Sustentabilidade e Representatividade moldam um novo olhar sobre a Moda

A colunista de moda do jornal O Celeiro, Ana Kantovick, bateu um papo descontraído sobre novas tendências de mundo.

Empreendedora de inovação e sustentabilidade, Ana Kantovick divide seus conhecimentos sobre estilo e imagem semanalmente na coluna de moda do jornal ‘O Celeiro’ descontruindo os mitos e tornando a moda mais acessível a todos. Com um projeto promissor em andamento ela está empenhada em difundir um conceito consciente sobre o assunto. Na Live realizada pelo jornal O Celeiro, do dia 24, ela conversou com a jornalista Priscila Nascimento sobre esse novo olhar que está moldando o jeito de ver e fazer a moda propiciando um ambiente agregador que exalta a diversidade. Advogada por formação, foi no empreendedorismo que Ana se encontrou e tem se dedicado a projetos de sustentabilidade. Desmistificando a ideia de que a moda é fútil e desnecessária, ela explica que a moda carrega uma história e por meio dela é possível perceber a evolução dos tempos. “No caso da moda existe aquela imagem atrelada ao consumo, então criou-se esse preconceito de que tudo que está relacionado a moda é fútil. Não é verdade. A moda é um instrumento de auto estima e traz um conceito histórico rico. A maneira como as pessoas se vestiam conta a história de uma época. A moda é uma maneira de comunicar”, afirmou.

Porém, Ana admite que existe o lado ruim deste nicho que estabeleceu padrões e escravizou homens e mulheres, fato que faz com que muitos também enxerguem a moda de forma negativa. No entanto, uma nova visão sobre a moda tem modificado e a tornando mais sustentável e consciente. Algumas empresas tem percebido que as pessoas não são robôs, mas são seres humanos e merecem ter sua individualidade respeitada e valorizada.

Confira os pontos autos desta entrevista.

SUSTENTABILIDADE

Ana define a moda como o conjunto de informações, opiniões que direcionam uma sociedade, e lembra que muitos nomes surgiram nesse cenário e foram responsáveis por lançar tendências tornando-se referência neste universo. Por muitos anos as pessoas eram influenciadas pela moda e aceitavam tudo que era imposto, mas aos poucos as pessoas se tornaram mais conscientes e mais exigentes, cobrando uma nova postura das empresas. Neste interim surgiu o conceito de moda sustentável que prega o consumo consciente, uma temática que deve ser incentivada, pois é uma maneira de contribuir para o futuro. “Quando se fala em moda sustentável as pessoas imaginam algo que se preocupa apenas com ecologia, mas não é o caso. Quando a gente fala sobre sustentabilizar a cadeia da moda a gente abrange muitas coisas como representatividade, economia, mercado e também as questões ambientais. A sustentabilidade é mais que uma tendência, é uma necessidade. As pessoas estão entendendo que sua atitude vai refletir amanhã. Esse mercado está em crescimento. Temos muito que avançar neste sentido. Temos grandes empresas no mercado sustentável e é algo que está crescendo no Brasil.

Tanto o mercado quanto as pessoas deveriam aumentar em conhecimento sobre este assunto para exigir um posicionamento das empresas. “Quem controla o mercado é o consumidor. Hoje existe um ‘marketing verde’, que são empresas que querem transparecer uma imagem sustentável e ambiental, mas se for investigar na raiz na verdade não é assim. Os consumidores devem investigar o que as marcas fazem. Não confiem apenas no marketing. Não se interessar sobre isso é não se interessar no meu futuro. As pessoas precisam ter um nível de preocupação com isso que mostre preocupação consigo e com outros. Este é o momento para reflexão e para buscar informações seguras e fazer boas escolhas”, aconselhou Ana.

REPRESENTATIVIDADE

“Todas as pessoas devem se sentir encaixadas neste mercado. A moda tem de ser humanizada”, afirmou a empresária recordando que por anos viveu-se a ‘ditadura do manequim’, fato que contribuiu para a exclusão de pessoas que não tinham o corpo como os das modelos de passarela. Mais uma vez foi preciso o tempo passar para reconhecer que este modelo foi e é cruel. Felizmente, as pessoas tem ganhado voz para combater este mercado opressor. “Este modelo escraviza até hoje as pessoas. Temos que nos lembrar que não precisamos nos encaixar em lugar nenhum. Os produtos são feitos para pessoas, não para robôs padronizados, ou manequins. A partir do momento que as pessoas vão se empoderando elas vão contra essa ditadura que prega que todos tem de ser iguais. As pessoas estão acordando e movimentando o mercado neste sentido”, defendeu Ana.

A questão da conscientização neste sentido deve abranger a todos, conforme opinou Ana ao abordar a responsabilidade coletiva e individual para combater esta padronização. “Devemos pensar na auto responsabilidade: Será que eu aceito tudo o que me é imposto? Existe a minha responsabilidade perante os outros, a maneira que eu me comporto com quem é diferente de mim. Eu não posso me comportar de maneira excludente. E as empresas devem se responsabilizar com a mensagem que passam. As pessoas precisam aprender a se amar, se aceitar e não devem permitir serem moldadas”, declarou Ana, incentivando as pessoas a se olharem, se conhecerem e reconhecerem seu valor.

Curiosidade

Por que as modelos eram tão magras? “Acredita-se que que quando os desfiles começaram a acontecer era mais prático e fácil produzir peças do mesmo tamanho, seguindo um padrão, por isso as modelos deveriam ter o mesmo tipo físico para que as roupas não precisassem de ajuste. O problema foi que isso gerou nas mulheres que estavam fora de padrão a sensação de que elas não pertenceriam aquele grupo”.

*Reportagem publicada no jornal ‘O Celeiro’, Edição 1633 de 02 de Julho de 2020.

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