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Povos originários são os mais prejudicados no acesso ao mercado de trabalho
O histórico social e cultural do Brasil, que ainda tem um percentual baixo de indígenas nos meios corporativos e em oportunidades de trabalho, é algo pelo qual precisamos lutar com mais afinco. Quero dividir com vocês dados que, muito mais que um chamamento, nos direcionam para práticas de diversidade, para que ninguém fique de fora.
É sempre oportuno revisitarmos nosso passado. Entendermos em que momento estamos, para que as ações necessárias sejam de fato assertivas e condizentes com a necessidade de toda a sociedade. Acredito que a cultura de um povo e a força de seus ancestrais tenham relevância significativa nesse processo de práticas inclusivas e de entendimento da diversidade de culturas no espaço de trabalho.
De acordo com a pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em 2020, sobre os efeitos da pandemia no mercado de trabalho, houve uma queda dos rendimentos de 27,9% entre os mais pobres e de 17,5% para os 10% mais ricos. Quando há um recorte de grupos minorizados entre indígenas, analfabetos e jovens entre 20 e 24 anos, o percentual dos indígenas fica na frente, com queda de 28,6%.
Esse dado aponta que, quando há um evento global como a Covid-19, que ainda hoje se reflete na sociedade, os que estão na base da pirâmide ficam ainda mais vulneráveis. E é por isso que ressalto aqui a necessidade de olharmos para este cenário e praticarmos a inclusão continuamente.
Historicamente, o processo de representação dos povos originários na politica só aconteceu em 1983, com a eleição do cacique Mário Juruna, da aldeia xavante Namakura, primeiro indígena eleito deputado federal (PDT). Depois dele, somente em 2018 (35 anos após), Joenia Wapichana — presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) — foi eleita deputada federal (Rede-RR).
Já em 2020, de acordo com o portal da Câmara dos Deputados — Parlamento Jovem Brasileiro, dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e do Instituto Socioambiental (ISA) apontam que, na eleição municipal, foram eleitos 213 vereadores, 10 prefeitos e 11 vice-prefeitos de origem indígena.
Quando debatemos sobre representatividade em todos os polos e pontuamos sobre a relevância em não deixar ninguém de fora da tomada de decisão, para que todos sejam contemplados de maneira equitativos, os resultados são condizentes com as práticas.
Hoje, 305 povos indígenas habitam o território brasileiro, como aponta a Funai. Em 2021 nasce a Cooperativa de Agricultores e Produtores Indígenas do Brasil (Coopaibra) com o objetivo de gerar sustentabilidade, emprego e renda nas terras indígenas.
É possível observar uma movimentação social e nos meios de comunicação referente aos indigenistas quando o assunto é terra. No entanto, tratando-se do meio corporativo e de oportunidades de trabalho, ainda percebe-se uma morosidade para alcançar essa representatividade de forma mais ampla.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresenta dados do Censo de 2022, segundo o qual 56,10% dos povos originários e seus descendentes têm menos de 30 anos. Esse percentual é relevante para que possamos analisar outro dado, o de que apenas 1% da população indígena está inserida no mercado de trabalho formal, e destes, apenas 0,1% em cargos de liderança.
As informações são do Instituto Ethos e deixam evidente a invisibilidade em que se encontram os povos originários quando o assunto é trabalho.
É necessário arquitetar novas práticas de inclusão e fazer valer o direito ao fomento da cultura universal, para que, no mercado de trabalho, a representação esteja de acordo com a população geral, ampliando assim a troca de saberes, motivando a sociedade a dividir conhecimento, somar experiências e expandir a economia para que todos sejam contemplados.
Pico da Neblina: a maior aventura do Brasil volta a receber viajantes em expedições junto ao povo Yanomami
Pico da Neblina: a maior aventura do Brasil volta a receber viajantes em expedições junto ao povo Yanomami (O Pico da Neblina é uma montanha que carrega histórias que são passadas de geração em geração (Foto: Divulgação))
Há muito tempo, na intocada floresta amazônica, os espíritos ancestrais dos Yanomami escolheram um lugar sagrado para residir: o Yaripo, conhecido por nós como Pico da Neblina, Serra dos Ventos ou a Casa dos Espíritos, montanha que carrega histórias que são passadas de geração em geração. Segundo as lendas, o grande Pajé Yoyoma, em uma visão espiritual, descobriu a imponente montanha que agora abre a sua temporada de visitação para 2024 e 2025 para receber viajantes em busca de aventura e (re)conexão com a natureza.
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Uma das principais crenças está relacionada ao poder de cura e proteção espiritual. “O Pico da Neblina é a casa dos espíritos, onde fazem, às vezes, as invocações de espíritos para poder salvar uma pessoa quando ela está doente espiritualmente, que é diferente da dor física”, explica Renê da Cruz Pinto, Yanomami e guia da Vivalá.
