Sustentabilidade
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Com o tema “Museus, Sustentabilidade e Bem-estar”, Fundação de Cultura realiza 21ª edição da Semana Nacional de Museus
Em 2023, a 21ª edição da Semana Nacional de Museus traz o tema “Museus, sustentabilidade e bem-estar”, como parte do avanço de uma agenda dedicada à sustentabilidade. A abertura será no dia 15 de maio às 15h, no Auditório do Museu de Arqueologia – MuArq, que fica na Av. Fernando Correa da Costa, 559, 1º andar, com a palestra “Repatriação e restituição de bens culturais”, com a Prof.ª Dr.ª Karine Lima da Costa, Historiadora e Museóloga.
Os eventos ocorrem nos museus do estado entre os dias 15 a 21 de maio, com ampla programação presencial e virtual. Serão palestras, oficinas, formações, exposições e mostras culturais. A programação completa pode ser conferida no site da Fundação de Cultura.
A escolha do tema, proposto anualmente pelo Conselho Internacional de Museus – ICOM para o Dia Internacional dos Museus, celebrado em 18 de maio, tem como objetivo destacar a importância dos museus como espaços que promovem o bem-estar e a sustentabilidade e apoiar três dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU): Saúde e Bem-Estar Global, Ação Climática e Vida na Terra.
O tema “Museus, sustentabilidade e bem-estar” lembra-nos que os museus podem contribuir para o bem-estar das pessoas de muitas maneiras, incluindo a promoção da saúde mental, a educação e a sensibilização ambiental. Os museus ajudam a promover a inclusão social, a diversidade, a conexão com a natureza, a compreender a questão climática e amplificar a voz dos povos originários tornando-se, assim, importantes aliados na luta pela sustentabilidade a partir da sua própria concepção de “bem-viver”.
Os museus contribuem ainda com a sustentabilidade ao buscar garantir que seus edifícios e processos sejam eficientes em termos de energia e recursos, e que promovam práticas de conservação e preservação dos recursos naturais e culturais. Também trazem benefícios ao bem-estar emocional ao fornecer espaços de lazer e aprendizado onde as pessoas podem se conectar com a história, a cultura e a arte.
Durante a Pandemia de Covid-19 a produção cultural se mostrou essencial para a manutenção da saúde mental. Museus e galerias de arte, que não eram tradicionalmente considerados equipamentos de saúde pública, adaptaram-se para manter contato com seu público e promover a interação virtualmente, ajudando a reduzir o impacto do isolamento social na saúde mental das pessoas. Em alguns países os museus vêm sendo usados como terapia por meio de atividades culturais em grupo para pessoas com depressão, licença médica ou desemprego. Na presencialidade, muitos museus abriram-se extraordinariamente para defender a vida, sendo pontos de vacinação à comunidade, promovendo o bem-estar social.
Para a gerente de Patrimônio Cultural da FCMS, Melly Sena, “nesta 21ª edição da Semana Nacional de Museus vamos ressaltar o papel fundamental dos museus na contribuição para o bem-estar e o desenvolvimento sustentável das comunidades, onde possuem papel fundamental como espaços que promovem a consciência, fortalecem as identidades e a participação cidadã”.
A programação estadual da 21ª Semana Nacional de Museus contará com ações nos municípios de Bataguassu. Bonito, Campo Grande, Corumbá, Costa Rica e Maracaju.
Além do MARCO (Museu de Arte Contemporânea) e do MIS (Museu da Imagem e do Som), temos participação confirmada das seguintes instituições: Museu de Arqueologia da UFMS, Museu das Culturas Dom Bosco/UCDB, Casa da Ciência e Cultura de Campo Grande, Rede de Educadores em Museus de MS, Arquivo Público Estadual de MS, Museu José Antônio Pereira, ATRIVM/UFMS, Museu Interativo Nelson Silva Soares (Costa Rica), Casa do Dr. Gabi Espaço de Memória e Instituto do Homem Pantaneiro (Corumbá), Museu Helena Meirelles (Bataguassu), Casa da Memória Raída (Bonito) e Museu de Tecnologia Regional Domadora Anna Thereza de Lima Alves (Maracaju).
