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Surpresa positiva da Moody’s não tira o foco do ajuste fiscal

Reginaldo Nogueira*

Samuel Barros**

O mercado foi positivamente surpreendido por um upgrade da nota de crédito brasileira pela agência de rating Moody ‘s. Esse movimento colocou a nota de crédito do país em Ba1 na escala da agência, a apenas um degrau do grau de investimento, o qual havia sido conquistado pelo país em 2008 e perdido em 2015. As outras duas grandes agências mundiais de rating, Standard & Poor’s e Fitch, mantêm o Brasil dois degraus abaixo da Moody’ s.

Em seu comunicado, a Moody’s deu destaque para a resiliência da economia brasileira, que tem mostrado um crescimento mais robusto do que o esperado. Realmente, o resultado do PIB no segundo trimestre superou as expectativas de mercado, com um crescimento de 1,4% sobre o trimestre anterior. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a economia cresceu 3,3%. Esse desempenho positivo se deve, em parte, a setores como o agronegócio e a indústria, que têm mostrado recuperação e contribuído para a geração de empregos.

Além disso, a Moody’s comentou sobre os avanços institucionais dos últimos anos, como a aprovação da lei de autonomia do Banco Central, e o novo arcabouço fiscal. A autonomia do BC é realmente uma conquista significativa, pois garante maior independência na formulação e implementação da política monetária, reduzindo a influência política nas decisões econômicas. No entanto, é na questão fiscal e no cumprimento das regras do arcabouço que reside a grande surpresa do mercado com a revisão da nota: os dados não têm se mostrado positivos, e nem mesmo em processo de melhora.

Os resultados fiscais divulgados recentemente pelo Banco Central reforçam o cenário de dificuldade de controle dos gastos e de crescimento da dívida pública. O deficit primário de agosto para o setor público consolidado foi de R$ 21,4 bilhões. Em 12 meses, o deficit acumulado alcançou R$ 256,3 bilhões, ou 2,26% do PIB, pouco diferente daquele visto nos meses anteriores. Ao somarmos o pagamento dos juros da dívida pública, chegamos a um deficit nominal em 12 meses de 9,81% do PIB. Com isso, a dívida bruta manteve crescimento, atingindo R$ 8,9 trilhões, ou 78,5% do PIB. Em geral, esses dados fiscais vão em direção oposta ao esperado para um movimento de melhora da nota de crédito.

Dado esse cenário, o que se viu após a decisão foi uma movimentação tímida no mercado. O país tem visto nos últimos meses pressões sobre a taxa de câmbio e os juros futuros, e uma luta permanente por melhora das expectativas. O Banco Central, em especial, tem sido uma voz insistente no pedido de prudência e maior rigor fiscal, o que facilitaria seu trabalho no controle das expectativas de inflação. A inflação é um dos grandes desafios econômicos do Brasil, e o controle fiscal é essencial para manter a estabilidade dos preços e a confiança dos investidores.

Além disso, é importante destacar que a melhora na nota de crédito pela Moody’s não deve ser interpretada como um sinal de que todos os problemas econômicos do país estão resolvidos. O Brasil ainda enfrenta desafios significativos, como a necessidade de reformas estruturais, a melhoria do ambiente de negócios e a redução das desigualdades sociais. A aprovação de reformas previdenciárias e tributárias são exemplos de medidas que podem contribuir para a sustentabilidade orçamentária a longo prazo.

Nesse sentido, é preciso tomar cuidado para que a surpresa positiva desse upgrade não tire o foco da necessidade de encaminhamento de um sério ajuste. A manutenção da responsabilidade fiscal é crucial para a credibilidade do país junto aos investidores internacionais e para a atração de investimentos estrangeiros diretos, que são fundamentais para o crescimento econômico sustentado.

O governo precisa continuar buscando formas de equilibrar o orçamento, controlando gastos e aumentando a eficiência na arrecadação de impostos. Investir em infraestrutura e educação, além de promover políticas que incentivem a inovação e o empreendedorismo, são caminhos importantes para fortalecer a economia brasileira e garantir um futuro mais próspero para todos.

*Diretor nacional do Ibmec

**Reitor do Centro Universitário Ibmec-RJ

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Nasa dá quase R$ 17 milhões a quem solucionar problemas em missões lunares

A competição LunaRecycle Challenge, da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa, em inglês), está aberta e oferece U$ 3 milhões (R$ 16.968.300,00 na cotação atual), em prêmios para inovações em reciclagem de resíduos, orgânicos e inorgânicos, gerados durante missões espaciais de longa duração.

A competição é dividida em duas fases e apresenta duas categorias: uma voltada para a construção de protótipos de sistemas de reciclagem (Prototype build track) e outra para a criação de réplicas digitais de sistemas completos (Digital twin track).

“À medida que a Nasa continua seus esforços para viagens espaciais humanas de longa duração, incluindo a construção de uma presença humana sustentável na Lua por meio das missões Artemis, a agência precisa de soluções inovadoras para processar resíduos inorgânicos, como embalagens de alimentos, roupas descartadas e materiais de experimentos científicos”, explica a agência, em comunicado.

De acordo com a Nasa, o desafio vai além das abordagens tradicionais de gerenciamento de resíduos no espaço. A competição prioriza tecnologias que transformem resíduos em novos produtos que possam ser usados nas atividades da missão.

Além disso, a expectativa é que as soluções desenvolvidas possam ser aplicadas em missões de longa duração na Lua e, eventualmente, em Marte, reduzindo a quantidade de resíduos a ser trazida de volta à Terra.

“Operar de forma sustentável é uma consideração importante para a Nasa, pois fazemos descobertas e conduzimos pesquisas tanto longe de casa quanto na Terra”, disse Amy Kaminski, executiva do programa Prizes, Challenges, and Crowdsourcing da Nasa, em uma declaração. “Com este desafio, estamos buscando as abordagens inovadoras do público para o gerenciamento de resíduos na Lua e pretendemos levar as lições aprendidas de volta à Terra para o benefício de todos.”