É desta forma que a vida é levada no ponto mais alto do Brasil, a 2.995 metros. “A gente se salva, espiritualmente, pelos Pajés, e fisicamente, pelo posto de saúde. Nossa cultura é forte e viva, e é por isso que o nosso Yaripo é sagrado”, afirma Renê.
Antes de pessoas não indígenas subirem a Serra dos Ventos, elas recebem uma proteção dos caciques e tuxauas, membros de grande respeito, espiritualidade e liderança dentro da comunidade. “A gente acredita, espiritualmente, que o Pico da Neblina é muito perigoso para a visita que as pessoas desconhecidas fazem. Então, para não acontecer alguma coisa ruim para os não indígenas, os Pajés fazem uma proteção para as pessoas não ficarem doentes ou se machucarem”, destaca Érica Figueiredo, coordenadora do projeto Yaripo.
20 anos de visitação suspensa
O Pico da Neblina fica em uma sobreposição entre duas unidades de conservação, a Terra Indígena (TI) Yanomami com quase quase 10 milhões de hectares e o Parque Nacional Pico da Neblina, com cerca de 2,2 milhões de hectares. Por mais de 20 anos, a visitação ao Yaripo foi suspensa, sendo retomada apenas em 2021, após alguns anos de conversas e estruturações para que as vivências fossem realmente sustentáveis e positivas para os viajantes e a comunidade, que deve ser protagonista e a maior beneficiada financeiramente. Durante os próximos três anos, duas empresas que conseguiram a anuência da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e o recredenciamento do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), estão aptas e credenciadas a operar roteiros na região com exclusividade global.
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“Historicamente, desde a década de 80 acontecia a visitação desordenada ao Pico da Neblina com a invasão de turistas sem anuência dos indígenas, desrespeito aos lugares sagrados e todo lucro sendo levado para fora da Terra Indígena Yanomami”, destaca Daniel Assis, chefe do núcleo de gestão integrada ICMBio Pico da Neblina.
Serra dos Ventos (Foto: Divulgação)
Uma das empresas credenciadas foi a Vivalá, que atualmente promove experiências de ecoturismo, turismo de aventura e de turismo de base comunitária em 26 unidades de conservação de 15 estados do país.
“O povo Yanomami é um povo de contato recente, com menos de 70 anos de proximidade com a sociedade não indígena. Então, tudo foi feito com muito cuidado. Desde o ano passado, participamos do edital de lançamento, feito pelo ICMBio, Funai e ISA, buscando a organização ideal para tocar esse projeto em conjunto com o povo Yanomami. Foi aí que entramos nessa história, e fomos escolhidos pelo governo e, mais importante, pelo povo Yanomami, para desenvolver esse projeto em conjunto. Estamos muito felizes em iniciar agora nossa jornada ao ponto mais alto do Brasil e que ela possa gerar preservação ambiental, enaltecimento cultural e experiências inesquecíveis”, afirma Daniel Cabrera, Cofundador e Diretor Executivo da Vivalá.
Retomada do turismo precisou ser aprovada por lideranças
O retorno dos viajantes é recente, mas a vontade é antiga. Desde 2014, os Yanomami possuíam o forte desejo de tornar realidade o plano de ecoturismo na região. Para isso, alguns parceiros estratégicos passaram a fazer parte do projeto. “ICMBio, Funai, Exército e Instituto Socioambiental (ISA) entraram na trilha aberta pelos Yanomami rumo ao Yaripo, acreditando no potencial da iniciativa como atividade econômica sustentável para a comunidade”, diz Assis.
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“Chamamos a ICMBio e a FUNAI para nos apoiar nessa luta e conseguimos fazer a parceria com a ISA, que nos ajudou a construir o plano de visitação e nos apresentou a esse mundo”, relembra Renê. O plano foi feito em quatro anos, de forma colaborativa, entre organizações governamentais, não-governamentais e os Yanomami. Um dos principais pontos era o de proteção da fronteira e da sociobiodiversidade, além do bem-estar dos povos.
Retornar com as visitações no Pico não foi uma tarefa fácil, mas com certeza, já está valendo a pena. O turismo na região contribui com o desenvolvimento da comunidade, além de trazer melhorias e suporte, vindo junto com as duas empresas que chegaram na região. “Podemos chamar o Projeto Yaripo de iniciativa, para que ele não tenha fim e continue trazendo o desenvolvimento para as comunidades indígenas do povo Yanomami, mas de forma ordenada, com cautela e sempre respeitando a singularidade deste povo ancestral”, comenta Sheldon Yupuri, facilitador e agente temporário ambiental do ICMBio.
Agora, após muitos anos de planejamento e desenvolvimento do plano junto às autoridades e lideranças indígenas, a Vivalá começa a operar o roteiro para o Pico da Neblina pelos próximos três anos. A temporada 24 e 25 na Vivalá terá 12 datas de saída, nas quais mais de 120 pessoas do mundo inteiro poderão participar de experiências sustentáveis pelo Brasil. Os viajantes terão a oportunidade de conhecer comunidades indígenas e os povos originários, mas também ribeirinhos, quilombolas, sertanejos, caiçaras, entre outros grupos.
