Responsável por quase um quarto do PIB nacional, o agronegócio é uma grande força da economia, especialmente das exportações brasileiras. E esta representatividade continuará crescente. Com a estimativa de demanda por alimentos para uma população de 9 bilhões até 2050, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) calcula que será preciso aumentar a produção em 70%. A produtividade, assim como a sustentabilidade, ganham papel primordial neste cenário, especificamente para os pequenos negócios, que contam com menores áreas de produção e cujas técnicas exercem grande impacto na rentabilidade.
No Dia Nacional da Preservação do Solo (15), a reflexão se estende também para seus benefícios ambientais. Para ampliar a produção sem que seja necessário avançar sobre a floresta, é preciso algum investimento em fertilidade e conservação destas áreas. Neste contexto, sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) representam uma possibilidade real de integrar as atividades com ganhos múltiplos.
Ambientalmente correto
Os sistemas iILPF (integração lavoura-pecuária-floresta), ou agrossilvipastoris, são estratégias de produção sustentável que integram atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, de maneira simultânea e/ou escalonada no tempo. Busca efeitos positivos em todos os componentes do agroecossistema, adequando meio ambiente, valorização do homem e viabilidade econômica.
Ao produzir grãos, carne, leite, produtos madeireiros e não madeireiros, esses sistemas intensificam o uso da terra ao mesmo tempo em que ampliam a qualidade dos produtos, a preservação do ambiente e a competitividade. Pode ser utilizado tanto em novos locais, quanto onde se mantém estruturas agrícolas tradicionais, com impacto positivo na estrutura de custos.
Redução de GEE
Outra vantagem da utilização de sistemas ILPF é o impacto positivo na redução de gases do efeito estufa (GEE). Um pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agrossilvipastoril (MT) e divulgada em janeiro de 2015 demonstrou a eficiência desses sistemas. Após um ano de análise de solos com renques triplos de eucalipto, lavoura de soja, seguida de milho consorciado com braquiária na safrinha, chegou-se a conclusão que o componente florestal neste sistema torna positivo o balanço de emissões de GEE do sistema.
“A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, por possuir grande área de floresta dentro da parcela, mantém as emissões do sistema em nível muito baixo, próximo de zero. Temos variações provocadas pela adubação da lavoura, mas na média do sistema as emissões são baixas”, explica o pesquisador Renato Rodrigues em entrevista à Embrapa.
O próximo passo é chegar a um fator de emissão referência para o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), criado pelo governo brasileiro com o objetivo de estimular a adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono no agronegócio, como a ILPF, reforma de pastagem, florestas plantadas, plantio direto na palha e o tratamento de dejetos. Para isso, a pesquisa ainda fará em 2015 a correlação das emissões de gases de efeito estufa pelo solo com informações sobre química e física do solo, biomassa, características de clima e, quando a pecuária fizer parte do sistema, emissões dos bovinos por fermentação entérica.
Fonte: Sustentabilidade.sebrae