Sustentabilidade: uma causa que afeta o planeta
O GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE mostra que um grupo de elite de empresas avança na aplicação das metas para o desenvolvimento sustentável do país
Mais de uma dezena de reuniões do último encontro do Fundo Monetário Internacional, realizado em outubro na cidade de Washington, nos Estados Unidos, abordaram um tema que anos atrás costumava ficar restrito a debates entre ativistas: o aquecimento global. Num sinal claro de que as mudanças climáticas e suas consequências são percebidas como um risco econômico tão real quanto iminente, representantes de diversos países debateram como os bancos centrais podem se preparar para uma crise ambiental no planeta e, em paralelo, quais são os meios possíveis de financiamento da transição para uma economia de baixo carbono. A urgência está em traçar uma estratégia viável para a próxima década. Segundo a Organização das Nações Unidas, é preciso reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa a fim de evitar o excessivo aquecimento global. Se nada for feito, até 2030 a temperatura do planeta subirá para uma média 1,5 grau Celsius acima da que costumava ser antes do período industrial.
Enquanto a adesão de países se mostra errática, de acordo com a orientação política dos governantes, o movimento mais consistente na direção de manter uma postura responsável — e não apenas na seara ambiental — é visto entre grandes empresas. Com metas claras, muitas delas têm sido guiadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um amplo plano para melhorar o mundo lançado pela Organização das Nações Unidas em 2015. O documento é composto de 17 tópicos, desdobrados em 169 metas para 2030. Esses objetivos servem de referência para quase 85% das 190 empresas participantes da 20a edição do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE. Dessas, dois terços fizeram uma análise de materialidade para priorizar os ODS mais relevantes para seus modelos de negócios. “Os ODS estão bem posicionados como referência de políticas no Brasil e no mundo”, diz Aron Belinky, fundador da consultoria ABC Associados, responsável pela metodologia do GUIA EXAME de SUSTENTABILIDADE, maior levantamento de práticas de responsabilidade corporativa do país.
Metodologia
A edição deste ano do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE avaliou ações, processos e condutas de 210 empresas participantes que responderam às mais de 160 questões elaboradas pela ABC Associados, também responsável pela metodologia de escolha das empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, e formada por profissionais egressos da extinta área de rankings corporativos do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Numa metodologia utilizada desde 2007, a sustentabilidade das organizações é analisada de acordo com quatro eixos temáticos: geral, econômico, ambiental e social. A escolha dos destaques começa com a identificação das empresas que obtiveram pontuação acima da média das participantes, independentemente do setor em que atuam. A isso foi somado o desvio-padrão verificado na análise de cada uma das dimensões. Em seguida, um processo de apuração jornalística a respeito de questões críticas pertinentes a cada empresa se deu em paralelo ao auxílio de um conselho deliberativo, formado por especialistas.
Assim, EXAME chegou à lista das 77 melhores empresas desta publicação, posteriormente divididas em 19 setores. Também foram eleitos os destaques em dez categorias temáticas: Direitos Humanos, Ética e Transparência, Gestão da Água, Gestão da Biodiversidade, Gestão de Fornecedores, Gestão de Resíduos, Governança da Sustentabilidade, Mudanças Climáticas (que inclui gestão de energia), Relação com a Comunidade e Relação com Clientes. Por fim, EXAME selecionou, entre as mais sustentáveis de cada setor, a Empresa Sustentável do Ano.