Roteiro ao ponto mais alto do Brasil dura 15 dias
A expedição ao Pico da Neblina promovida pela Vivalá é uma jornada de 15 dias, ideal para amantes de grandes aventuras de trekking. Iniciando em São Gabriel da Cachoeira (AM), os participantes se preparam na pousada e exploram a cidade antes de embarcar numa viagem que combina estradas, voadeiras e trilhas profundamente imersivas. O roteiro atravessa paisagens diversas, desde a Serra dos Ventos até a densa floresta amazônica, guiando os viajantes até Maturacá e além e colocando o povo Yanomami como protagonista da terra sagrada.
“A relação do povo Yanomami com o Pico da Neblina e a região é fundamental para entendermos a profunda ligação que os povos indígenas têm com a natureza. A integração deles com o meio ambiente é muito maior do que a nossa, e eles compreendem que fazemos parte da natureza e não a dominamos. A experiência com o povo Yanomami, na maior terra indígena do Brasil, nos ensina muito sobre a sabedoria ancestral, a inteligência e a capacidade de viver em harmonia com a natureza, aprendizados valiosos que nos inspiram a ter uma relação mais respeitosa com o meio ambiente”, complementa Daniel Cabrera, cofundador e diretor executivo da Vivalá.
Região da Serra dos Ventos (Foto: Divulgação)
Os primeiros dias são marcados por experiências autênticas, como receber bênçãos dos Pajés Yanomami e acampar em locais estratégicos como Irokae e Gavião. À medida que a jornada avança, os desafios se intensificam com elevações íngremes e trilhas exigentes até o acampamento Laje, a 1.600 metros de altitude, oferecendo vistas impressionantes do Pico da Neblina. O ponto alto da expedição é a ascensão final ao acampamento Base, a 2.030 metros, preparando os aventureiros para a escalada final até os 2.995 metros.
“Os cenários são deslumbrantes, e lá você encontra uma Amazônia extremamente única: cheia de serras e de endemismos da flora por conta da altitude. Todos aqueles que pretendem subir o Pico da Neblina recebem uma bênção dos caciques (os “tuxauas”) para proteção durante toda a jornada. Os Yanomami reverenciam a montanha, que pra eles é viva, e o caminho deve ser feito com muito respeito à natureza e aos espíritos que ali habitam”, conta Letícia Cristina, produtora de experiências da Vivalá e que realizou uma ida piloto ao Pico, onde passou nove dias e se impressionou com a tamanha diversidade, seja de culturas, línguas ou até de vistas.
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Após a conquista do pico mais alto do Brasil, os viajantes desfrutam de momentos de despedida com os Yanomami, compras de artesanato local e celebrações em São Gabriel da Cachoeira.
Serão somente 12 saídas e 120 vagas na temporada 2024/2025, entre setembro deste ano e dezembro do ano que vem para aventureiros de todo o mundo. O investimento é de R$ 17.500, que pode ser pago à vista por boleto ou transferência, parcelado via PIX ou em até 12x com juros no cartão de crédito.
A expedição inclui também treinamentos antes da viagem, hospedagem em pousada em São Gabriel da Cachoeira por quatro noites, duas noites na sede do projeto Yaripo em Maturacá e oito noites em acampamentos na floresta, transporte terrestre e aquático, equipamentos coletivos de acampamento, alimentação, taxa de entrada nas comunidades e uma equipe capacitada para guiar a expedição com grande atenção a segurança. Ainda há vagas disponíveis para a primeira expedição que acontecerá em 07 de setembro. Para mais detalhes sobre o roteiro e reservas em setembro ou outras datas, acesse o site.
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Visão do Correio: Jogos Olímpicos em números
Hoje, às 14h30 (horário de Brasília), será a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, embora desde quarta-feira atletas do futebol, rúgbi, handebol e tiro com arco já tenham iniciado suas respectivas competições. Neste ano, os franceses resolveram inovar: ao contrário da tradicional apresentação das delegações, geralmente em campos de futebol, desta vez a festa será transferida para a água. Os atletas desfilarão em barcos pelo Rio Sena para receber o grande público.
Os números do evento continuam enormes. A tocha olímpica será carregada, até o fim da jornada, por 10 mil esportistas. Serão 32 esportes, disputados por 14 mil atletas. Entre as novidades desses jogos, estão a canoagem slalom extremo e o breaking — este último aguardado por muitos, talvez pela mistura de arte com esporte. Na competição, serão 32 dançarinos se apresentando, entre homens e mulheres.
Aliás, esta talvez seja a edição com mais equidade de gênero entre todas elas. Das 32 modalidades esportivas, 28 incluirão homens e mulheres. O caminho ainda está sendo traçado, é verdade, mas 152 competições terão a participação delas, 157, deles e 20 contarão com ambos os sexos nas provas.