A competição espera reunir engenheiros, cientistas e inovadores de todo o mundo, desafiando-os a criar soluções que não só otimizem o processo de reciclagem espacial, mas também contribuam para a sustentabilidade terrestre.

A Universidade do Alabama, parceira oficial da Nasa neste desafio, será responsável pela coordenação da competição, contando com o apoio da AI SpaceFactory, vencedora de uma competição anterior.

Para participar, os competidores devem se registrar até 31 de março de 2025. Acesse o site oficial do LunaRecycle Challenge para se inscrever e saber tudo sobre a competição.

*Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca

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Dia Mundial do Turismo: saiba o que pensam líderes do setor sobre atividade e a data

Dia Mundial do Turismo: saiba o que pensam líderes do setor sobre atividade e a data (Especialistas do setor público e privado refletem sobre a data (Fotos: divulgação))

Criado pela Organização Mundial do Turismo (OMT) há exatos 45 anos, o Dia Mundial do Turismo é celebrado em todo o globo no dia 27 de Setembro, com um convite para refletir, comemorar e projetar a importância cultural, social e econômica desta potente indústria. Com seu papel transformador, o turismo gera milhões de empregos, promove o intercâmbio de culturas e fortalece o compromisso de vários players, inclusive os viajantes, com a defesa e preservação da fauna e da flora.

Ouvimos líderes de algumas das mais importantes empresas que compõem a indústria no Brasil, assim como a subsecretaria de Turismo do Chile, Verónica Pardo. Em comum, eles reforçam que a data é uma oportunidade que deveria gerar inquietude em todos, promovendo a reflexão sobre o papel de cada um na promoção de um futuro mais inclusivo por meio do turismo e a partir de mudanças positivas, praticadas individual e coletivamente.

Clayton Araújo, gerente Comercial da Europamundo, é o primeiro a propor essa reflexão. Em sua avaliação, “o turismo vai muito além do próprio negócio”, diz, reforçando que exatamente por isso, é preciso que as empresas revejam suas atuações e busquem, cada vez mais, proporcionar um turismo responsável e sustentável. “O direito de viajar nos foi negado nos últimos anos e isso gerou uma demanda maior, com reflexos como o overturismo, situação que vem sendo tratada, entre outros, com a limitação de pessoas em locais de grande circulação. Há, também, a identificação de destinos que se tornam alternativa às grandes capitais. E há, ainda, a mudança do comportamento do viajante: a sociedade está mais focada em inclusão e tolerância, o que é muito bom. E o turismo é uma importante ferramenta neste sentido”, diz.

Inclusão também é palavra de ordem para Rafael Turra, diretor da Vital Card. “O turismo tem o poder de solucionar grandes problemas dos países, suas sociedades e como se relacionam entre si. Nossa indústria derruba muros, aproxima culturas, gera oportunidades – não só financeiras, mas também para que preconceitos sejam superados e tensões sejam pacificadas”, diz.

Lideranças concordam que o Dia Mundial do Turismo é uma data importante para refletir sobre o setor (Fotos: divulgação)

Convidado a definir o turismo em até cinco palavras, Caio Calfat, fundador e diretor-geral da Caio Calfat Real Estate Consulting, e vice-presidente de Assuntos Turístico-Imobiliários do SECOVI-SP, responde rapidamente que “turismo significa qualidade de vida”. Na avaliação do executivo, a expressão “qualidade de vida” pode e deve ser usada a partir de dois pilares de igual importância: o primeiro deles trata do viajante, no sentido mais puro da expressão; e o segundo trata dos reflexos econômicos da indústria, considerando tributos, geração de negócios e de empregos. Com os cerca de 100 subsetores cujas atividades orbitam e dependem da indústria, o turismo é responsável por quase 10% dos empregos em todo o mundo. “No que diz respeito ao Brasil, esperamos que os governos federal, estadual e municipal valorizem o setor como atividade econômica e invistam no turismo brasileiro”, diz.

Quem também fala sobre falta de incentivos é Cesar Nunes, VP de Marketing e Vendas da Atrio Hotel Management, maior administradora hoteleira de capital 100% nacional do Brasil. “Hoje vivemos uma situação de escassez de mão de obra muito grande no turismo global e a profissão perdeu atratividade para as novas gerações. Além disso, se vê muito pouco – ou quase nada – de investimentos ou de incentivo para formação de mão de obra qualificada por parte dos governantes. Até quando o nosso turismo vai viver em berço esplendido quando tem a oportunidade de se transformar em uma grande potencia mundial?”, questiona.

Jardel Couto, CEO da VCA Construtora, destaca a importância de aliar o foco no presente e a oportunidade de desenhar um futuro melhor. “Comemorar o Dia Mundial do Turismo é trazer os olhares para os desafios que o setor possui nas esferas social, econômica, histórica e ambiental. Assim, podemos contemplar sua relevância sem perder de vista à condução de longo prazo para a construção de um turismo mais equânime e com melhor orientação”, diz.

Presente no Brasil desde 2016, o líder global em hospitalidade aeroportuária, Plaza Premium Group, é responsável pela gestão de mais de 10 lounges localizados em embarques nacionais e internacionais do Aeroporto Internacional de São Paulo, o GRU Airport, e do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o RIOgaleão. Emerson Sanglard, Sales Manager & Marketing Manager Brazil, fala sobre a importância da reflexão para trazer melhores práticas. “Além do aspecto econômico, o turismo conecta pessoas, gera inclusão e promove culturas ao redor do mundo. Penso que a data serve como uma pausa para reflexão e nos impulsiona a melhorar, sempre. Nós temos o compromisso de pensar, todos os dias, em quais experiências iremos oferecer para atender a todos os perfis de viajantes no Brasil e no mundo”.