Mais de uma dezena de reuniões do último encontro do Fundo Monetário Internacional, realizado em outubro na cidade de Washington, nos Estados Unidos, abordaram um tema que anos atrás costumava ficar restrito a debates entre ativistas: o aquecimento global. Num sinal claro de que as mudanças climáticas e suas consequências são percebidas como um risco econômico tão real quanto iminente, representantes de diversos países debateram como os bancos centrais podem se preparar para uma crise ambiental no planeta e, em paralelo, quais são os meios possíveis de financiamento da transição para uma economia de baixo carbono. A urgência está em traçar uma estratégia viável para a próxima década. Segundo a Organização das Nações Unidas, é preciso reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa a fim de evitar o excessivo aquecimento global. Se nada for feito, até 2030 a temperatura do planeta subirá para uma média 1,5 grau Celsius acima da que costumava ser antes do período industrial.
Enquanto a adesão de países se mostra errática, de acordo com a orientação política dos governantes, o movimento mais consistente na direção de manter uma postura responsável — e não apenas na seara ambiental — é visto entre grandes empresas. Com metas claras, muitas delas têm sido guiadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um amplo plano para melhorar o mundo lançado pela Organização das Nações Unidas em 2015. O documento é composto de 17 tópicos, desdobrados em 169 metas para 2030. Esses objetivos servem de referência para quase 85% das 190 empresas participantes da 20a edição do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE. Dessas, dois terços fizeram uma análise de materialidade para priorizar os ODS mais relevantes para seus modelos de negócios. “Os ODS estão bem posicionados como referência de políticas no Brasil e no mundo”, diz Aron Belinky, fundador da consultoria ABC Associados, responsável pela metodologia do GUIA EXAME de SUSTENTABILIDADE, maior levantamento de práticas de responsabilidade corporativa do país.
Metodologia
A edição deste ano do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE avaliou ações, processos e condutas de 210 empresas participantes que responderam às mais de 160 questões elaboradas pela ABC Associados, também responsável pela metodologia de escolha das empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, e formada por profissionais egressos da extinta área de rankings corporativos do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Numa metodologia utilizada desde 2007, a sustentabilidade das organizações é analisada de acordo com quatro eixos temáticos: geral, econômico, ambiental e social. A escolha dos destaques começa com a identificação das empresas que obtiveram pontuação acima da média das participantes, independentemente do setor em que atuam. A isso foi somado o desvio-padrão verificado na análise de cada uma das dimensões. Em seguida, um processo de apuração jornalística a respeito de questões críticas pertinentes a cada empresa se deu em paralelo ao auxílio de um conselho deliberativo, formado por especialistas (veja quadro abaixo).
Assim, EXAME chegou à lista das 77 melhores empresas desta publicação, posteriormente divididas em 19 setores. Também foram eleitos os destaques em dez categorias temáticas: Direitos Humanos, Ética e Transparência, Gestão da Água, Gestão da Biodiversidade, Gestão de Fornecedores, Gestão de Resíduos, Governança da Sustentabilidade, Mudanças Climáticas (que inclui gestão de energia), Relação com a Comunidade e Relação com Clientes. Por fim, EXAME selecionou, entre as mais sustentáveis de cada setor, a Empresa Sustentável do Ano.
A busca por um impacto positivo que traga benefícios tanto para o planeta quanto para os negócios levou a alemã Siemens a redirecionar o portfólio em 2016. Naquele ano, a companhia passou a analisar o impacto de sua operação global em relação aos ODS. Com uma oferta ampla de serviços, a Siemens persegue os 17 objetivos estabelecidos pela ONU, mas as prioridades mudam de acordo com o país de atuação. “Temos um relatório específico para o Brasil e, com base nele, entendemos quais estratégias de negócio geram mais impactos nos ODS”, diz Henrique Paiva, principal executivo de sustentabilidade da Siemens, destacando a ação contra a mudança global do clima. “Metade do nosso faturamento vem do portfólio ambiental, que é voltado para a geração de energia renovável e para a eficiência no consumo.”