A Vila Olímpica é uma história à parte. São 82 prédios, 3 mil apartamentos e 7,2 mil quartos para abrigar os heróis do esporte, que terão que conviver com os 40ºC registrados no verão europeu sem ar-condicionado. A França pretende dar show em termos de sustentabilidade, priorizando as fachadas dos prédios para que não recebam muito sol, além de um sistema de águas subterrâneas naturalmente frias para ajudar na redução do calor.
Além das altas temperaturas, os 274 brasileiros que participarão dos Jogos de Paris 2024 terão que enfrentar adversários duríssimos e, segundo os analistas esportivos, há poucas chances de medalhas de ouro: apenas cinco, quem sabe até sete, igualando o feito dos jogos do Rio de Janeiro, em 2016, e de Tóquio, em 2020. Alguns até jogam para mais, apostando em nove ouros. Já no número total de medalhas, os especialistas são mais generosos: 21 ou 22. Mas, infelizmente, não teremos representante brasileiro para disputar o breaking — nenhum atleta conseguiu vaga nas disputas pré-olímpicas.
A bem da verdade, dadas as devidas proporções de investimento, custo, profissionalismo, treinamento e experiência, digamos que o Brasil resiste, bravamente. Falta muito ainda para que o esporte, assim como a saúde e a educação, seja tratado de forma digna no país, com leis de incentivo às modalidades esportivas, com projetos que privilegiem bolsas de estudo e moradia para futuros atletas.
A boa notícia destes Jogos Olímpicos é que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) aumentou em 40%, em relação aos Jogos de Tóquio, há quatro anos, os valores das premiações para atletas vencedores. Medalhistas de ouro (R$ 350 mil), de prata (R$ 210 mil) e de bronze (R$ 140 mil), além de modalidades em grupo com dois a seis atletas (R$ 700 mil) e acima de seis (R$ 1 milhão) receberão prêmio maior. O que resta é torcer. Que brilhem nossos brasileiros!
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Khalid al-Mudaifer: “Brasil e Arábia têm complementaridade”
A Arábia Saudita celebra a aproximação com o Brasil, especialmente nos últimos cinco anos, com o aumento dos investimentos mútuos. Em entrevista ao Correio, o vice-ministro de Assuntos de Mineração da Arábia Saudita, Khalid Saleh al-Mudaifer, destacou a complementaridade entre as economias dos dois países. Enquanto os sauditas vendem parte considerável dos fertilizantes usados por aqui, os produtos brasileiros marcam presença nos mercados por lá, especialmente carnes e soja. O reino também busca os minérios brasileiros para alimentar sua economia em expansão, como ferro, lítio, estanho, níquel e nióbio. Há ainda interesse na experiência no Brasil com mineração, já que a Arábia Saudita entrou recentemente no setor, após a descoberta de importantes reservas em seu território, como ouro, fosfato e minérios raros. Incluindo a cooperação também com outros setores, como o turismo e o aeroespacial, o vice-ministro acredita que a relação beneficia a modernização e transição energética nos dois países. Al-Mudaifer acompanha o ministro de Indústria e Recursos Minerais, Bandar Alkhorayef, e outras autoridades sauditas em uma comitiva que já passou por São Paulo e Brasília. O grupo ainda segue para o Rio de Janeiro e para Santiago, no Chile, nesta semana. Constam na agenda encontros com ministros, empresários e investidores brasileiros. Confira os principais trechos da entrevista, realizada na embaixada da Arábia Saudita:
Como está a relação bilateral?
A relação entre Arábia Saudita e Brasil está crescendo em seu nível mais alto, e há grande vontade dos líderes, nas duas partes, em aumentá-la. Há muitas complementaridades nos negócios entre a Arábia Saudita e o Brasil. Temos bons investimentos na indústria de alimentos aqui. Investimos cerca de US$ 1 bilhão em proteínas, aves, carnes e na agricultura. O Brasil é o maior exportador para a Arábia Saudita em grãos de soja e açúcar, com cerca de 60% do mercado. De aves também, entre 60% e 70% do mercado saudita é de produtos brasileiros. Na carne vermelha, isso chega a quase um terço do mercado.
Quais oportunidades a Arábia Saudita enxerga no Brasil?
A Arábia Saudita também está interessada no mercado brasileiro para fertilizantes. Nós atingimos o patamar de quarto maior exportador para o Brasil, com 16% das vendas. Então, temos essa complementaridade: estamos exportando fertilizantes e importando carne vermelha, aves e agricultura. Além disso, o Brasil é o segundo maior produtor de ferro; o primeiro de nióbio; e está entre os maiores em lítio, estanho e níquel. Tudo isso é uma grande oportunidade para a Arábia Saudita, que está com uma economia em crescimento. Nossa demanda por ferro vai dobrar até 2030, e há interesse na produção de aço verde, como investimentos em hidrogênio azul (de baixo carbono), hidrogênio verde (zero carbono), e energia renovável.
O senhor integra a comitiva saudita que veio ao Brasil para uma série de reuniões com autoridades e empresários. A visita deve render novos investimentos?
