de intoxicação alimentar em tempo real. Conectado com smartphone, o dispositivo é pequeno, barato e fácil de operar. Os testes atuais para fazer essa inspeção necessitam ser feitos por profissionais qualificados e processos de cultura em laboratório.

“É uma ferramenta poderosa para determinar com precisão os níveis de contaminação bacteriana em fábricas de alimentos, hospitais e locais de produção farmacêutica”, diz o líder do estudo, Hiroshi Shiigi. Os cientistas publicaram os resultados da primeira fase de pesquisa que durou aproximadamente dois anos, na revista Analytical Chemistry. Durante o período, os pesquisadores desenvolveram o sensor, o aplicativo para smartphone, o eletrodo de chip e testaram o dispositivo em três tipos de bactérias causadoras de intoxicação alimentar.

A equipe sintetizou nano-híbridos metálicos orgânicos de ouro e de cobre que são condutores. O anticorpo para os três tipos de bactérias testados foi inserido nesses componentes. “Ao introduzir anticorpos nos híbridos e utilizá-los como marcadores, é possível estimar o tipo e o número de microrganismo com base no potencial e na magnitude da corrente em resposta”, explica Shigi.

Para próxima etapa da pesquisa, os cientistas japoneses pretendem aumentar a quantidade de bactérias detectadas pelo dispositivo.

No Brasil, o couro é geralmente extraído pelo processo de curtimento, em que a pele de animais é tratada para se tornar o material. Os couros mais valiosos são de alta qualidade, como de bezerro, de vitelo, de crocodilo e de jacaré. São valorizados por sua textura suave, durabilidade e exclusividade. A raridade e a demanda por certos tipos também influenciam o valor no mercado. Para a fabricação de vestuário, alguns tipos de couro são preferidos devido às características específicas, como maciez, durabilidade e facilidade de manuseio. O couro mais utilizado é o bovino. O couro sintético, embora não seja verdadeiro, é amplamente utilizado por ser uma opção mais acessível e ética.

Como a indústria da moda lida com o uso de materiais de origem animal e a necessidade urgente de preservação do meio ambiente?

Demonstra crescente interesse por novos materiais têxteis, especialmente de menor impacto ambiental. A demanda por couros alternativos cresceu significativamente nos últimos anos. Esse interesse é impulsionado por vários fatores, que incluem preocupações éticas, ambientais e de sustentabilidade, além de uma crescente conscientização dos consumidores sobre os impactos da indústria da moda no planeta e nos animais. Alguns materiais diferentes utilizados pela indústria têxtil são alternativas sustentáveis, como o couro feito de cogumelos, de folhas de abacaxi e de maçãs.

A incorporação de novos insumos desperta interesse?

A indústria têxtil é uma das mais inovadoras e tem um alto investimento em produtos alternativos. A tecnologia aplicada na área beneficia também os setores automobilístico, de movelaria e farmacêutico. Os avanços tecnológicos sempre foram a mola propulsora de inovação na indústria da moda. Podemos pensar no nylon e no elastano. Esses progressos refletem o desejo em encontrar soluções para as demandas dos consumidores.

O momento é propício para esses movimentos em curso?

Neste momento da história, com o aumento da preocupação com o meio ambiente e animais, materiais e produtos que atendam às necessidades dos consumidores conscientes, ao mesmo tempo em que minimizam o impacto ambiental, têm a oportunidade de se expandir no mercado. É a chance de a indústria da moda ser mais sustentável e responsável.

*Estagiária sob a supervisão de Renata Giraldi

Lula sanciona lei que estabelece o Marco Legal dos Games; entenda o texto

Após ser aprovado no Congresso Nacional no último dia 9 de abril, o Projeto de Lei nº 2.796/2021, chamado de “Marco Legal dos Games”, foi sancionado nesta sexta-feira (3/5) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A nova legislação regulamenta a indústria de jogos eletrônicos no Brasil.

Pelas redes sociais, o chefe do Executivo destacou a sanção do projeto ressaltando os “princípios e diretrizes para a sustentabilidade econômica do setor”. Além disso, ressaltou a “interação dos jogos eletrônicos com legislações específicas do setor cultural”, bem como os “incentivos fiscais estendidos ao segmento e diretrizes para proteção de crianças e adolescentes”.