Uma reflexão sobre os impactos da pandemia no Dia Mundial do Turismo

É fato que as feridas causadas pela pandemia nunca serão esquecidas nos âmbitos da saúde, social, cultural e econômico. Mas também há importantes aprendizados. Um deles trata do turismo sustentável, que vem deixando o lugar de nicho para ser uma preocupação real de governos, empresas, executivos e viajantes.

Em tom otimista, Verónica Pardo, subsecretaria de turismo do Chile, fala sobre as lições da pandemia que são voltadas para a sustentabilidade na indústria. “O que vivenciamos nos deu a oportunidade de mostrar como queremos oferecer o que temos e como podemos definir nossas regras para preservar nosso meio ambiente e cuidar dele para as novas gerações. É como quando convidamos pessoas para nossa casa: nos preocupamos desde a chegada até a saída de quem nos visita, quanto tempo queremos que fiquem e como cuidamos do que temos a oferecer, inclusive, estabelecendo nossos limites. Este importante aprendizado nos permite lançar as bases para o desenvolvimento sustentável do turismo”, diz.

Na avaliação de Rodrigo Rodrigues, diretor Comercial da Schultz Operadora, embora a indústria do turismo tenha demonstrado resiliência, “ainda é prematuro afirmar que os impactos da pandemia foram completamente superados e muitas empresas estão em processo de recuperação financeira, como é o caso das aéreas”, diz.

No entanto, apesar dos desafios, Rodrigues lembra que a pandemia desencadeou diversas transformações positivas e que terão implicações duradouras, entre as quais estão inovações tecnológicas (check-in virtual, pagamentos sem contato e experiências de realidade aumentada), cujo investimento continuará a crescer, melhorando a experiência do cliente e a eficiência operacional; priorização da saúde e bem estar, com destinos e serviços com este foco tendo vantagem competitiva; adaptabilidade, conceito a partir do qual empresas mais ágeis e adaptáveis terão mais sucesso em um mercado em constante evolução; e sustentabilidade como prioridade. “O aumento da demanda por viagens mais sustentáveis e ecoturismo já é uma realidade”, finaliza.

Para além do desafio de equilibrar indicadores como faturamento, diária média e ocupação, Tais Castro, gerente Comercial do Jardim Atlântico Beach Resort, empreendimento localizado em Ilhéus (BA), fala sobre aprendizados e lições. “Aqui no resort, todos os setores intensificaram seus processos e adotaram melhorias, seja na área de alimentação, seja no cuidado mais intenso nas limpezas. Tivemos que nos adequar e evoluir para melhorar ainda mais a garantia dos serviços oferecidos e o acolhimento dos hóspedes”, diz.

João Cazeiro, diretor de Desenvolvimento da Livá Hotéis & Resorts, fala sobre os dois lados de uma mesma moeda. “Com a pandemia, de um lado, novos destinos foram criados, os chamados destinos-boutique, com hotéis exclusivos de 15 ou 20 apartamentos e que foram desenvolvidos pela ‘oportunidade’ da pandemia, sem planejamento adequado. De outro, hoje, esses empreendimentos sofrem pela falta de escala porque o viajante que tem o perfil para esse produto e/ou destino voltou a fazer viagens internacionais”, diz.

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Bela animação nacional levanta questões de cidadania, sem didatismo

Crítica // Placa-mãe ★★★★

A autenticidade e a atualidade da animação do jovem cineasta Igor Bastos conversa, de imediato, com um momento atual da recente produção nacional: foi com o longa Uma história de amor e fúria que o diretor Luiz Bolgnesi alcançou projeção mundial com filme capaz de mesclar tecnologia e traços fundamentais ligados à natureza.

A diferenciada animação proposta por Igor Bastos e uma equipe ancorada na interiorana Divinópolis começa no traçado musical: para além de Poison Ivy, o filme acopla composições de Caetano Veloso, Fernando Brant e Milton Nascimento. Estão lá, a favor do embalo da singular do filme, Bola de meia, bola de gude e Paula e Bebeto.

Placa-mãe mostra um avanço e que mapeia retrocessos: Nadi é uma androide com extremada conexão junto a humanos. Dentro de uma fita colorida e cheia de expressividade, ela ostenta cintilante cidadania e civilidade. Tocada pela indisposição das pessoas adotarem os pequenos irmãos David e Lina, ela corporifica, via inesperada adoção, o respeito a diferenças e o zelo pelo próximo. Tratando entre outros temas sobre sustentabilidade, o diretor explora a leveza de Nadi frente à ganância, no Senado, do politiqueiro Asafe. Chega-se assim, à luta desigual que move a fita.

“Estudei aspectos da ética na robótica, e temas estéticos, organizacionais, funcionais e até mesmo sociais aos quais o Brasil se condiciona. O presente está sempre inundado pelo passado. Acontece que o passado de amanhã é o hoje! Isso me orientou e guiou na construção de um futuro que, talvez, um dia se torne realidade. Ou que permaneça apenas como uma tradução de um imaginário do que nós esperamos, queremos e podemos ter para o futuro. David Lynch diz: “O cinema é a fraude mais bonita do mundo”.

Igor Bastos, em entrevista ao Correio

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80% das carnes vegetais vendidas no Brasil têm alta qualidade nutricional

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que 80% das carnes vegetais comercializadas no Brasil têm alta qualidade nutricional. Além disso, o estudo, publicado na revista Current Research in Food Science, recentemente, mostrou que os benefícios desses produtos são maiores do que as alternativas de origem animal tradicionais. Com o aumento da conscientização sobre questões de saúde, ambientais e éticas, muitos consumidores estão optando por alternativas vegetais (PBMAs).

A pesquisa foi realizada utilizando informações coletadas de rótulos de alimentos de PBMAs disponíveis no Brasil. Os dados foram colhidos entre julho de 2022 e junho de 2023 por pesquisadores treinados. A seleção dos alimentos avaliados foi feita em grandes redes de varejo e em lojas especializadas em alimentos vegetarianos e veganos. As amostras selecionadas não continham ingredientes de origem animal e eram rotulados com denominações como ‘vegano’, ‘vegetariano’ e ‘100% vegetais’.