Nós apreciamos muito as boas vindas, e a aceitação e o interesse do setor de negócios aqui. E também do setor governamental. Construímos até agora uma boa base de relacionamento, com investimentos na indústria de alimentos, como a Minerva e a BRF. No setor de minérios, a Manara Minerals (empresa de mineração saudita) tem uma joint venture com a Vale, em torno de US$ 2,5 bilhões. Então houve, nos últimos cinco anos, um grande crescimento nos investimentos. Haverá outros nos setores de mineração e alimentício, mas também, talvez, no aeroespacial.
No setor de mineração, recente no seu país, o que a Arábia Saudita busca do Brasil?
A Arábia Saudita acabou de entrar na área de mineração. Estamos construindo com base na experiência de outros países, em sustentabilidade, cuidado social e relação com as comunidades. Estamos atraindo grandes empresas de exploração. Do Brasil, podemos aprender as boas práticas, mas também as práticas não tão boas que foram usadas historicamente, para mitigá -las por aqui e por lá. Também queremos juntar energias renováveis, uso das reservas de água e o relacionamento com as comunidades com o setor de mineração. São coisas que construímos agora na nossa nova lei de mineração, e fomos ranqueados como o sétimo melhor país em termos de investimentos em mineração nos últimos cinco anos.
O país vai diminuir a dependência do petróleo?
A Arábia Saudita tem sua Visão 2030, a transformação que começou cinco ou seis anos atrás e está sendo muito bemsucedida. Ela é baseada em diversificar a Arábia Saudita, operar todos os motores da economia, como óleo e gás, que são muito importantes agora e serão muito importantes no futuro. Mas, também, turismo, mineração, indústrias e novos setores que estão surgindo agora, incluindo os megaprojetos, como o NEOM (cidade inteligente e sustentável em construção no território saudita), que vão mudar a forma como o mundo trata de sustentabilidade, meio ambiente e governança. Já atingimos a maioria dos objetivos no nosso planejamento, e isso nos dá confiança de que alcançaremos a Visão 2030 até mesmo antes de 2030. A partir de lá, vamos construir uma economia maior ainda.
Um dos objetivos da visita ao Brasil é divulgar o Future Minerals Forum, que terá sua quarta edição em janeiro e reúne ministros de vários governos e empresários. Qual a expectativa para o evento?
É um fórum importante, que agora está se tornando o maior fórum para governos, para ministros, se encontrarem e discutirem o tema. No ano passado, nós tivemos quase 80 países se reunindo para definir a agenda para o futuro. E estamos ansiosos neste ano para termos mais ministros, mais empresas, mais CEOs e mais ONGs, mais acadêmicos. A intenção é que todos se reúnam e encontrem tecnologias melhores para a sustentabilidade, o meio ambiente, o social, o uso da água. Mas também buscamos soluções para suprir mais minérios para o mundo; aumentar a resiliência da cadeia de suprimentos, dos minerais; embasar a transição para fontes renováveis; e (assegurar) o futuro de baixo carbono.
Após a passagem pelo Brasil, a comitiva vai para o Chile. A agenda tratará dos mesmos temas?
O Chile, assim como o Brasil, também tem um forte setor de minérios. Eles têm cobre, lítio, mas também uma longa experiência com mineração. A Arábia Saudita está se construindo para ser um centro regional — ou internacional — para minérios, e também como a ligação entre Ásia, Europa, África e o mundo.
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CO30 tem que ser “COP do Petróleo”, e não da “Floresta”, diz diretor do Ethos
O foco do Brasil durante a realização da COP30, em Belém, no Pará, deve ser o de promover a redução e alcançar as metas de controle de combustíveis fósseis. Isso é o que acredita o diretor-presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Caio Magri.
“Do ponto de vista estratégico, o foco na COP precisa ser a redução e as metas de controle dos combustíveis fósseis. Nós não podemos cair na armadilha de que o Brasil vai sediar a ‘COP da Floresta’ em Belém, tem que ser a ‘COP do Petróleo’, dos combustíveis fósseis, se não a floresta não sobrevive”, ressaltou o especialista em políticas públicas, durante evento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) sobre mobilidade urbana sustentável, realizado em Brasília nesta terça-feira (9/7).
A Conferência das Partes (COP) é o órgão supremo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que reúne anualmente os países para debater os compromissos climáticos no mundo.
Magri destacou que, embora acredite-se que o desmatamento de terra é o que mais gera gases do efeito estufa (CO2) no Brasil, a nível global, a emissão de combustíveis fósseis é o principal problema. “É um risco olhar para combate ao desmatamento de terra como suficiente para reduzir os gases estufa porque globalmente os combustíveis fósseis seguem sendo responsáveis por 64% das emissões dos gases estufa”, frisou.
Ainda de acordo com o especialista, o novo Plano Clima, que será apresentado em 2025, deve conter algumas orientações para incrementar a sustentabilidade.