Sancionei o projeto de lei que cria o marco legal para a indústria dos jogos eletrônicos. Com isso, serão fixados princípios e diretrizes para a sustentabilidade econômica do setor, inclusive de interação dos jogos eletrônicos com legislações específicas do setor cultural, os…

— Lula (@LulaOficial) May 3, 2024

Autor do projeto que virou lei nesta sexta, o deputado Kim Kataguiri (União-SP) utilizou a mesma rede para comemorar a sanção do PL que, segundo o parlamentar, gera um “ambiente competitivo para o setor, desburocratizado e com impostos baixos”. “Mão de obra e mercado consumidor nós temos. Agora temos também o incentivo necessário. É geração de emprego e renda”, escreveu o deputado, no X.

MEU PROJETO VIROU LEI! O Marco Legal dos Games foi sancionado e FINALMENTE VIROU LEI!!!

Desde 2019 lutamos pela aprovação desse projeto!! O Brasil vai ter um ambiente competitivo para o setor, desburocratizado e com impostos baixos. Os games são uma indústria que ia movimenta… pic.twitter.com/qeD3kQvtxg

— Kim Kataguiri (@KimKataguiri) May 3, 2024

A nova lei, que regulamenta a indústria de jogos eletrônicos no Brasil, traz aspectos como fabricação, importação, comercialização e desenvolvimento de games. O objetivo central do projeto é estimular o ambiente de negócios para o setor dentro do país, buscando incentivar investimentos em projetos nacionais e potencializar uma “vocação natural” do Brasil na área.

Durante a tramitação na Câmara e no Senado, o projeto passou por modificações significativas. A relatora no Senado, Leila Barros (PDT-DF), incluiu alterações como a categorização dos jogos como obra audiovisual, o que traz novos benefícios para o setor, como acesso a recursos por meio de leis de incentivo cultural.

Embora algumas concessões tenham sido retiradas do texto, como descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e abatimentos previstos pela Lei do Bem, manteve-se a possibilidade de empresas estrangeiras receberem benefícios fiscais ao investirem em jogos eletrônicos independentes brasileiros.

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Lula sanciona lei que estabelece o Marco Legal dos Games; entenda o texto

Após ser aprovado no Congresso Nacional no último dia 9 de abril, o Projeto de Lei nº 2.796/2021, chamado de “Marco Legal dos Games”, foi sancionado nesta sexta-feira (3/5) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A nova legislação regulamenta a indústria de jogos eletrônicos no Brasil.

Pelas redes sociais, o chefe do Executivo destacou a sanção do projeto ressaltando os “princípios e diretrizes para a sustentabilidade econômica do setor”. Além disso, ressaltou a “interação dos jogos eletrônicos com legislações específicas do setor cultural”, bem como os “incentivos fiscais estendidos ao segmento e diretrizes para proteção de crianças e adolescentes”.

Sancionei o projeto de lei que cria o marco legal para a indústria dos jogos eletrônicos. Com isso, serão fixados princípios e diretrizes para a sustentabilidade econômica do setor, inclusive de interação dos jogos eletrônicos com legislações específicas do setor cultural, os…

— Lula (@LulaOficial) May 3, 2024

Autor do projeto que virou lei nesta sexta, o deputado Kim Kataguiri (União-SP) utilizou a mesma rede para comemorar a sanção do PL que, segundo o parlamentar, gera um “ambiente competitivo para o setor, desburocratizado e com impostos baixos”. “Mão de obra e mercado consumidor nós temos. Agora temos também o incentivo necessário. É geração de emprego e renda”, escreveu o deputado, no X.

MEU PROJETO VIROU LEI! O Marco Legal dos Games foi sancionado e FINALMENTE VIROU LEI!!!

Desde 2019 lutamos pela aprovação desse projeto!! O Brasil vai ter um ambiente competitivo para o setor, desburocratizado e com impostos baixos. Os games são uma indústria que ia movimenta… pic.twitter.com/qeD3kQvtxg

— Kim Kataguiri (@KimKataguiri) May 3, 2024

A nova lei, que regulamenta a indústria de jogos eletrônicos no Brasil, traz aspectos como fabricação, importação, comercialização e desenvolvimento de games. O objetivo central do projeto é estimular o ambiente de negócios para o setor dentro do país, buscando incentivar investimentos em projetos nacionais e potencializar uma “vocação natural” do Brasil na área.

Durante a tramitação na Câmara e no Senado, o projeto passou por modificações significativas. A relatora no Senado, Leila Barros (PDT-DF), incluiu alterações como a categorização dos jogos como obra audiovisual, o que traz novos benefícios para o setor, como acesso a recursos por meio de leis de incentivo cultural.

Embora algumas concessões tenham sido retiradas do texto, como descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e abatimentos previstos pela Lei do Bem, manteve-se a possibilidade de empresas estrangeiras receberem benefícios fiscais ao investirem em jogos eletrônicos independentes brasileiros.

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