Santa Catarina é o terceiro Estado do país com empresas voltadas para a sustentabilidade
A preocupação com o meio ambiente deixou de ser uma ameaça à indústria catarinense para se tornar uma oportunidade. Um levantamento inédito feito pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) mostra que o Estado está em terceiro lugar entre os que mais concentram estabelecimentos ligados à economia verde, com 820 negócios voltados para solucionar ou minimizar problemas ambientais. O resultado mostra uma mudança de mentalidade do setor industrial em relação à questão do meio ambiente.
— Tem que deixar de ser uma questão de risco, punições, para se tornar uma questão de oportunidade — diz Juliano Pacheco, do Observatório de Inteligência Industrial.
O especialista faz parte do grupo que apresentou o estudo em evento na Fiesc ontem. O evento Rotas Estratégicas Setoriais 2022: Meio Ambiente segue hoje com empresários e especialistas da área ambiental discutindo caminhos para o tema em Santa Catarina.
As oportunidades aparecem em diversas pontas: a empresa Alfakit, de Florianópolis, por exemplo, desenvolve kits e equipamentos para análises de águas, solos, efluentes e biogás, que servem para avaliações ambientais. Já a Docol Metais Sanitários, de Joinville, encontrou uma forma de incluir a sustentabilidade nos produtos finais: desenvolveu uma forma de economizar até 70% de água em suas torneiras e chuveiros.
Mercados alternativos
Ao se preocupar com o impacto no meio ambiente, as indústrias se beneficiam em quatro aspectos: se ajustam à legislação, encontram novas oportunidades de negócios (ao reaproveitar algum resíduo), tornam os produtos mais eficientes (com menos consumo elétrico, por exemplo) e se creditam junto a um mercado mais exigente, com consumidores preocupados com sustentabilidade. Como Santa Catarina é rica em diversidade industrial, o Estado tem um potencial imenso para a área de soluções ambientais.
No país, as oportunidades em negócios sustentáveis são avaliadas em R$ 150 bilhões, de acordo com estudo feito em 2014 pela Accenture.
— Dos anos 1990 para cá, sobretudo os anos 2000, planos empresarias têm pautado as estratégias pensando no meio ambiente. Antes de ser um custo, tem que ser visto como um investimento — diz o economista Sílvio Cário, da UFSC, que ajudou a elaborar do estudo para a Fiesc.
Ele explica que o Estado tem avançado muito no segmento, em especial as líderes de mercado, como WEG e Embraco, no aprimoramento de processos e produtos. Com a mudança das maiores empresas, o exemplo é replicado em outras grandes, médias e pequenas dos respectivos setores.
— Isso está levando um número cada vez maior de indústrias a associar suas gestões a questões de meio ambiente — diz o presidente da Fiesc, Glauco Côrte.
Fonte: Diário Catarinense