A cada ano, a Siemens ajuda os clientes a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 600 milhões de toneladas por meio de alternativas como a geração de energia eólica e o uso de biomassa. Para Paiva, a empresa atende a uma demanda que só tende a crescer, e a venda desses serviços, além de ter impacto ambiental positivo, também aumenta o faturamento da companhia. Em uma visão mais voltada para o futuro, a Siemens enxerga possibilidades de negócio nos ODS de cidades e comunidades sustentáveis. Em junho, a empresa entregou para a cidade paulista de Jundiaí, onde mantém uma fábrica, um estudo que identifica as tecnologias mais adequadas para tornar o município inteligente e mais próximo das metas ambientais. “A análise traz soluções que não vendemos, como o ônibus elétrico, mas pode gerar novas demandas, algo que, lá na frente, trará benefícios para a empresa”, afirma Paiva. Outras cidades, em São Paulo e em Goiás, devem receber estudos com a mesma metodologia.
O levantamento mostra que aumentou — de 56,5%, em 2018, para 63,3%, em 2019 — a quantidade de empresas que mudaram seus processos considerando o impacto que eles geravam nas mudanças climáticas. Maior fabricante do mundo de produtos para cuidados pessoais e de beleza, a subsidiária da francesa L’Oréal fez essa reavaliação. Hoje, 78% do produtos novos ou renovados têm perfil ambiental melhorado, e a meta para 2020 é repensar 100% deles em aspectos que vão desde a embalagem até a formulação. A meta é obter bons resultados em todas as pontas do tripé da sustentabilidade: impacto positivo no meio ambiente, na sociedade e também nos resultados financeiros da empresa. É o que ocorre, por exemplo, com a adoção de algumas matérias-primas brasileiras. As compras de óleos de babaçu e pracaxi beneficiam 276 famílias nas regiões Norte e Nordeste. “Uma empresa que não esteja alinhada com os grandes desafios do planeta vai desaparecer”, afirma Maya Colombani, diretora de marketing, inovação e sustentabilidade da L’Oréal Brasil. “As mudanças permitem um alinhamento com as expectativas e perspectivas do consumidor.”
Algumas empresas já avançaram tanto que agora objetivam zerar as próprias emissões de carbono ou a geração de resíduos nas fábricas. A Whirlpool, fabricante americana de eletrodomésticos, é uma delas. A subsidiária brasileira conseguiu zerar a geração de resíduos nas fábricas em 2015. A meta global é atingir esse patamar só em 2022. “Continuamos a perseguir outras metas de uso eficiente de recursos dentro das linhas de produção, e isso traz também competitividade ao produto”, diz Vanderlei Niehues, diretor de sustentabilidade da Whirlpool no Brasil. Num programa global, a empresa estipulou que, até 2025, pretende reduzir as emissões a um nível 30% inferior ao registrado em 2005. Um dos pilares desse processo é a ampliação do uso de energias renováveis. Nos Estados Unidos, a Whirlpool é uma das maiores produtoras de energia eólica in loco. Toda a estratégia de sustentabilidade da empresa gira em torno de cinco ODS, entre eles consumo e produção responsáveis. “A escolha inicia com a questão: onde podemos causar mais impacto?”, diz Niehues. “Precisamos escolher ODS de grande repercussão, com custos gerenciáveis em atividades que já executamos.”
O exercício de pensar nas intersecções entre o negócio e os objetivos de desenvolvimento sustentável é fundamental para criar estratégias que possam ganhar escala. No setor elétrico, a EDP no Brasil elegeu nove dos 17 objetivos propostos pela ONU. Uma das mais relevantes no Brasil está relacionada à oferta de energia limpa. “Nossa estratégia é descarbonizar a produção”, diz Dominic Schmal, gestor executivo de sustentabilidade da EDP no Brasil. Nessa área, a empresa tem realizado projetos como a instalação de 15?000 painéis fotovoltaicos em cerca de 90 agências do Banco do Brasil. À medida que o negócio cresce, todos ganham: o planeta, a sociedade e a própria empresa.
