Desastre Ambiental

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Rondônia perde 70 mil km² de floresta em quase 30 anos, aponta Mapbiomas

Imagem de satélite mostra avanço do pasto em Rondônia.

Extensão equivale a quase 10 mil campos de futebol do tamanho do Maracanã. Engenheiro florestal diz que recuperação do solo pode levar pelo menos uma década.

Rondônia perdeu 69.526 km² de floresta entre 1990 e 2017. A quantidade de floresta perdida equivale a quase 10 mil campos de futebol do tamanho do Maracanã, no Rio de Janeiro. Os dados são do Mapbiomas (entenda como funciona) e foram analisados pelo G1.

O projeto se constitui em uma base colaborativa mantida por empresas de tecnologia, organizações não governamentais e universidades. O levantamento estuda a série histórica de imagens de satélite Landsat, também usado para capturar informações sobre desmatamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O cálculo de floresta desmatada pelo Mapbiomas exige a análise da série temporal (o que aconteceu nos anos anteriores e posteriores) e, por isso, o recorte atualizado e verificado pela reportagem é do período de quase 30 anos.

Os números do Mapbiomas revelam que, em 1990, a formação florestal em Rondônia era de pouco mais de 20 milhões de hectares. Já a de abertura de pastagem era de quase 2,7 milhões de hectares na época.

Mas a formação florestal declinou para cerca de 14 milhões de hectares em 2017, enquanto o quantitativo de pasto subiu para quase nove milhões, um crescimento de mais de 200% em 27 anos.

Recentemente, dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) apontaram que o desmatamento em toda a Amazônia avançou quase 30% entre julho de 2018 e agosto de 2019.

Trata-se de um aumento de 29,5% em relação ao período anterior (agosto de 2017 a julho de 2018), que registrou 7.536 km² de área desmatada.

Quais são os limites e as proibições?

Na Amazônia Legal, as propriedades devem preservar 80% da vegetação nativa. Porém, mesmo com os 20% livres para uso alternativo do solo, é necessária prévia autorização do órgão estadual – em Rondônia, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam).

“Caso a propriedade possua menos do que 80%, é obrigatória recomposição da seguinte forma: se o desmatamento ocorreu antes de 22 de julho de 2008 (área consolidada), deve-se recuperar até os limites determinados pela legislação estadual. No caso de Rondônia, 10%, 20% ou 50%, dependendo do tamanho da propriedade. Se foi depois dessa data, deve-se recuperar os 80%”, explicou o engenheiro florestal Henrique Nery Cipriani, pesquisador da Empresa Brasileira da Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Rondônia.

Se estiver longe das áreas de preservação permanente (APP) e em dia com os limites permitidos, por exemplo, o produtor pode exercer qualquer atividade. Já sobre o uso do fogo para manejo de pastagem, é fundamental também ter o aval da Sedam, por mais que seja permitido. Contudo, não é recomendado.

“Normalmente, faz-se um inventário da área para retirada de madeira de Lei e outras árvores com valor comercial e para se verificar a existência de espécies ameaçadas de extinção. Neste caso, podem ser exigidas autorizações especiais e algumas compensações. Feito isso, a supressão pode ser feita com máquinas. O uso do fogo é extremamente restrito”, ressaltou Cipriani.

A supressão vegetal não pode ser feita com fogo. A proibição consta, inclusive, no artigo 38 do Código Florestal. A lei também vale para grandes áreas de até dois hectares.

Segundo Henrique Cipriani, o fogo pode prejudicar o solo, a água e o ar. A consequência que mais reflete entre os produtores é a perda da capacidade produtiva da terra.

“Infelizmente, dada a praticidade, o produtor é tentado a recorrer ao fogo, mas há diversas técnicas sustentáveis para o manejo das pastagens e culturas agrícolas e florestais”, reforçou.

A floresta pode voltar a ser floresta?

Pode, mas o processo é lento. Quando acontece o desmatamento e a queimada, então, o trabalho de recuperação corre risco de se estender por décadas.

O motivo é que há o rompimento da cadeia ecológica que havia no ambiente afetado. Com isso, compromete as “funções da floresta”, de acordo com o engenheiro florestal Carlos Francisco Rosetti, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB).