No total, os cientistas compararam 349 produtos vegetais com 352 alimentos com carnes de origem animal, usando diversos fatores nutricionais. Para comparar as comidas de diferentes formas, foram aplicadas as classificações: Nutri-Score, que mede a qualidade nutricional usando um sistema de pontuação, a Nova, que categoriza comidas conforme o processamento, e o Perfil Nutricional da ANVISA (Lupa), que mede calorias, gorduras, açúcares e sódio.

De acordo com os resultados do Nutri-Score, 80% dos alimentos vegetais foram considerados como de boa qualidade, enquanto apenas 19% dos produtos de origem animal conseguiram a mesma classificação.

Os pesquisadores revelaram ainda que os PBMAs produzidos com soja apresentaram maior conteúdo proteico em comparação com aqueles feitos de outras fontes de proteína. Para os cientistas, isso foi particularmente relevante, considerando que o Brasil é o maior produtor mundial desse grão.

Seguindo a classificação Nova, os produtos a base de vegetais foram considerados ultraprocessados. Todavia, o estudo ressalta que o nível de processamento não significa uma qualidade nutricional pobre.

No entanto, Claudenise Dantas, professora do centro universitário UniFavip Wyden, em Caruaru, em Pernambuco, e nutricionista doutora em saúde, frisa que produtos ultraprocessados independente da origem ser vegetal ou animal, apresentam alto teor de aditivos, gorduras totais e sódio. “Devem ser consumidos com extrema moderação. Portanto, o ideal é sempre dar preferência ao alimento in natura, como frutas e vegetais, inclusive na dieta baseada apenas em plantas.”

Conforme o artigo, a utilização de soja como base para PBMAs não apenas melhora o perfil nutricional, mas também pode contribuir para a sustentabilidade da produção de alimentos. Além da análise nutricional, o estudo também discutiu as implicações das descobertas para a indústria alimentícia e consumidores. A crescente demanda por alimentos vegetais pode levar a inovações na formulação de produtos.

Além disso, o trabalho destacou que a composição nutricional dos produtos vegetais parece mais saudável. Os alimentos à base de plantas tinham quantidades menores de gordura saturada e sódio, duas substâncias intimamente ligadas ao risco de doenças cardiovasculares. Esse tipo de comida também mostrou ter maior teor de fibras, indispensáveis para a saúde humana.

Yuri Matsuoka, nutricionista da clínica Nova Anália, em São Paulo, destaca que cumprem bem o objetivo de ser uma fonte de proteínas. “Demonstram composições nutricionais favoráveis ao consumo pelo seu aporte de variados macronutrientes, como fibras, gorduras insaturadas e micronutrientes. Há ainda falta de informações, como visto no estudo. Diversos alimentos listados não apresentavam quais eram suas principais fontes de gordura e proteína, deixando incerta sua conclusão nutricional.”

Conforme o especialista, a busca por alimentos vegetais semelhantes à carne está se popularizando. “Para uma boa escolha de alimentos para consumir, é necessário observar a tabela nutricional e a lista de ingredientes. Alimentos ricos em sódio, estabilizantes, corantes, gorduras saturadas e trans devem ser evitados. É importante procurar nutricionistas para auxiliar na alimentação com a quantidade certa de macro e micronutrientes, assim há um conforto para mente e corpo e uma alimentação saudável e ordenada.”

Rejane Souza, nutricionista da Clínica Mantevida, em Brasília, sublinhou que uma das estratégias mais importantes da dieta é unir diferentes vegetais, para que juntos, possam fornecer todos os aminoácidos essenciais para o corpo humano. “Um exemplo clássico é a combinação de arroz com feijão (cereal leguminosa). A diversificação é fundamental. Consumir alimentos variados como cereais, frutas, grãos e leguminosas pode proporcionar os aminoácidos essenciais que nosso corpo necessita, eliminando a necessidade de obter esses nutrientes exclusivamente da carne.”

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Saiba como problemas socioeconômicos podem impactar a saúde mental

O debate “Saúde Mental: uma conversa sobre qualidade de vida e bem-estar”, promovido nesta terça-feira (24/9) pelo Correio Braziliense, trouxe discussões sobre o tema no Brasil e os impactos de problemas da atualidade. Do terceiro painel, participaram Helena Moura, médica psiquiatra e professora de medicina da Universidade de Brasília (UnB); Adriana Rodrigues, psicóloga e idealizadora do Instituto Psicologia e Dinheiro; e Alessandra Almeida, vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP)

As especialistas trataram de pontos importantes, incluindo a saúde mental da população negra e de pessoas de baixa renda. Também elencaram os sinais prévios a serem notados e a relação das condições climáticas com a saúde psíquica da população.

Helena Moura explicou que quem tem demência, esquizofrenia e depressão é mais suscetível a sofrer quando ocorrem ondas de calor, enquanto eventos graves, como a enchente que houve no Rio Grande do Sul, podem desencadear distúrbios mentais. Problemas de saúde mental decorrentes de dificuldades com dinheiro, como o endividamento, foram o foco de Adriana Rodrigues. Ela também observou que, de outro lado, estresse, ansiedade e depressão podem levar o indivíduo a desenvolver problemas financeiros. Alessandra Almeida abordou o racismo estrutural e chamou a atenção para uma pesquisa do Ministério da Saúde apontando que jovens negras enfrentam maior risco de suicídio.

Helena Moura

Na teoria, ter algum tipo de conforto, estar bem consigo mesmo e ter qualidade de vida pode parecer fácil, mas é um tamanho desafio. Helena Moura, médica psiquiatra e professora da UnB, abordou a questão. “Um dos principais desafios dos profissionais de saúde mental é manter as pessoas bem. Atualmente, existe muita pressão das mídias sociais, tempo excessivo de telas e as mudanças climáticas. Os indivíduos estão sentindo esses efeitos literalmente na pele. Isso acaba afetando a qualidade de vida, podendo causar algum tipo de sofrimento psíquico”, pontuou.