Membro do conselho do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE, Marcel Fukayama é cofundador do Sistema B no Brasil e diretor executivo do Sistema B Internacional. Criada em 2012, a rede reúne 3?000 empresas em 71 países, as quais seguem os princípios de transparência e geração de impacto positivo com o negócio. A fabricante de alimentos Danone é a primeira grande empresa global a buscar a certificação — não apenas a matriz francesa como também as subsidiárias, incluindo a brasileira. Aqui, a maior empresa certificada é a fabricante de cosméticos Natura. De acordo com Fukayama, pelo menos dez outras empresas brasileiras de capital aberto estão em processo de certificação. A seguir, a conversa com Fukayama.
Qual será o papel das empresas no combate às mudanças climáticas?
De acordo com a Organização das Nações Unidas, temos um investimento necessário de cerca de 4 trilhões de dólares por ano para financiar a agenda 2030. Disso, mais de 2,5 trilhões são para mercados emergentes. É irreal crer que apenas governos e filantropia serão suficientes. É preciso, além de mobilizar o capital privado, engajar as empresas.
Qual caminho as empresas mais sustentáveis estão seguindo?
Três características são importantes. Primeiro, o propósito de gerar impacto positivo. Sair da lógica em que se ganha dinheiro com impacto negativo, fazendo compensações. O impacto positivo deve estar atrelado ao modelo de negócios. Depois, a responsabilidade de lidar com os valores gerados pela companhia: eles devem ser compartilhados, e não destinados apenas a acionistas. Existe, ainda, a importância de ter transparência nos processos.
Em relação a essas características, como o senhor avalia as empresas brasileiras?
É muito difícil transformar um negócio que nasceu com um DNA não voltado para a geração de impacto positivo. É uma transformação essencialmente cultural, que altera formas de pensar e fazer. Não basta criar um instituto e achar que está tudo certo.
Como o comprometimento com causas sociais ou ambientais pode gerar benefícios à empresa?
Vale lembrar que um CNPJ é um conjunto de CPFs, e metade da força de trabalho hoje já é da geração millennial. Em cinco anos, esse número chegará a 75%. Trata-se de uma geração que quer propósito, e as empresas que não conseguem trazer propósito para seu modelo de negócios tendem a perder a capacidade de atrair e reter talentos — e consumidores. Não é uma ação por amor, é porque gera resultados. Larry Fink [presidente do conselho de administração da gestora BlackRock], maior gestor de ativos do planeta, tem se manifestado publicamente sobre lucro com propósito. Ele quer dialogar com as corporações alinhadas à agenda global, e os investidores vão nessa direção.
Fonte: Exame
Sustentabilidade: A vontade de fazer diferença
A inquietação de Maria Pennachin com a falta de cuidados com o meio ambiente e a vontade de fazer a diferença, vêm da infância, por influência do avô
O vídeo de biólogos retirando um canudo plástico da narina de uma tartaruga marinha na Costa Rica (de 2015) foi o que motivou a adolescente Maria Pennachin, de 17 anos, a pesquisar e desenvolver uma versão biodegradável e comestível à base de inhame.
“Eu vi e pensei que precisava fazer algo. Como em geral são as crianças que mais utilizam, concentrei em desenvolver algo comestível. Mas na verdade a minha ideia foi chamar a atenção delas e dar a oportunidade de conscientização. Mais do que só um canudo, considero é um símbolo, um presta atenção para assuntos que não podem mais passar batido, como jogar o chiclete no chão”.
A inquietação de Maria com a falta de cuidados com o meio ambiente e a vontade de fazer a diferença, nem que seja apenas debatendo o tema, vêm da infância, por influência do avô, Sebastião Terossi: “ele sempre gostou do tema e sonhava cursar física, mas como era integral e ele precisava trabalhar, acabou fazendo o curso de direito. Foi ele quem escolheu meu nome, porque dizia que Maria era nome de cientista, ou de médica. Meu avô morreu no ano que entrei no Culto à Ciência. Eu quis estudar lá, por causa dele e a escola fez toda a diferença para mim, principalmente pelos professores”.