“Do ponto de vista de compromissos para o Plano Clima, precisamos de duas premissas: a necessidade de um monitoramento permanente, transparente, das metas estabelecidas no Acordo de Paris, e do que assumiremos agora em 2025; e uma implementação colaborativa e articulada entre sociedade, Estado, academia e setor empresarial”, explicou. O Acordo de Paris foi assinado por 195 países com metas para mitigar as mudanças climáticas em 10 anos.
O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também esteve presente no evento. Para o parlamentar, o principal causador dos efeitos estufas é o desmatamento de terra.
“O Brasil, diferente do que se diz lá fora de que nós somos devastadores e que não temos lei ambiental, temos sim leis ambientais, inclusive muito rígidas, e elas são aplicadas. Temos 66% do nosso território nacional preservado. [..] Mas, temos casos de desmatamento ilegal, queimadas, que precisam ser coibidos porque são casos marginais, clandestinos, criminosos, não é uma ausência do estado de observância das regras”, afirmou.
Na ocasião, Pacheco também defendeu o agro. “O nosso agronegócio que é líder mundial de soja, café, açúcar, celulose, gado bovino, frango, algodão, se faz em menos de 20% do nosso território. Temos biomas em que se pode observar 80% de preservação como no bioma amazônico. Há uma lógica de preservação ambiental.”
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Artigo: No xadrez da transição energética, seremos dama ou peão?
ARNALDO JARDIM
No tabuleiro global da transição energética, o Brasil tem as peças certas, mas enfrenta um jogo complexo de desafios e oportunidades. Com um subsolo rico em minerais estratégicos e um vasto potencial de energia renovável, o país tem tudo para ser um líder na mudança para uma matriz energética mais verde. No entanto, obstáculos regulatórios e fiscais ameaçam essa trajetória promissora.
Nas reuniões da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, buscamos soluções para que o Brasil se destaque no cenário da transição energética. Temos um subsolo rico em minerais estratégicos essenciais, como nióbio, lítio, grafite, terras raras, entre outros, fundamentais para a fabricação de baterias, turbinas eólicas e novas tecnologias verdes. Somado a isso, temos um parque hidrelétrico bem estruturado, um imenso potencial de energia solar e eólica, bem como um ambiente geopolítico estável, sem conflitos bélicos ou desastres naturais de grande escala.
A realidade, entretanto, apresenta-se desafiadora. A recente Reforma Tributária introduziu o imposto seletivo sobre a mineração e temos, agora, o risco de aumento da carga tributária do setor. Isso representa uma ameaça direta à competitividade global dos produtos e insumos brasileiros, podendo desencadear a fuga de investimentos, impactar a segurança jurídica dos negócios, aumentar os custos de produção e, consequentemente, elevar os preços para os consumidores. Além disso, a alta carga tributária continua representando uma barreira significativa. São necessários incentivos adequados e legislações mais coerentes, capazes de garantir segurança jurídica para a indústria, de modo que nossos insumos e produtos minerais sejam mais competitivos no mercado internacional.
Outro desafio é a falta de conhecimento de todo o potencial mineral do país, sendo preciso mais investimentos em mapeamento geológico em todas as escalas. Essa medida é importante não só para as estratégias econômicas, mas para o planejamento urbano, a gestão ambiental e, principalmente, para garantir a segurança e soberania nacional. Medidas de estímulo ao financiamento da pesquisa mineral são fundamentais se almejamos não apenas extrair seus recursos, mas transformá?los em produtos de alto valor agregado.
Nesse sentido, a Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) lançou a campanha #ANMForteJá, pelo fortalecimento e estruturação da Agência Nacional de Mineração (ANM). Com um deficit de mais de 1.400 servidores e um orçamento aquém de suas necessidades, ainda falta muito para termos uma ANM com capacidade de contribuir com a transição energética. Além de destravar o desenvolvimento da mineração, o fortalecimento é vital para a regulação e a fiscalização eficiente do setor.
A mais recente ação da FPMin para alavancar a produção mineral do Brasil será a realização do seminário Minerais Críticos e Estratégicos: Desafios e Fomento à Produção, marcado para hoje, em parceria com a Comissão Especial da Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verde (Ceenergia), que terá a participação de representantes da academia, do Poder Executivo, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do setor produtivo.
É preciso agir com assertividade no momento de mudanças climáticas que o mundo atravessa. A mineração sustentável emerge não como uma jogada opcional, mas como um movimento essencial, sem o qual não é possível assumir um papel de protagonismo. Nesse jogo, a vitória será medida pela capacidade de transformar potencial em ação concreta, avançando, passo a passo, em direção a um legado de inovação e sustentabilidade.