Eventos climáticos mais graves, como tsunamis e as enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul, podem agravar ainda mais esses sintomas, segundo a especialista. O DF, por exemplo, enfrenta 154 dias sem chuvas, a segunda maior seca da história. A primeira foi em 1963, quando Brasília enfrentou 163 dias de estiagem. “Chamamos de onda invisível por trás da mudança climática. Além de perder as casas e alguns familiares, as pessoas ainda encontram dificuldade para receber atendimento médico, pois os serviços hospitalares também são atingidos”, relatou.

“Tem se falado muito pouco sobre esse assunto. Em novembro do ano passado, tive a oportunidade de fazer um artigo sobre esse tema e muitas pessoas relataram que nunca haviam pensado e nem sabiam sobre o que a temática tratava”, comentou Helena. A médica falou ainda que as pessoas que têm depressão, esquizofrenia e demência são as mais vulneráveis a sofrer em momentos de ondas de calor. “Isso se reflete, por exemplo, no aumento de demanda nas emergências psiquiátricas por surtos e tentativas de suicídio”, alertou.

Helena citou que isso se agrava ainda mais quando se trata de povos indígenas, pois alguns perdem as terras e precisam se deslocar para outros locais. “Isso está muito ligado ao sofrimento que determinadas populações têm ao ver o ambiente sendo degradado”, afirmou.

A médica psiquiatra fez uma comparação do Brasil com a Austrália e citou que lá esses problemas não são tão recorrentes. “Isso é muito alarmante. Para as pessoas terem ideia, na Austrália, onde também existem povos originários, isso não ocorre”, observou.

Alguns comportamentos podem ser adotados pelos indivíduos e ajudá-los a manter o bem-estar e preveni-los contra sintomas de ansiedade e depressão, segundo Helena Moura. “Um sono adequado, a prática de exercícios físicos regulares e uma alimentação saudável contribuem para as pessoas se sentirem bem e, consequentemente, para uma boa saúde mental”, finalizou.

Na avaliação de Adriana Rodrigues, psicóloga e idealizadora do Instituto Psicologia e Dinheiro, ainda há um certo descaso em relação à questão da saúde mental e dinheiro. Ela alertou para o número elevado de pessoas que passam por dificuldades financeiras e os empecilhos que isso causa, podendo gerar problemas sérios à saúde mental.

Temos 82% da nossa população, segundo pesquisa, que por três ou mais vezes na semana se preocupam com o dinheiro, principalmente com as questões ligadas às dificuldades financeiras. Setenta e oito por cento das famílias brasileiras estão endividadas, é um número altíssimo. Vinte e oito por cento, quase 29% das famílias não têm como pagar as suas dívidas, estão em situação de inadimplência, isso gera um estresse gigante”, opinou.

Adriana sugeriu que muitos que têm quadros de saúde mental como estresse constante, ansiedade e depressão também podem fazer o caminho inverso e desenvolver problemas financeiros. Isso porque, segundo a especialista, essas pessoas não têm condição de lidar com suas finanças, porque estão sobrecarregadas e estão com outros focos. O resultado disso é um ciclo vicioso, no qual a pessoa cuida mal do dinheiro enquanto vê a saúde mental se deteriorar.

Outro ponto levantado pela especialista foi o da importância da educação financeira, algo que, para ela, não deve ser tratado individualmente. Ela afirmou que esses conhecimentos são importantes para que as pessoas saibam como cuidar do próprio dinheiro, mas alertou sobre a falta de acesso para que todos consigam aprender essas lições.

“Atendo muitas pessoas que têm demandas ligadas a dinheiro. Essas pessoas sofrem com grande ansiedade, porque acreditam que fizeram uma péssima gestão do dinheiro delas, quando, na verdade, estão também dentro dessa cultura de consumo”, analisou. Adriana disse considerar como grandes “vilões” para esses transtornos o consumismo exagerado e o desemprego, obstáculos que afetam principalmente mulheres e jovens.

Além disso, ela explicou que pessoas que não passam por dificuldades financeiras também podem ser afetados por isso. A psicóloga contou que alguns indivíduos podem passar por dissonâncias cognitivas e enfrentar transtornos pensando na desigualdade social que os separa de outras pessoas.

Alessandra Almeida

O Conselho Federal de Psicologia tem a responsabilidade de orientar e normatizar a categoria, além de estabelecer diálogos constantes com a sociedade, explicou Alessandra Almeida, vice-presidente do CFP. “É preciso implementar políticas efetivas para a proteção e cuidado da saúde mental dos indivíduos, especialmente em um país tão complexo como o nosso, e neste momento pós-pandemia, a prevenção ao suicídio deve ser evidenciada”, ressaltou.

A psicóloga destacou a importância de se atentar à saúde mental da população negra. “O suicídio é a terceira principal causa externa de mortes. Uma pesquisa do Ministério da Saúde, de 2018, revelou que jovens negras entre 10 e 29 anos enfrentam o maior risco de morte por suicídio”, detalhou.

“Esse risco elevado está relacionado ao sofrimento psíquico causado pelo racismo estrutural”, afirmou, enfatizando a necessidade de discutir os efeitos do racismo na saúde mental da população negra e indígena, além do racismo ambiental. “Discutir o papel dos saberes psicológicos na saúde mental em relação à questão racial é essencial para questionar as estruturas sociais que reproduzem desigualdades”, observou.

Para Alessandra, é urgente vincular a promoção da qualidade de vida ao desenvolvimento humano sustentável. “Estamos construindo uma gestão no CFP comprometida em abordar o racismo ambiental, a sanatividade racial e a injustiça social, além de defender a justiça ambiental e climática e os direitos humanos”, explicou.