“A Maria está lá”
A jovem conta que, quando convidada para festas dos colegas de classe, costuma ser apontada como o motivo pelo qual todos devem levar seus próprios canudos. “Eles dizem, não esqueçam que a Maria estará lá”, brinca ela. “Nós conseguimos tirar os canudos da cantina da escolha e trazer o tema para discussão, tudo isso é muito importante”, conta.
Graças ao biocanudo, Maria tem tido um ano de agenda cheia. Seu projeto – ainda em fase de protótipo e aguardando patente – tornou-se famoso não apenas nas feiras de ciência do Brasil, mas também no Exterior.
Em julho deste ano, ela foi uma das duas estudantes brasileiras premiadas com bolsa para o National Youth Science Camp, nos Estados Unidos. Trata-se de um acampamento científico que reúne os dois melhores estudantes do último ano do Ensino Médio de cada estado norte-americano, além de 16 estrangeiros, para estudos e palestras com o objetivo de fomentar o gosto pela ciência.
Feira internacional
Em setembro, ela levou seu biocanudo para uma feira internacional em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. “Tem sido um ano muito bacana para mim. O acampamento nos Estados Unidos foi incrível. Não tínhamos acesso a internet e assistíamos até três palestras por dia, além de outros eventos, mas o conteúdo era tão bacana que não me sentia cansada. Ao contrário, estar ali era uma experiência única”, comenta a jovem.
O projeto do biocanudo foi desenvolvido de maio a agosto de 2018. Desde então, o desafio é tornar o protótipo uma realidade. “Se queremos o jovem como protagonista na construção de uma sociedade mais sustentável, precisamos criar mecanismos que estejam em consenso. Precisamos de estímulos”, avalia.
Alias, quando questionada sobre o papel do jovem na ciência e na construção de uma vida saudável para todos, Maria aponta a sueca Greta Thuberg, de 16 anos, como inspiração. “Eu já acompanhava o trabalho dela pelo Twitter antes de toda a repercussão em cima dela este ano. Acho que é preciso muita coragem para estar ali, por que além dos elogios vem as críticas. Eu não imagino como seja a pressão. Comigo tem, claro, pessoas que nem sempre concordam, mas sempre com respeito”.
Muitos projetos
Além do biocanudo e da defesa do desenvolvimento do plástico biodegradável, Maria tem outras bandeiras. “No final deste mês, estarei em um workshop na Unesp sobre ‘Mulheres cientistas e sustentabilidade’. Acho importante falarmos sobre representatividade das mulheres na ciência. Este ano, pela primeira vez, o acampamento dos Estados Unidos recebeu um número maior de alunas do que alunos.”
Ela também tem participado de palestras em outras escolas públicas de Campinas para debate sobre a importância da ciência e da sustentabilidade.
“Eu vejo que precisamos mudar algumas coisas na forma de ensinar. O meio ambiente é um tema que pode ser discutido em todas as matérias, porque estamos falando de conteúdos que são transdisciplinares, porém muitas escolas ainda focam em um método de ensino segregado, que não ensina a pensar. Então temos ótimos alunos conteudistas, porém com pouca capacidade de lidar com a imprevisibilidade que te faz sair da zona do conforto e aprender mais.”
Neste sentido, Maria tem se dedicado também a lutar pelo ensino do inglês nas escolas públicas. Segundo ela, não basta trazer a ciência sem que se traga o idioma pelo qual é falada em todo o mundo.
Palestras
Para dezembro, no Culto à Ciência, ela está organizando uma série de palestras sobre a relevância do idioma para jovens palestrantes. A ideia é dar fala a jovens que puderam sair do País e que eles contem como falar inglês pode ajudar. “O mundo compartilha ciência em inglês”, destaca.
A estudante, que pretende cursar engenharia química, tem ainda o objetivo de mostrar para as pessoas que é possível ser sustentável sem ser radical ou adotar um discurso utópico. “Por exemplo, não dá para abolir o plástico do Plástico, mas podemos pensar na reutilização, nos biodegradáveis e em novas tecnologias. Por outra lado, temos que descartar quando não necessário como nos copos e canudos.
