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Sustentabilidade: A vontade de fazer diferença

Canudo A aluna Maria Terossi Pennachin fez um BioCanudo a base de inhame Foto: Matheus Pereira

A inquietação de Maria Pennachin com a falta de cuidados com o meio ambiente e a vontade de fazer a diferença, vêm da infância, por influência do avô

O vídeo de biólogos retirando um canudo plástico da narina de uma tartaruga marinha na Costa Rica (de 2015) foi o que motivou a adolescente Maria Pennachin, de 17 anos, a pesquisar e desenvolver uma versão biodegradável e comestível à base de inhame.

“Eu vi e pensei que precisava fazer algo. Como em geral são as crianças que mais utilizam, concentrei em desenvolver algo comestível. Mas na verdade a minha ideia foi chamar a atenção delas e dar a oportunidade de conscientização. Mais do que só um canudo, considero é um símbolo, um presta atenção para assuntos que não podem mais passar batido, como jogar o chiclete no chão”.

A inquietação de Maria com a falta de cuidados com o meio ambiente e a vontade de fazer a diferença, nem que seja apenas debatendo o tema, vêm da infância, por influência do avô, Sebastião Terossi: “ele sempre gostou do tema e sonhava cursar física, mas como era integral e ele precisava trabalhar, acabou fazendo o curso de direito. Foi ele quem escolheu meu nome, porque dizia que Maria era nome de cientista, ou de médica. Meu avô morreu no ano que entrei no Culto à Ciência. Eu quis estudar lá, por causa dele e a escola fez toda a diferença para mim, principalmente pelos professores”.

“A Maria está lá”

A jovem conta que, quando convidada para festas dos colegas de classe, costuma ser apontada como o motivo pelo qual todos devem levar seus próprios canudos. “Eles dizem, não esqueçam que a Maria estará lá”, brinca ela. “Nós conseguimos tirar os canudos da cantina da escolha e trazer o tema para discussão, tudo isso é muito importante”, conta.

Graças ao biocanudo, Maria tem tido um ano de agenda cheia. Seu projeto – ainda em fase de protótipo e aguardando patente – tornou-se famoso não apenas nas feiras de ciência do Brasil, mas também no Exterior.

Em julho deste ano, ela foi uma das duas estudantes brasileiras premiadas com bolsa para o National Youth Science Camp, nos Estados Unidos. Trata-se de um acampamento científico que reúne os dois melhores estudantes do último ano do Ensino Médio de cada estado norte-americano, além de 16 estrangeiros, para estudos e palestras com o objetivo de fomentar o gosto pela ciência.

Feira internacional

Em setembro, ela levou seu biocanudo para uma feira internacional em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos. “Tem sido um ano muito bacana para mim. O acampamento nos Estados Unidos foi incrível. Não tínhamos acesso a internet e assistíamos até três palestras por dia, além de outros eventos, mas o conteúdo era tão bacana que não me sentia cansada. Ao contrário, estar ali era uma experiência única”, comenta a jovem.

O projeto do biocanudo foi desenvolvido de maio a agosto de 2018. Desde então, o desafio é tornar o protótipo uma realidade. “Se queremos o jovem como protagonista na construção de uma sociedade mais sustentável, precisamos criar mecanismos que estejam em consenso. Precisamos de estímulos”, avalia.

Alias, quando questionada sobre o papel do jovem na ciência e na construção de uma vida saudável para todos, Maria aponta a sueca Greta Thuberg, de 16 anos, como inspiração. “Eu já acompanhava o trabalho dela pelo Twitter antes de toda a repercussão em cima dela este ano. Acho que é preciso muita coragem para estar ali, por que além dos elogios vem as críticas. Eu não imagino como seja a pressão. Comigo tem, claro, pessoas que nem sempre concordam, mas sempre com respeito”.

Muitos projetos

Além do biocanudo e da defesa do desenvolvimento do plástico biodegradável, Maria tem outras bandeiras. “No final deste mês, estarei em um workshop na Unesp sobre ‘Mulheres cientistas e sustentabilidade’. Acho importante falarmos sobre representatividade das mulheres na ciência. Este ano, pela primeira vez, o acampamento dos Estados Unidos recebeu um número maior de alunas do que alunos.”

Ela também tem participado de palestras em outras escolas públicas de Campinas para debate sobre a importância da ciência e da sustentabilidade.

“Eu vejo que precisamos mudar algumas coisas na forma de ensinar. O meio ambiente é um tema que pode ser discutido em todas as matérias, porque estamos falando de conteúdos que são transdisciplinares, porém muitas escolas ainda focam em um método de ensino segregado, que não ensina a pensar. Então temos ótimos alunos conteudistas, porém com pouca capacidade de lidar com a imprevisibilidade que te faz sair da zona do conforto e aprender mais.”