A especialista também mencionou que o racismo ambiental afeta comunidades vulneráveis, como ribeirinhas e quilombolas. “Ao pensar em ações de sustentabilidade e preservação do meio ambiente, precisamos considerar as relações de saúde mental dessas comunidades, que vivenciam desastres ambientais de maneira distinta”, ressaltou.

*Estagiários sob a supervisão de Malcia Afonso

Discutir o papel dos saberes psicológicos na saúde mental em relação à questão racial é essencial para questionar as estruturas sociais que reproduzem desigualdades”

Alessandra Almeida, vice-presidente do CFP

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Atendo muitas pessoas que têm demandas ligadas a dinheiro. Essas pessoas sofrem com grande ansiedade, porque acreditam que fizeram uma péssima gestão do dinheiro”

Adriana Rodrigues, psicóloga e idealizadora do Instituto Psicologia e Dinheiro

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Atualmente, existe muita pressão das mídias sociais, tempo excessivo de telas e as mudanças climáticas. Os indivíduos estão sentindo esses efeitos literalmente na pele”

Helena Moura, psiquiatra e professora da UnB

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Terminou neste sábado (21) o encontro do G20 Turismo, em Belém

Terminou neste sábado (21) o encontro do G20 Turismo, em Belém ((Foto: Roberto Castro e Uchôa Silva / MTur))

Terminou neste sábado (21) o encontro do G20 Turismo, grupo formado por líderes das 20 maiores economias do mundo. Na ocasião foi aprovada a “Declaração de Belém”, aprovada por unanimidade e que marca o encerramento da presidência brasileira do G20 Turismo. O documento estabelece entre as premissas para o desenvolvimento turístico mundial garantir um maior protagonismo à sustentabilidade; à qualificação profissional e ao investimento em infraestrutura.

Os líderes também propõem uma abordagem colaborativa entre governos, setor privado e comunidades locais para impulsionar a atividade turística de forma responsável e resiliente, alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Presidido pelo ministro do Turismo do Brasil, Celso Sabino, o encontro de autoridades do G20 deste sábado teve a presença de 44 delegações de vários países membros e representantes de organizações internacionais, além de convidados. O evento finalizou com um ciclo de reuniões técnicas iniciado em fevereiro de 2024 e que teve agendas em Brasília (DF) e no Rio de Janeiro (RJ).

“Fizemos um belo trabalho, com muito esforço, capacidade técnica, cooperação e que entrega não só ao G20, mas também ao mundo uma proposta de modelo de desenvolvimento econômico aliado ao turismo, que irá trazer mais oportunidades, mais cooperação, mais amizade e, sobretudo, mais sustentabilidade”, apontou o ministro Celso Sabino na abertura do encontro.

De modo a manter um planeta sustentável para as próximas gerações, o documento indica fortemente a necessidade de investimentos coletivos direcionados à sustentabilidade do setor. “O mundo vive um processo de transformação climática, e o turismo irá levar desenvolvimento econômico, perspectivas melhores de vida, além de contribuir para a preservação do meio ambiente. O turismo garantirá um futuro melhor às próximas gerações”, completou Celso Sabino.

EIXOS PRIORITÁRIOS – O Grupo de Trabalho do G20 Turismo definiu quatro eixos principais: sustentabilidade no turismo; gestão de informações; cooperação internacional e o turismo como impulsionador da economia.

As diretrizes contemplam medidas em áreas críticas identificadas pelos integrantes do G20, com ênfase na necessidade de cooperação multilateral para enfrentar desafios como a recuperação pós-pandemia de Covid-19 e a adaptação às mudanças climáticas.

Um dos destaques da reunião foi a apresentação do “Dashboard de Melhores Práticas”, uma plataforma criada com o objetivo de compartilhar iniciativas de sucesso, reforçando a importância de ações conjuntas para a promoção do turismo sustentável. Desde a sua implementação, a ferramenta dobrou o número de estudos de caso, mostrando o impacto positivo da colaboração internacional.

CAPACITAÇÃO – Outro ponto central da “Declaração de Belém” é o compromisso com a educação e a qualificação profissional no setor turístico. O relatório apresentado identificou a formação contínua como um dos maiores desafios para garantir a excelência e a adaptabilidade do ramo.

A ONU Turismo, representada na reunião pelo secretário-geral da entidade, Zurab Pololikashvili, destacou seu compromisso com programas de educação e de atração de investimentos, buscando capacitar trabalhadores e impulsionar o turismo como vetor de desenvolvimento socioeconômico.

Também foram expostas recomendações para o acesso a linhas de financiamento de instituições internacionais e bancos multilaterais, focadas em quatro áreas prioritárias: resiliência climática, desenvolvimento social, criação de novos produtos turísticos em comunidades locais e infraestrutura compartilhada. Essas ações buscam assegurar que o turismo alcance seu pleno potencial, gerando crescimento econômico e prosperidade compartilhada.

O desafio do turismo no Brasil

Vale ressaltar, que apesar das boas iniciativas globais, quando se fala do turismo acontecendo na ponta essas diretrizes não chegam com a força que deveriam chegar. Primeiramente, é importante avaliar que ainda que as iniciativas de sustentabilidade, capacitação, gestão de informações e cooperação internacional sejam muito importantes, o Brasil possui problemas estruturais que atrasam o desenvolvimento do setor.

Embora sejam prioridades setoriais, enfrentamos no dia a dia problemas graves nas rodovias brasileiras, conectividade aérea, educação de base, segurança pública e até saneamento básico. Obviamente que o turismo se configura como uma excelente alternativa de desenvolvimento econômico e social para grandes centros e pequenas comunidades, mas iniciativas mais elaboradas precisam de um investimento prévio no básico.

Agora é importante acompanhar se os destinos brasileiros, setores público e privado, serão capazes de implementar as demandas da “Declaração de Belém” com estratégia e eficácia, colaborando não apenas para o desenvolvimento do setor, mas da população como um todo.