Estímulo à ciência e pesquisa
Trabalhar a educação ambiental na escola pública, com foco na conscientização socioambiental, e a partir das descobertas da ciência, foi a estratégia encontrada pelas professoras Aloísia Moretto e Cláudia Caniati para contribuir com o meio ambiente e, claro, ganhar o apoio dos alunos da EE Culto a Ciência, onde lecionam.
Há dois anos, as professoras criaram uma disciplina eletiva onde orientam e monitoram inciativas dos alunos. A ideia é trabalhar temas atuais, relacionados a ciência e pesquisa, com a finalidade de envolver a comunidade e conscientizar os jovens do que podemos fazer, através de estudo, pelo meio ambiente. “A gente quer mostrar para eles que seguir na ciência é uma opção”, diz Claudia.
Além do projeto de Maria, recentemente um outro trabalho supervisionado por elas ganhou destaque. Após os alunos identificarem uma nascente de água localizada no subsolo do auditório da escola, o estudo concentrou-se na busca por alternativas por meio de ideias sustentáveis de armazenamento, preservação e uso racional da água em benefício da comunidade local. A iniciativa ganhou diversos prêmios no Brasil e no Chile. Outro exemplo é um projeto voltado para conscientizar o descarte correto de lixo.
Após identificarem que muitas pessoas ao redor da escola não utilizavam as lixeiras, os alunos apontaram como solução pintar os coletores. Porém, o projeto está parado, uma vez que a escola gostaria de possibilitar uma oficina de grafitagem para estudantes, para que eles mesmos fizessem a arte. “Nós procuramos voluntários que queiram ensinar a técnica”, conta Claudia.
Fonte: Correio Popular
Resíduos de óleo são utilizados para fazer cimento no PE e viram carvão na BA
Especialista alerta que a aplicação do carvão, no entanto, demanda mais estudos
As imagens de toneladas e toneladas de óleo retiradas das praias do Nordeste têm levantado uma questão: e depois, o que fazer com tudo isso? A resposta em Pernambuco foi levar o material à Central de Tratamento de Resíduos, a Ecoparque, empresa contratada em regime de urgência, cujo aterro é sediado em Igarassu. Para lá, foram destinadas mais de 1,3 mil toneladas de óleo e itens contaminados pela substância, como baldes, luvas e máscaras.
O material passa por uma triagem para reduzir a presença de areia e, em seguida, é triturado com tecidos, borrachas e outros itens que tiveram contato com produtos industriais. O resultado são pilhas de fragmentos diversos, em que o óleo se destaca pelo brilho.
Forma-se, então, o que se chama de blend energético, que é vendido para ao menos três empresas de produção de cimento, sendo utilizado como combustível de fornos junto com o coque – um subproduto destilado do petróleo. “O petróleo sólido é muito caro e exige grande logística, porque vem de navio. Assim como o coque, esse blend tem o poder calorífico alto”, explica Romero Dominoni, diretor geral da Ecoparque.
Na Bahia, os resíduos encontrados nas praias têm se transformado em carvão, com a ajuda de cientistas. Dentro de uma betoneira, são usados bioaceleradores desenvolvidos por um grupo de pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Esses componentes ajudam na degradação do óleo e o transformam em carvão. “Esses bioaceleradores, dois sólidos e três líquidos, não agridem o solo nem os vegetais”, disse a professora da UFBA Zenis Novais.
Segundo Zenis, o produto é bem menos agressivo do que o petróleo cru. O procedimento pode complementar ou substituir o que se pretende fazer com o petróleo: incinerar. “O processo de incineração produz enxofre, nitrogênio e libera gases que afetam o meio ambiente”, diz Zenis.
A aplicação do carvão, no entanto, demanda mais estudos. Segundo a professora, a depender da composição, o carvão pode ser misturado com terra e colocado nas plantas, como uma espécie de adubo. Outra opção é usá-lo como combustível na produção do cimento, como vem sendo feito em Pernambuco.
Fonte: Correio Braziliense