Um modelo econômico que promove a sustentabilidade avança no DF
Você sabe o que é economia circular? É uma proposta que considera a eliminação do conceito de desperdício baseada em que produtos podem ser totalmente reciclados ou reaproveitados. A explicação é do coordenador de graduação em economia, gestão pública e financeira do Centro Universitário Iesb, Riezo Almeida. Como ele, outros especialistas defendem a iniciativa, já adotada por alguns empresários no DF.
Dados do Serviço de Limpeza Urbana apontam que, das 2.200 toneladas de resíduos recebidos, diariamente, no aterro sanitário de Brasília, 500 (22,72%) são de materiais recicláveis — como plástico, papel, alumínio e papelão. Entretanto, por chegarem misturados a rejeitos orgânicos, esse materiais não podem ser reaproveitados.
Almeida explica que o modelo econômico circular trabalha com a ideia de reutilizar, reciclar e regenerar recursos. “Por exemplo, se o consumidor vai comprar um eletrodoméstico, que tal consumir um produto usado, seguindo (assim) um modelo de produção e consumo que busca estender a vida útil da mercadoria?”, propõe. “Diferentemente da economia linear tradicional, que segue o padrão ‘extrair, produzir, descartar’, a circular adota um ciclo fechado onde os resíduos são reintegrados ao processo produtivo”, acrescenta.
Para ele, aderir à economia circular traz diversas vantagens ao consumidor. “Impacta tanto o cotidiano quanto as finanças pessoais. A economia circular pode promover a inovação nos produtos e serviços”, avalia. “Os consumidores se beneficiam ao ter acesso a soluções mais criativas, sustentáveis e, muitas vezes, personalizáveis. No DF, os principais segmentos que estão ganhando espaço são móveis e decoração, moda sustentável, eletrodomésticos e construção sustentável”, observa o especialista.
Sustentabilidade
Doutora em ecologia e coordenadora do curso de ciências biológicas da Universidade Católica de Brasília, Morgana Bruno comenta que o conceito da economia circular é essencial para o meio ambiente. “Ele gera uma menor demanda de produtos, o que vai reduzir a utilização de matérias-primas da natureza”, diz.
“É importante ressaltar que as ações individuais conservam muito pouco o meio ambiente. O que faz a gente ter algo que o impacte de forma positiva, é financiar a ciência para que sejam criados produtos que demandem menos a natureza e que durem mais”, alerta Morgana. Segundo ela, atualmente, não temos tanto incentivo para consumo ou produção de bens duradouros. “É necessária uma pressão, principalmente governamental, por meio de políticas públicas, para que indústrias criem produtos utilizando materiais duráveis e que possam ser reciclados”, avalia.
Foi acreditando em que poderia beneficiar o meio ambiente que a enfermeira Claudene Silva, 50 anos, decidiu passar a comprar roupas em brechós. “Aderi, recentemente, e acho que vale muito a pena. Além de ser econômico, a qualidade das peças e, principalmente, a questão ambiental que a moda circular tem, me cativaram muito”, conta. “Para o comércio, de forma geral, é sempre bom adquirir aquilo que é novo. Mas, não podemos olhar apenas por esse lado, temos que pensar no futuro do planeta que vai ficar para as nossas crianças”, considera.
A engenheira ambiental Raizza Maria Matos, 29, se inspirou em sua formação para se tornar proprietária de um brechó. “Comecei um pouco antes da pandemia, trabalhei no brechó de uma amiga. Com o passar do tempo, fui percebendo que era disso que gostava, além de entender a questão ambiental no mundo da moda, que é uma das (áreas) que mais geram resíduos. Estamos tentando caminhar para que a loja zere o desperdício”, comenta.
Raizza destaca que, além de brechó, o espaço funciona como uma loja colaborativa. “Aqui, as pessoas podem alugar um espaço para expor seus produtos. Só que sempre prezamos que os empreendedores estejam alinhados à questão ambiental”, explica. “Um exemplo é uma expositora que vende biquínis com a pegada zero resíduo. Ela cria modelos que são feitos a partir de retalhos de outras peças”, detalha a empresária.
Compra consciente
Outro que acredita na economia circular é o comerciante João Cleomes Ferreira, 50, proprietário de uma loja de móveis usados. No ramo desde 2004, ele conta que começou após perceber que “dá para reaproveitar as coisas, (algo) sempre vai servir para alguém”. “É um ramo bom, e acredito que a tendência é crescer ainda mais. Tudo se recicla ou se reaproveita na natureza”, opina.
Ferreira destaca que poder contribuir para diminuir a poluição e o desperdício também o incentivaram a criar um negócio ligado à economia circular. “A gente costuma ir à casa do cliente que está querendo se livrar de um móvel. Além de conseguir o objeto para revender, descartamos aqueles que não servem, no local adequado, contribuindo com a natureza”, garante. “Muitas vezes, ficando com os clientes, eles são jogados em qualquer lugar, prejudicando o meio ambiente”, pondera.
O economista Riezo Almeida dá dicas para quem deseja aderir ao modelo de “compra consciente”, especialmente móveis e eletrodomésticos: “Prefira aqueles feitos com materiais reciclados e opte por produtos de qualidade e durabilidade. Isso reduz a necessidade de substituições frequentes, causando menos impacto ambiental”. “Ao apoiar esses tipos de produtos, os consumidores incentivam a demanda por matérias-primas recicladas, impulsionando ainda mais a economia circular”, afirma.
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