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3ª edição do Sessões do Fim do Mundo leva a uma imersão na Patagônia chilena

3ª edição do Sessões do Fim do Mundo leva a uma imersão na Patagônia chilena (PATA Lodge, um complexo de seis hospedagens rústicas instaladas às margens do rio Futaleufú (Foto: Divulgação))

Uma semana inesquecível na Patagônia chilena com direito a muito conforto, culinária refinada e orgânica, no conceito farm to table, natureza exuberante e em companhia de um gênio contemporâneo do violão de 7 cordas, o músico gaúcho Yamandu Costa: é o que propõe a terceira edição do projeto Sessões do Fim do Mundo, idealizado pela Auroraeco, operadora de viagens de excelência em ecoturismo com 25 anos de atuação, com a proposta de unir natureza e arte e atender a um público que deseja cada vez mais alinhar sentido às suas experiências de viagem.

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Iniciado em dezembro de 2023, quanto então proporcionou um convívio íntimo com a cantora Mônica Salmaso, o projeto de viagem cultural – cujo título faz referência à região chamada de “Fim do Mundo”, localizada no extremo sul da América do Sul e nas divisas entre as Patagônias argentina e chilena – ocorre em parceria com o PATA Lodge, uma vila sustentável e lodge localizados numa fazenda orgânica às margens do Rio Futaleufu, um dos melhores do mundo para praticar rafting, caiaque e fly fishing. O local ainda conta com trilhas perfeitas para os amantes de trekking e mountain bike e acolhe um público de apenas 20 pessoas – crianças são bem-vindas – e com intensa programação entre 8 e 14 de fevereiro de 2025.

Caiaque no rio Futaleufu (Foto: Divulgação)

Destaque em abril de 2024, Yamandu Costa retornará ao PATA para protagonizar a terceira edição das Sessões do Fim do Mundo em um concerto intitulado Yamandu Íntimo. Considerando o que vivenciou no início deste ano, a expectativa do violonista é de que ocorra uma nova semana de experiências memoráveis na Patagônia chilena na companhia de seu público.

“Serão dias de música, caminhadas e de consciência em um projeto que, mais do que tudo, é um novo olhar para o mundo. A maneira como a equipe do PATA fala sobre sustentabilidade, olho no olho, é muito emocionante. E a música em torno disso faz desse lugar paradisíaco uma força única da natureza. A gente vai ter muito convívio, muitas cavalgadas e vamos descer os rios da região, que são espetaculares. Serão dias incríveis. Em fevereiro de 2025, em pleno verão, o clima estará diferente e tudo promete ser ainda mais gostoso, porque os dias se estendem até 21h”, antecipa Yamandu.

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Presente na segunda edição, o empresário João Paulo Altenfelder, sócio-fundador da SEI Consultoria, faz um resumo de sua imersão no projeto Sessões do Fim do Mundo.

PATA Futaleufu (Foto: Uai Turismo)

“Estar na Patagônia Verde e ter tido a oportunidade de ver um espetáculo como o de Yamandu Costa foram, para mim, dois fatos marcantes. A Patagônia é um lugar excepcional por sua beleza natural e pela simpatia das pessoas. Quanto ao show do Yamandu, foi maravilhoso, feito em uma sala pequena do PATA de forma muito íntima, onde ele pode não só mostrar sua virtuose no violão, mas, também, contar um pouco de sua história de vida e das experiências que teve, nos tornando mais próximos dele. Dois fatos que fizeram a viagem valer muito a pena”, assegura Altenfelder.

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Para reservas e conferir a programação diária da edição 2025, acesse o site.

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Ponte Rio-Niterói: população é convocada a participar de reuniões que vão discutir temas como instalação de grades de proteção e ‘free flow’

Na semana passada, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgou uma nota convocando a população para duas reuniões que discutirão propostas de investimentos na Ponte Rio-Niterói, administrada pela Ecoponte.

Na próxima terça-feira, dia 17, o encontro será realizado no Sesc Niterói, em São Domingos, a partir das 14h. No dia seguinte (18), a reunião acontecerá no Sesc Copacabana, na Rua Domingos Ferreira, no mesmo horário.

De acordo com o órgão regulador, estarão em debate novos investimentos em segurança viária, como a instalação de grades de proteção e barreiras de concreto; a ampliação de faixas em trechos críticos; a adequação de pontos de ônibus; a instalação de sistemas de monitoramento em tempo real; e a possível adoção do sistema free flow, que permite a cobrança eletrônica de pedágio sem a necessidade de parada. Também serão discutidos descontos para usuários da pista automática (AVI) e a garantia de sinal de telefonia ao longo de toda a extensão da rodovia.

Segundo a concessionária Ecoponte, os encontros estão previstos no serviço de concessão e têm como objetivo ouvir propostas e contribuições para atualizar o contrato, abordando temas como investimentos em novas tecnologias, obras de segurança viária e inclusão de novas obrigações.

Em nota, a ANTT informou que, com a participação popular, pretende recolher sugestões e opiniões sobre “as necessidades da estrada e possíveis alterações no contrato de concessão, conforme a Resolução nº 6.032/2023”. A agência ressaltou ainda que a participação da população é essencial para que as decisões reflitam as demandas reais dos usuários.

Ainda segundo a agência, recentemente foi iniciado um processo de revisão das necessidades contratuais, buscando assegurar que a gestão da rodovia atenda às demandas atuais de segurança, eficiência e sustentabilidade. Esse levantamento envolve, além das manifestações da sociedade, estudos técnicos conduzidos pela ANTT e pela concessionária.

Informações adicionais e contribuições por escrito poderão ser enviadas até 30 de setembro, às 18h, pelo e-mail rp013_2024@antt.gov.br.

