80% das carnes vegetais vendidas no Brasil têm alta qualidade nutricional
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que 80% das carnes vegetais comercializadas no Brasil têm alta qualidade nutricional. Além disso, o estudo, publicado na revista Current Research in Food Science, recentemente, mostrou que os benefícios desses produtos são maiores do que as alternativas de origem animal tradicionais. Com o aumento da conscientização sobre questões de saúde, ambientais e éticas, muitos consumidores estão optando por alternativas vegetais (PBMAs).
A pesquisa foi realizada utilizando informações coletadas de rótulos de alimentos de PBMAs disponíveis no Brasil. Os dados foram colhidos entre julho de 2022 e junho de 2023 por pesquisadores treinados. A seleção dos alimentos avaliados foi feita em grandes redes de varejo e em lojas especializadas em alimentos vegetarianos e veganos. As amostras selecionadas não continham ingredientes de origem animal e eram rotulados com denominações como ‘vegano’, ‘vegetariano’ e ‘100% vegetais’.
No total, os cientistas compararam 349 produtos vegetais com 352 alimentos com carnes de origem animal, usando diversos fatores nutricionais. Para comparar as comidas de diferentes formas, foram aplicadas as classificações: Nutri-Score, que mede a qualidade nutricional usando um sistema de pontuação, a Nova, que categoriza comidas conforme o processamento, e o Perfil Nutricional da ANVISA (Lupa), que mede calorias, gorduras, açúcares e sódio.
De acordo com os resultados do Nutri-Score, 80% dos alimentos vegetais foram considerados como de boa qualidade, enquanto apenas 19% dos produtos de origem animal conseguiram a mesma classificação.
Os pesquisadores revelaram ainda que os PBMAs produzidos com soja apresentaram maior conteúdo proteico em comparação com aqueles feitos de outras fontes de proteína. Para os cientistas, isso foi particularmente relevante, considerando que o Brasil é o maior produtor mundial desse grão.
Seguindo a classificação Nova, os produtos a base de vegetais foram considerados ultraprocessados. Todavia, o estudo ressalta que o nível de processamento não significa uma qualidade nutricional pobre.
No entanto, Claudenise Dantas, professora do centro universitário UniFavip Wyden, em Caruaru, em Pernambuco, e nutricionista doutora em saúde, frisa que produtos ultraprocessados independente da origem ser vegetal ou animal, apresentam alto teor de aditivos, gorduras totais e sódio. “Devem ser consumidos com extrema moderação. Portanto, o ideal é sempre dar preferência ao alimento in natura, como frutas e vegetais, inclusive na dieta baseada apenas em plantas.”
Conforme o artigo, a utilização de soja como base para PBMAs não apenas melhora o perfil nutricional, mas também pode contribuir para a sustentabilidade da produção de alimentos. Além da análise nutricional, o estudo também discutiu as implicações das descobertas para a indústria alimentícia e consumidores. A crescente demanda por alimentos vegetais pode levar a inovações na formulação de produtos.
Além disso, o trabalho destacou que a composição nutricional dos produtos vegetais parece mais saudável. Os alimentos à base de plantas tinham quantidades menores de gordura saturada e sódio, duas substâncias intimamente ligadas ao risco de doenças cardiovasculares. Esse tipo de comida também mostrou ter maior teor de fibras, indispensáveis para a saúde humana.
Yuri Matsuoka, nutricionista da clínica Nova Anália, em São Paulo, destaca que cumprem bem o objetivo de ser uma fonte de proteínas. “Demonstram composições nutricionais favoráveis ao consumo pelo seu aporte de variados macronutrientes, como fibras, gorduras insaturadas e micronutrientes. Há ainda falta de informações, como visto no estudo. Diversos alimentos listados não apresentavam quais eram suas principais fontes de gordura e proteína, deixando incerta sua conclusão nutricional.”
Conforme o especialista, a busca por alimentos vegetais semelhantes à carne está se popularizando. “Para uma boa escolha de alimentos para consumir, é necessário observar a tabela nutricional e a lista de ingredientes. Alimentos ricos em sódio, estabilizantes, corantes, gorduras saturadas e trans devem ser evitados. É importante procurar nutricionistas para auxiliar na alimentação com a quantidade certa de macro e micronutrientes, assim há um conforto para mente e corpo e uma alimentação saudável e ordenada.”
Rejane Souza, nutricionista da Clínica Mantevida, em Brasília, sublinhou que uma das estratégias mais importantes da dieta é unir diferentes vegetais, para que juntos, possam fornecer todos os aminoácidos essenciais para o corpo humano. “Um exemplo clássico é a combinação de arroz com feijão (cereal leguminosa). A diversificação é fundamental. Consumir alimentos variados como cereais, frutas, grãos e leguminosas pode proporcionar os aminoácidos essenciais que nosso corpo necessita, eliminando a necessidade de obter esses nutrientes exclusivamente da carne.”
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