* Deputado federal (Cidadania-SP), diretor da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) e presidente da Comissão Especial da Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verde (Ceenergia)
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Ranking de Práticas LGBTQIA+: Natura, Banco do Brasil, TIM, Dasa e Mercado Livre se destacam entre empresas inclusivas
Inclusão LGBTQIA+ nas grandes empresas brasileiras está em crescimento, impulsionada por líderes em diversos setores
Um levantamento recente sobre as práticas de inclusão LGBTQIA+ das 100 maiores empresas brasileiras trouxe à tona líderes surpreendentes nos setores de cosméticos, saúde, tecnologia, bancário e telefonia. Realizado pelo Integridade ESG em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e a Knewin, a maior empresa de gestão de dados da América Latina, o estudo revelou que Natura, Dasa, Mercado Livre, Banco do Brasil e TIM compõem o top 5 do ranking.
A pesquisa, que utilizou inteligência artificial para mapear iniciativas, ações, anúncios, investimentos e projetos relacionados à inclusão LGBTQIA+, analisou centenas de milhares de registros ao longo de 2023. Foram consultados mais de 550 veículos de notícias brasileiros, repositórios de dados de órgãos governamentais e da sociedade civil, além de informações abertas online. Um sistema de IA baseado em machine learning atribuiu valores às ações positivas e negativas, gerando uma medição precisa. A avaliação final contou com uma banca de especialistas em IA, programadores, e associações LGBTQIA+ e de Saúde Mental.
Kaká Rodrigues, cofundadora da consultoria Div.A Diversidade Agora!, comenta que os segmentos líderes refletem uma diversidade de abordagens e estratégias para promover a inclusão LGBTQIA+. “São todas empresas referências, não apenas no seu setor, e com grande potencial de liderar uma retomada nas ações e investimentos em DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão), arrefecidos nos últimos anos”, avalia.
Estratégias de Inclusão das Empresas Destaques:
Natura
Liderando o ranking, a Natura é reconhecida por suas campanhas inclusivas nas redes sociais, retratando casais homossexuais. Desde 2019, a empresa enfrentou críticas e protestos, mas manteve seu posicionamento firme, como na campanha de lançamento da linha #ColeçãoDoAmor. A marca também desenvolve produtos e embalagens pensando em todos os gêneros, fortalecendo seu compromisso com a inclusão.
Dasa
Em segundo lugar, a Dasa foca em estratégias corporativas, marcando presença em editorias de economia e negócios. Com comitês específicos e grupos de afinidade, a empresa estimula e apoia iniciativas internas de diversidade. Participa de frentes como o Fórum de Empresas e Direitos LGBTQIA+ e a Rede Empresarial de Inclusão Social, destacando-se no LinkedIn por seu posicionamento pela diversidade.
Mercado Livre
O Mercado Livre, terceiro colocado, promove ações afirmativas tanto no ambiente virtual quanto no mundo real. A empresa patrocina paradas do orgulho gay e promove campanhas digitais com artistas renomados como Pabllo Vittar, aumentando o engajamento com a causa LGBTQIA+.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil se destacou ao retomar, em 2023, investimentos na causa LGBTQIA+ após quatro anos de distanciamento. Sob a liderança da presidente Tarciana Medeiros, a primeira mulher e LGBT a ocupar o cargo, o banco lançou a campanha “LGBTQIA+ Cidadania” e criou um Conselho Consultivo de Diversidade, Equidade e Inclusão.
TIM
A TIM investe na cultura e no ambiente digital, incorporando elementos das bandeiras LGBTQIA+ em suas campanhas e logotipos. A empresa lançou um aplicativo de emprego voltado para profissionais LGBTQIA+ e patrocina paradas gay, reforçando sua imagem como uma empresa inclusiva.
Visibilidade e Ações Corporativas
Rodrigues destaca que a visibilidade midiática e as ações corporativas em prol da inclusão LGBTQIA+ são sinais de progresso. No entanto, ela alerta para a necessidade de planejamento estratégico e políticas internas robustas para garantir a continuidade e autenticidade dessas iniciativas.
Carlos Assis, CEO do Instituto Philos Org, reforça a importância da diversidade para a saúde mental, destacando que um ambiente inclusivo é fundamental para a segurança psicológica. Ele observa que, embora a agenda de diversidade tenha ganhado destaque, muitas empresas ainda limitam suas ações a campanhas de comunicação. Assis defende a necessidade de programas de formação para líderes, utilizando conceitos de Psicologia, Filosofia e Arte para criar um ambiente organizacional verdadeiramente inclusivo.
Em resumo, a inclusão LGBTQIA+ nas grandes empresas brasileiras está em crescimento, impulsionada por líderes em diversos setores. Para garantir que essas iniciativas sejam duradouras e impactantes, é essencial um compromisso genuíno das lideranças e a colaboração com a comunidade LGBTQIA+.
Fonte: Brasil 247
Botafogo investe em novo sistema de iluminação no Nilton Santos
O Botafogo firmou uma parceria com uma empresa chamada “Silicon” e iniciou um projeto de instalação de novos refletores no Nilton Santos. O objetivo é modernizar a iluminação do estádio e reduzir o consumo de energia do local. O novo aparelho, dessa forma, promete promover uma experiência imersiva aos torcedores alvinegros.