“O solo é uma delas. As áreas de garimpo já são bem mais difíceis e mais caras, muito demoradas. Então nós poderíamos falar em uma década, pelo menos uma década. No caso dos solos da Amazônia, de modo geral, eles precisam da biomassa e a biomassa, por mais acelerada que seja, em função da umidade ou da diversidade das espécies, principalmente do sol e da energia do ambiente, necessitam de um tempo relativamente longo”, explicou.

Conforme Rosetti, o custo para se recuperar uma área afetada pelo desmatamento é alto. O ideal, segundo o engenheiro, seria implementar instrumentos e técnicas para que a floresta, enfim, volte a ser floresta.

“A exemplo da área onde o desastre ambiental de Mariana aconteceu, que eu acompanhei. O tempo de recuperação é lento, mesmo que o relevo seja diferente da Amazônia. Sempre são tempos longos, principalmente se considerarmos o modelo de exploração do solo”, reforçou.

Alertas em alta

O total de áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia bateu recorde no mês passado. De acordo com dados do Sistema de Detecção em Tempo Real (Deter-B), do Inpe, foram emitidos alertas para 284,27 km² de floresta – maior índice para janeiro desde que começou a série histórica, em 2016.

Se comparado com os dados de janeiro de 2019, quando os alertas somaram 136,21 km², houve um aumento de 108%. O número mantém a tendência já verificada de aumento no desmate: no ano passado, os alertas subiram 85% na comparação com 2018.

Fonte: G1

Derramamento de óleo no Nordeste já é quatro vezes maior do que o da Baía de Guanabara

peixes baia da guanabara

O último grande vazamento no Brasil aconteceu em 18 janeiro de 2000, afetou manguezais e matou animais

O derramamento de óleo no Nordeste é quatro vezes maior do que o último grande vazamento no Brasil, registrado na Baía de Guanabara , em 18 janeiro de 2000. Na ocasião foi liberada cerca de 1,1 mil tonelada de óleo combustível na região. O desastre prejudicou manguezais e matou diversos animais. À época, a origem, um duto de óleo combustível da Petrobras ligado à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), foi rapidamente determinada.

Para o professor Paulo Cesar Rosman, do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a tragédia do Nordeste é a maior do país em extensão e, possivelmente, do mundo.

A LUTA DE VOLUNTÁRIOS CONTRA O DERRAMAMENTO DE ÓLEO NO LITORAL NORDESTINO

Um evento realizado na praia de Maracaípe, em Ipojuca, Pernambuco, para agradecer voluntários que vêm lutando para limpar as praias afetadas pelo derramamento de óleo no Nordeste

No episódio do Rio, no entanto, os estragos ambientais foram muito mais graves: o óleo derramado de um navio tinha muito mais componentes tóxicos do que o petróleo que atingiu o litoral brasileiro neste ano, cujos elementos voláteis, como o benzeno, evaporaram e se degradaram ao longo de semanas em alto-mar.

— O volume todo se concentrou no Norte da Baía de Guanabara. Em termos de impacto local, é incomparavelmente mais danoso do que qualquer coisa que apareceu no Nordeste. Lá, você tem desde pequenas manchas, do tamanho de uma uva, até placas do tamanho de um tapete. Mas é um óleo extraordinariamente fragmentado e degradado. Já teria evaporado toda a parte volátil do óleo, que normalmente é a mais tóxica. O que sobrou é aquela massa grossa, parecendo piche — afirma o professor da UFRJ.

O professor de engenharia e petróleo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Ricardo Cabral de Azevedo, pondera, por outro lado, que o trabalho de contenção foi muito mais facilitado no episódio fluminense:

— Foi bem mais fácil de conter, pois se conhecia a fonte, e ele foi detectado e comunicado rapidamente. E era um óleo menos denso, que, portanto, flutuava, ficando bem visível.

Se considerado o volume derramado, há outros casos mais dramáticos do que o brasileiro, destaca o professor da USP. Na explosão da plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México, em 2010, 795 mil toneladas de petróleo foram derramadas na região. Em 1978, o naufrágio de um superpetroleiro no mar da França vazou 230 mil toneladas de óleo. Onze anos depois, a colisão do petroleiro Exxon Valdez em um bloco de gelo no Alaska espalhou 36 mil toneladas de petróleo por 1.800 quilômetros de uma área extremamente sensível ao meio-ambiente.

— As condições ambientais de cada lugar influenciam muito na gravidade do vazamento, além da quantidade em si que tenha vazado — explica Azevedo.

Fonte: O Globo

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