Neste sentido, Maria tem se dedicado também a lutar pelo ensino do inglês nas escolas públicas. Segundo ela, não basta trazer a ciência sem que se traga o idioma pelo qual é falada em todo o mundo.

Palestras

Para dezembro, no Culto à Ciência, ela está organizando uma série de palestras sobre a relevância do idioma para jovens palestrantes. A ideia é dar fala a jovens que puderam sair do País e que eles contem como falar inglês pode ajudar. “O mundo compartilha ciência em inglês”, destaca.

A estudante, que pretende cursar engenharia química, tem ainda o objetivo de mostrar para as pessoas que é possível ser sustentável sem ser radical ou adotar um discurso utópico. “Por exemplo, não dá para abolir o plástico do Plástico, mas podemos pensar na reutilização, nos biodegradáveis e em novas tecnologias. Por outra lado, temos que descartar quando não necessário como nos copos e canudos.

Estímulo à ciência e pesquisa

Trabalhar a educação ambiental na escola pública, com foco na conscientização socioambiental, e a partir das descobertas da ciência, foi a estratégia encontrada pelas professoras Aloísia Moretto e Cláudia Caniati para contribuir com o meio ambiente e, claro, ganhar o apoio dos alunos da EE Culto a Ciência, onde lecionam.

Há dois anos, as professoras criaram uma disciplina eletiva onde orientam e monitoram inciativas dos alunos. A ideia é trabalhar temas atuais, relacionados a ciência e pesquisa, com a finalidade de envolver a comunidade e conscientizar os jovens do que podemos fazer, através de estudo, pelo meio ambiente. “A gente quer mostrar para eles que seguir na ciência é uma opção”, diz Claudia.

Além do projeto de Maria, recentemente um outro trabalho supervisionado por elas ganhou destaque. Após os alunos identificarem uma nascente de água localizada no subsolo do auditório da escola, o estudo concentrou-se na busca por alternativas por meio de ideias sustentáveis de armazenamento, preservação e uso racional da água em benefício da comunidade local. A iniciativa ganhou diversos prêmios no Brasil e no Chile. Outro exemplo é um projeto voltado para conscientizar o descarte correto de lixo.

Após identificarem que muitas pessoas ao redor da escola não utilizavam as lixeiras, os alunos apontaram como solução pintar os coletores. Porém, o projeto está parado, uma vez que a escola gostaria de possibilitar uma oficina de grafitagem para estudantes, para que eles mesmos fizessem a arte. “Nós procuramos voluntários que queiram ensinar a técnica”, conta Claudia.

Fonte: Correio Popular

Engenheiros da USP criam plástico biodegradável feito de mandioca, transparente e resistente

Plástico de Mandioca

Tecnologia desenvolvida em parceria por Poli e Esalq processa amido de mandioca usando gás ozônio e aumenta qualidade dos plásticos

Um novo tipo de plástico biodegradável, que tem como matéria-prima o amido de mandioca, foi produzido em parceria por duas unidades da USP: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, e Escola Politécnica (Poli). Os pesquisadores desenvolveram uma técnica que utiliza o gás ozônio para processar o amido e melhorar as propriedades do plástico. O resultado é um produto mais transparente e resistente, que poderá ser usado em diversos tipos de embalagens. O método já teve a patente requerida, visando a transferência de tecnologia para a indústria.

“A busca por alternativas renováveis para a produção de plásticos biodegradáveis é crescente, sendo foco do estudo de diversos grupos de universidades no mundo inteiro”, explica o professor Pedro Esteves Duarte Augusto, coordenador do Grupo de Estudos em Engenharia de Processos (Ge²P) da Esalq. “Uma das possíveis matérias-primas para a produção desses plásticos é o amido, ingrediente natural obtido de vegetais como milho, mandioca, batata, arroz, entre outros.”

Segundo o professor, a união dos grupos de pesquisa ocorreu porque a produção de plásticos a partir de amidos tem sido explorada há 15 anos pelo grupo da professora Carmen Cecilia Tadini, do Laboratório de Engenharia de Alimentos (LEA) da Poli e do Food Research Center (FoRC), um dos Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “Por outro lado, no Ge²P estudamos, desde 2015, diferentes tecnologias para modificação de amidos e possíveis aplicações”. De acordo com o professor Duarte Augusto, embora o grupo já tenha desenvolvido trabalhos com as tecnologias de ultrassom e irradiação, os estudos com modificação de amidos com ozônio têm resultado em diversas aplicações, como a melhoria da expansão no forno e impressão 3D.

