Incêndio ao redor de Chernobyl revive pesadelo nuclear
Um incêndio florestal de grandes proporções chegou a apenas 20km da usina nuclear de Chernobyl. O fogo começou no domingo (26) no mesmo dia em que o pior acidente nuclear da história completou 29 anos –, ameaçando lançar radioatividade no meio ambiente.
Se o fogo se espalhar para florestas e áreas altamente contaminadas ao redor da usina, a liberação de material radioativo na atmosfera é certa. A quantidade de radioatividade liberada poderia chegar à mesma magnitude de um grande acidente nuclear.
As florestas e o solo da região são grande fonte de radioatividade desde o acidente de 1986, quando uma enorme quantidade de substâncias foi depositada no local – incluindo estrôncio-90, plutônio-239 e césio-137 (este responsável pelo pior acidente radiológico da história do Brasil, em 1987, que matou dezenas de pessoas e contaminou milhares).
Com base em dados de satélite, especialistas do Greenpeace estimam que o fogo se espalhou por uma área de 13.300 hectares, dos quais 4.100 seguem em chamas. Os incêndios ainda não atingiram as zonas mais contaminadas em torno da usina de Chernobyl , mas estão atualmente a 15-20 km do local.
Em uma análise dos riscos de incêndio ao redor de Chernobyl realizada no início do ano, cientistas concluíram que o pior caso seria a liberação de radioatividade na atmosfera, que poderia ser equivalente a um acidente nuclear de Nível 6 na Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES). O acidente de Chernobyl em 1986 e o acidente de Fukushima em 2011 foram eventos de Nível 7.
A radioatividade entra na atmosfera através das nuvens de fumaça e é dispersa de acordo com a direção do vento, altura e outros fatores climáticos. Durante os incêndios florestais anteriores, a radioatividade liberada chegou até a Turquia.
A comunidade internacional está construindo um novo abrigo ao redor do reator destruído em 1986, mas é impossível construir um “sarcófago” sobre as vastas florestas contaminadas da região. Mesmo depois de 29 anos, os riscos de radiação na região de Chernobyl não foram controlados e poderiam resultar em maior dispersão de radioatividade sobre a Europa.
Assim como na Ucrânia, uma grande quantidade de substâncias radioativas foi depositada nas florestas em Fukushima. Apesar dos esforços das autoridades japonesas para descontaminar aldeias e terras agrícolas, a floresta não pôde ser descontaminada e continuará a ser um estoque de radioatividade por um longo período de tempo. E o risco não vem só de incêndios, a radiação pode ser espalhada para outras áreas em razão de fortes chuvas e inundações.
O mundo e o Brasil não precisam dessa fonte perigosa e cujos custos são muito maiores que os divulgados. Já passou da hora de abandonarmos essa energia arriscada e investir no futuro, as energias solar e eólica.
Fonte: Greenpeace