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A primeira caminhada espacial privada da história

A SpaceX alcançou um marco histórico ao realizar a primeira caminhada espacial privada da história, um evento que promete redefinir o futuro dos voos comerciais rumo ao universo. A missão, batizada de Polaris Dawn, levou dois tripulantes da empresa a sair da cápsula Dragon e testar, pela primeira vez, os trajes espaciais desenvolvidos pela SpaceX em um ambiente real. O feito inova como a exploração espacial é conduzida por entidades particulares.

O comandante da missão, o bilionário Jared Isaacman, foi o primeiro a sair da cápsula, lançada em órbita pelo foguete Falcon 9. Em um vídeo transmitido ao vivo pela SpaceX, Isaacman, vestido com o traje espacial branco e cinza da empresa, afirmou que: “É precioso.” Ele estava a cerca de 700 km de altitude, significativamente acima da órbita da Estação Espacial Internacional (ISS), demonstrando a capacidade da SpaceX de operar em altitudes muito elevadas. “SpaceX, estamos voltando para casa. Temos muito trabalho a fazer, mas daqui, a Terra parece um mundo perfeito”, disse ele ao centro de controle em Hawthorne, no estadio da Califórnia, ao som dos aplausos da equipe. Seguindo Isaacman, Sarah Gillis, uma funcionária da SpaceX e responsável pelo treinamento de astronautas, também se aventurou fora da cápsula para testar os trajes.

Os dois tripulantes passaram aproximadamente dez minutos fora da cápsula antes de retornar para que a nave fosse pressurizada novamente. A caminhada espacial foi realizada em um intervalo de cerca de uma hora e 45 minutos, marcando um tempo relativamente curto para uma atividade desse tipo, mas essencial para o sucesso dos testes.

Naelton Mendes de Araújo, astrônomo e professor da Fundação Planetário do Rio de Janeiro, lembrou que a primeira caminhada espacial ocorreu em 1965, quando o cosmonauta soviético Alexei Leonov saiu da espaçonave Voskhod 2 e flutuou na imensidão por cerca de 12 minutos. “Isso aconteceu no calor da Corrida espacial entre Estados Unidos e URSS. Os americanos só igualaram o feito no projeto Gemini, meses depois, com o astronauta Edward White.” Conforme Araújo, na ISS, essas caminhadas espaciais, chamadas de Atividade Extraveicular (EVA) são relativamente comuns. “A novidade é a distância em que ocorre — desde as Apollos, não se vai tão longe — e o fato de a iniciativa ser privada e incluir turistas.”

Durante a viagem, os outros membros da equipe também foram expostos ao vácuo espacial, quando a escotilha da cápsula foi aberta, já que a nave não possui câmara de descompressão. Para garantir a segurança dos tripulantes, os trajes espaciais estavam conectados por cordas à cápsula, fornecendo oxigênio e suporte vital. A Dragon, lançada pelo foguete Falcon 9, alcançou uma altitude de 1.200 km durante a viagem, o que foi um teste crítico para futuras missões espaciais. A equipe passou por um processo chamado “pré-respiração”, que busca eliminar o nitrogênio do sangue para evitar que o gás forme bolhas quando o corpo entra em contato com o vácuo.

Adriano Leonês, presidente do Clube de Astronomia de Brasília (CAsB), frisa que a caminhada espacial é significativa tanto para o setor público quanto para o privado. “São vários motivos, como o aprimoramento de tecnologias; experiência prática para treinar astronautas para missões mais desafiadoras, como na Lua, ou em Marte. Além de explorar o interesse público, estimulando novas gerações a se envolverem em carreiras nas ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).”

Conforme Leonês, as atividades extraveiculares são fundamentais para a manutenção e operação de satélites e outros equipamentos em órbita. “O que acaba contribuindo para a sustentabilidade das operações espaciais a longo prazo. Esses fatores fazem da caminhada um marco importante que pode influenciar o futuro da exploração espacial, promovendo inovações e colaborações que beneficiam os setores público e privado.”

O evento parece ser mais um capítulo na série de conquistas da SpaceX, a empresa de Elon Musk que tem impactado a indústria espacial desde sua fundação, em 2002. A NASA também comemorou a realização, com o chefe da agência, Bill Nelson, destacando na rede social X (antigo Twitter). “O sucesso de hoje representa um grande passo para a indústria espacial comercial e para o objetivo de longo prazo da NASA de construir uma economia espacial americana vibrante.”

Além de liderar a Polaris Dawn, Jared Isaacman, de 41 anos, financiou parte da viagem, cujo custo específico não foi revelado. A equipe da missão também inclui Sarah Gillis, engenheira responsável pelo treinamento de astronautas da SpaceX, Anna Menon, ex-NASA e engenheira líder de operações especiais; e Scott Poteet, tenente-coronel aposentado da Força Aérea dos EUA e amigo de Isaacman. A caminhada na gravidade zero não só testou a primeira geração de trajes da SpaceX, como também enfrentou a complexidade dos detritos espaciais. A cápsula passou por diversas altitudes orbitais com mais de 10 mil satélites e fragmentos de lixo espacial, exigindo cálculos precisos e meticulosos. Com essa conquista, a SpaceX reafirma a liderança na exploração espacial com possibilidades para futuras missões privadas e comerciais.

“Trata-se de um feito importante para o desenvolvimento da tecnologia aeroespacial fora do âmbito governamental. É a primeira vez que uma tripulação exclusivamente de civis cumpre esse tipo de missão e esse é mais um passo em direção à possibilidade da exploração espacial por empresas privadas. Os engenheiros da SpaceX tiveram que lidar com desafios tecnológicos e problemas conhecidos há mais de 50 anos e precisavam ser resolvidos com baixo custo de investimento. De toda forma, continua sendo uma tecnologia muito cara que durante as próximas décadas só estará disponível para um seleto grupo de bilionários. Por enquanto, parece que o objetivo da SpaceX é se posicionar mais como empresa prestadora de serviços para o governo do que para civis.”

Fernando Roig, astrônomo e pesquisador do Observatório Nacional

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