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Queda do petróleo deve ser grande demais para ser compensada por cortes

Em relatório publicado nesta quarta-feira, AIE prevê que a demanda mundial pela commodity irá diminuir em média 9,3 milhões de barris por dia

 

A Agência Internacional de Energia (IEA) projetou nesta quarta-feira uma queda de 29 milhões de barris por dia na demanda por petróleo em abril, para níveis não vistos há 25 anos, alertando que cortes de produção não poderão compensar totalmente a queda do mercado no curto prazo.

Os futuros do petróleo Brent, referência internacional, caíam cerca de 4% pouco após o relatório mensal da IEA, operando próximos de 28,30 dólares por barril.

A IEA estimou uma queda de 9,3 milhões de bpd na demanda em 2020, apesar de ter qualificado como “um sólido início” o acordo entre produtores para restrições recorde à oferta de petróleo, como resposta à pandemia do coronavírus.

“Ao reduzir o pico do excesso de oferta e achatar a curva de crescimento dos estoques, eles ajudam um sistema complexo a absorver o pior da crise”, disse a agência com sede em Paris em seu relatório mensal.

“Não há um acordo viável que possa cortar oferta o suficiente para compensar tais perdas de demanda no curto prazo. No entanto, o acordo da semana passada é um sólido início”.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros produtores incluindo a Rússia chegaram a um acordo no domingo para uma redução recorde na produção a partir de maio, de 9,7 milhões de bpd.

Antes disso, no entanto, abril pode se mostrar o pior mês da história para a indústria de petróleo, uma vez que a produção deve crescer enquanto a demanda tem um tombo devido a medidas de isolamento adotadas pelo mundo contra o coronavírus, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol.

“Quando olharmos para trás, para 2020, poderemos talvez ver que esse foi o pior ano… e abril bem pode ser o pior mês– ele pode ficar conhecido como ‘abril negro’”, disse Birol a jornalistas em uma teleconferência.

Os produtores de petróleo “perderam dois meses muito importantes”, acrescentou ele, em referência ao fracasso da Opep e aliados em obter um acordo em março para restringir a oferta.

Agora, além dos cortes de produção, alguns países devem aumentar compras para suas reservas estratégicas.

A IEA disse que ainda aguarda detalhes, mas destacou que EUA, Índia, China e Coreia do Sul estão entre os que devem fazer as compras ou estão considerando a ideia.

“Se as transferências para reservas estratégicas, que poderiam ser de até 200 milhões de barris, forem acontecer nos próximos três meses ou algo assim, elas poderiam representar cerca de 2 milhões de bpd em oferta retirada do mercado”, disse a IEA.
Fonte: Exame

COVID-19: ONU pede retomada da assistência ao desenvolvimento de países mais pobres

Enquanto os governos lutam para lidar com a pandemia da COVID-19, bilhões de pessoas que vivem em países à beira do colapso econômico estão sendo ameaçadas ainda mais por uma crise de dívida iminente, de acordo com um novo relatório da ONU divulgado na quinta-feira (9).

Para mitigar esse risco, o relatório pede, entre outras coisas, a suspensão do pagamento da dívida dos países menos desenvolvidos e de outros países de baixa renda; fortalecimento da rede global de segurança financeira; e reversão do declínio da assistência oficial ao desenvolvimento.

Enquanto os governos lutam para lidar com a pandemia da COVID-19, bilhões de pessoas que vivem em países à beira do colapso econômico estão sendo ameaçadas ainda mais por uma crise de dívida iminente, de acordo com um novo relatório da ONU divulgado na quinta-feira (9).

Em seu relatório, a Força-Tarefa Interinstitucional para Financiamento ao Desenvolvimento, liderada pelas Nações Unidas, explora os passos que os governos devem adotar para evitar a sobrecarga da dívida e enfrentar o estrago econômico e financeiro causado pela pandemia.

“A comunidade global já estava ficando para trás nos esforços para acabar com a pobreza, tomar medidas climáticas e reduzir as desigualdades”, disse a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed. “Temos uma chance de reconstruir melhor juntos para as pessoas e para o planeta”.

Com recomendações baseadas em pesquisas e análises conjuntas de mais de 60 agências da ONU e instituições internacionais, o Relatório de Financiamento ao Desenvolvimento Sustentável 2020 delineia medidas para lidar com o impacto da recessão global e da turbulência financeira – particularmente nos países mais pobres do mundo.

Países menos desenvolvidos

A crise da COVID-19 abalou os mercados financeiros globais com pesadas perdas e intensa volatilidade, o que levou os investidores a retirar cerca de 90 bilhões de dólares dos mercados emergentes – a maior retirada já registrada.

Particularmente alarmante para muitos países menos desenvolvidos é a perspectiva de uma nova crise da dívida.

Para mitigar esse risco, o relatório pede, entre outras coisas, a suspensão do pagamento da dívida dos países menos desenvolvidos e de outros países de baixa renda; fortalecimento da rede global de segurança financeira; e reversão do declínio da assistência oficial ao desenvolvimento.

“Estamos longe de ter um pacote global para ajudar o mundo em desenvolvimento a criar condições para suprimir a doença e enfrentar as dramáticas consequências em suas populações”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante o recente lançamento de seu relatório sobre o impacto socioeconômico da COVID-19.

“O que é necessário é uma resposta multilateral de larga escala, coordenada e abrangente, que atinja pelo menos 10% do PIB global”, acrescentou.

Medidas atrasadas

Além da resposta imediata à crise, a pandemia de coronavírus deve levar à implementação de medidas há muito esperadas rumo ao caminho do desenvolvimento sustentável e de tornar a economia global mais resistente a choques futuros.

Para fazer isso, o relatório recomenda acelerar o investimento em infraestrutura resiliente; fortalecimento das proteções sociais; aprimorando estruturas regulatórias; e fortalecer a rede internacional de segurança financeira e a estrutura para a sustentabilidade da dívida.

Ao destacar lacunas, novos desafios e riscos, a crise atual também fornece um exemplo oportuno do potencial das tecnologias digitais.

Como os bloqueios e o distanciamento físico se tornaram a norma, as ferramentas de comunicação digital ajudaram a manter as pessoas conectadas e forneceram plataformas online para as crianças continuarem seus estudos.

Mas muitos trabalhadores da chamada “economia dos bicos”, dominada pelas empresas iniciantes do setor de serviços, estão mal protegidos contra as perdas de renda em uma recessão. O financiamento para o desenvolvimento sustentável de 2020 aborda essas lacunas e outras oportunidades e desafios do financiamento digital.

“Apenas uma resposta coletiva, inspirada em responsabilidade e solidariedade compartilhadas, será suficiente para enfrentar os desafios sem precedentes da pandemia de COVID-19”, disse Liu Zhenmin, subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Sociais e presidente da Força-Tarefa que emitiu o relatório.

“Governos, parceiros de desenvolvimento, setor privado e outras partes interessadas devem trabalhar juntos para combater o COVID-19 e apoiar todos os esforços para lidar com seus impactos sociais e econômicos”, destacou.
Fonte: Nações Unidas

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