Assim o desenvolvimento do projeto em parceria com a Poli conseguiu unir uma demanda às experiências dos grupos envolvidos. E a pesquisadora boliviana Carla Ivonne La Fuente Arias, engenheira química e de alimentos, é o elo dessa união. Carla desenvolve seu pós-doutorado no Ge²P, em parceria com o LEA e com bolsa da Fapesp. “O professor Pedro fez parte da minha banca de qualificação no doutorado e a partir de então teve início essa aproximação que hoje se consolida no pós-doc”, conta.

Ozonização

Carla aponta que o aspecto inovador do seu projeto consiste na modificação do amido de mandioca a partir da ozonização para a produção de filmes. “Trata-se de uma tecnologia verde, amigável com o ambiente. Esse é o foco, modificá-lo com o ozônio de maneira a melhorar suas propriedades na forma nativa. Produzimos assim esse plástico biodegradável e, mesmo ainda na etapa inicial, já obtivemos um produto de boa qualidade. A próxima etapa, a ser executada na Poli, é a produção em escala semi-industrial”, explica. Assim, para a concretização do projeto, são realizadas na Esalq as etapas de ozonização, secagem e caracterização das amostras de amido. Na sequência, Carla leva o material até a Poli para preparar e caracterizar o plástico biodegradável.

Entre os benefícios do novo produto estão maior resistência, transparência e permeabilidade. “O processamento dos amidos com ozônio permitiu a obtenção de filmes plásticos mais resistentes e homogêneos, com diferente interação com a água e, em alguns casos, melhor transparência”, detalha Carla. “Essas são características de grande interesse industrial, demonstrando como a tecnologia de ozônio pode ser útil para a fabricação de plásticos biodegradáveis com propriedades melhores do que utilizando apenas o amido nativo”.

A engenheira lembra que o produto deverá ser utilizado no mercado de várias formas. “As aplicações são inúmeras, já que embalagens mais resistentes e transparentes são desejáveis em grande parte das aplicações”, destaca. Um pedido de patente já foi depositado, visando à transferência de tecnologia para a indústria.

Os resultados obtidos a partir desse estudo foram apresentados no artigo científico Ozonation of cassava starch to produce biodegradable films, publicado na revista International Journal of Biological Macromolecules. O trabalho teve ainda a participação das pesquisadoras Andressa de Souza, Bianca Maniglia e Nanci Castanha, sendo financiado pela Fapesp e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com bolsas da Fapesp, CNPq e Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Fonte: Jornal da USP

Canadá irá banir plásticos de uso único em 2021

tartaruga come plástico

Segundo o governo canadense, o país recicla apenas 10% do plástico; nova lei deverá ser introduzida em dois anos

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou nesta segunda-feira, 10, que os plásticos de um só uso serão banidos no país a partir de 2021.

A proibição desse tipo de plástico atingirá principalmente itens como garrafas e sacolas de supermercado. Trudeau ainda explicou que o Canadá não recicla nem 10% do plástico que produz.

“Em 2021, Canadá banirá plásticos de uso único de costa à costa”, Trudeau disse no anúncio à imprensa.

No anúncio, o governo canadense disse que se inspirou na legislação europeia votada em março deste ano. “Muitos países estão tomando tais medidas, e o Canadá será um deles”, disse Trudeau. “Esse é um grande passo, mas nós sabemos que iremos tomá-lo em 2021”, afirmou.

A legislação na Europa ainda não entrou em vigor. Por se tratar de uma lei feita pelo Parlamento Europeu, cada país membro deverá passá-la por seu legislativo para que ela entre em vigor. Essa legislação europeia não bane completamente o uso de utensílios feitos de plástico (como talheres e canudos) mas incentiva as empresas a usarem alternativas sustentáveis.

Segundo o governo, as taxas baixas de reciclagem acabam por contribuir com a deterioração da fauna no mundo. Cerca de 1 milhão de pássaros e 100 mil mamíferos marinhos são mortos ou feridos por ano devido ao plástico não reciclado.

Tudo o que vai, volta

Recentemente, as Filipinas e a Malásia devolveram toneladas de lixo importadas ilegalmente do Canadá.

O lixo devolvido pelo governo filipino foi enviado ao país ilegalmente entre 2013 e 2014. O governo filipino afirma que que ele foi “disfarçado” de plástico para reciclagem, mas era na verdade lixo eletrônico e doméstico. Duterte, presidente do país, chegou a dizer que entraria em “guerra” para devolver os contêineres.

Já a Malásia, devolveu cerca de 450 toneladas de dejetos para vários países, incluindo o Canadá. No dia do anúncio, a ministra malaia de Energia Ciência e Meio Ambiente disse que “A Malásia não será o lixão do mundo”.

O envio de lixo para outros países asiáticos se tornou prática após a China interromper essa operação repentinamente, alegando preocupações ambientais.

Fonte: Veja

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