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“O projeto faz parte do pacote de melhorias promovidas pela SAF para o Estádio Nilton Santos. Em pouco mais de dois anos, já implementamos o gramado sintético Fifa Quality PRO no campo principal e no campo anexo, reformamos o vestiário, zona mista e sala de imprensa, inauguramos novas áreas premium e agora temos a satisfação de atender mais um desejo da torcida alvinegra com a instalação dos refletores de LED”, disse Thairo Arruda, CEO do Botafogo.
“Esse avanço torna a nossa casa mais sustentável, atrativa, moderna e fará com que a a torcida tenha uma experiência ainda mais especial durante os jogos e eventos. Portanto, agradeço ao nosso diretor de Infraestrutura e operações, Alexandre Costa, e sua equipe pela liderança nesse projeto. Assim, vamos seguir realizando investimentos de forma permanente no estádio“, completou Thairo Arruda.
O novo sistema conta com 276 luminárias Coliseo PRO de 960w e tem capacidade para acender instantemente. O projeto é uma ideia da própria SAF e está alinhado com as boas práticas de sustentabilidade. A estreia do equipamento está prevista para acontecer no mês de junho.
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Nova versão do Chat-GPT consegue ensinar matemática e ‘flertar’ em conversa
A empresa OpenAI lançou na segunda-feira (13/5) a versão mais recente do seu chatbot ChatGPT, de inteligência artificial.
O GPT-4o será aberto para todos os usuários do ChatGPT, incluindo não assinantes.
Esse modelo é mais rápido que os anteriores e foi programado para se assemelhar mais a humanos conversando — às vezes até mesmo com um tom de flerte em suas respostas aos usuários.
A nova versão consegue ler e discutir imagens, traduzir idiomas e identificar emoções a partir de expressões visuais. O robô também possui uma memória para recuperar perguntas anteriores.
O GPT-4o pode ser interrompido durante as suas respostas e a conversa flui com maior facilidade — não existe demora entre se fazer uma pergunta e receber uma resposta.
Falhas
Durante uma demonstração ao vivo usando a versão de voz do GPT-4o, o robô deu sugestões sobre como resolver uma equação simples escrita em um pedaço de papel — em vez de simplesmente resolvê-la. O novo ChatGPT analisou alguns códigos de computador, traduzindo entre italiano e inglês e interpretou as emoções em uma selfie de um homem que aparecia sorrindo.
Com uma calorosa voz feminina de sotaque americano, o GPT-4o cumprimentou as pessoas na demonstração, perguntando como elas estavam. Ao receber um elogio, o robô respondeu: “Pare com isso, você está me fazendo ficar vermelha!”.
A demonstração não foi perfeita. Em um momento, o robô confundiu o homem sorridente com uma superfície de madeira e em outra ocasião, começou a resolver uma equação que ainda não lhe tinha sido mostrada.
Isso demonstrou que ainda há um longo caminho a percorrer antes que as falhas e “alucinações” que tornam os chatbots não confiáveis e potencialmente inseguros possam ser resolvidas.
Mas a OpenAI mostrou por que pretende que o GPT-4o se torne a próxima geração de assistente digital de IA, uma espécie de Siri turbinada, que lembra o que foi dito no passado e consegue interagir além da voz ou do texto.
Há outro problema envolvendo essa tecnologia que não apareceu na demonstração feita à imprensa e ao público presente, que gritava e aplaudia o lançamento: o alto preço ambiental dessa tecnologia.
Sabemos que a inteligência artificial consome mais energia do que a computação tradicional e que quanto mais sofisticada ela se torna, mais poder de computação necessita. Não houve menção à sustentabilidade na apresentação da OpenAI.
‘Mágico’?
Já vimos chatbots como Grok, de Elon Musk, e Pi, do cofundador da DeepMind, Mustafa Suleyman, priorizarem a “personalidade” de seus produtos, mas a maneira como o GPT-4o lidou perfeitamente com a combinação de texto, áudio e imagens com uma resposta instantânea parece colocar a OpenAI à frente da concorrência.
É claro que, no momento, só temos o que a empresa quis nos mostrar – a demonstração foi cuidadosamente selecionada e gerenciada por eles. Será interessante ver como o GPT-4o lidará em grande escala com os milhões de pessoas que já usam o ChatGPT à medida que for implementado.
A diretora de tecnologia da OpenAI, Mira Murati, descreveu o GPT-4o como “mágico”.
Uma escolha de palavras interessante e emotiva: embora esta tecnologia esteja rapidamente ficando mais sofisticada e cada vez mais convincente como companheira, ela não é autoconsciente ou mágica. Trata-se de programação complexa e aprendizagem automática.
Houve rumores sobre uma parceria entre OpenAI e Apple e, embora isso ainda não tenha sido confirmado. Foi revelado durante a apresentação que produtos da Apple foram utilizados por toda parte.
Outro tiro certeiro foi o momento deste evento. Ele aconteceu 24 horas antes de seu rival Google exibir seus mais recentes desenvolvimentos de IA em sua conferência anual, Google IO.
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