Amazônia
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Pandemia vai permitir aceleração do desmatamento na Amazônia, prevê consultoria
Perspectivas para Amazônia não eram boas antes da pandemia e, agora, são ainda piores
A pandemia do novo coronavírus deve levar a uma aceleração do ritmo de desmatamento da Amazônia no Brasil, prevê a consultoria Eurasia.
As perspectivas para a floresta já não eram boas no início deste ano, afirma a empresa em um relatório divulgado neste domingo (26/4).
Os alertas de desmatamento emitidos pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aumentaram 51% em relação ao ano anterior. Foi o nível mais alto neste período desde o início da série, em 2016, aponta o documento.
A consultoria destaca ainda que o número de alertas nesta época do ano é “geralmente muito baixo por causa de chuvas torrenciais” na região.
Na temporada 2018/2019, foram derrubados quase 10 mil km² quadrados da Amazônia, a taxa mais alta desde 2008, de acordo com o Inpe.
Com a pandemia, aumentam as chances de que a marca venha a ser superada na temporada atual, diz a Eurasia, que aponta quatro razões principais para isso.
Menos pressão internacional
A Eurasia aponta que não apenas outros países, mas também empresas e instituições internacionais estão entre os principais agentes que atuam em prol da proteção ambiental da Amazônia durante o governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
A consultoria recorda que o presidente brasileiro demorou a tomar medidas para combater os incêndios na floresta no ano passado. Mas, quando isso ganhou destaque na mídia ao redor do mundo e levou atores internacionais a pressionarem seu governo, “ele finalmente enviou tropas para combater os incêndios na Amazônia e elevou o tom contra o ‘desmatamento ilegal'”.
“Em janeiro, o governo criou o Conselho Amazônico, presidido pelo vice-presidente Hamilton Mourão, para coordenar iniciativas federais e locais para combater atividades ilegais e fortalecer a economia na região amazônica. O presidente também lançou a Força Ambiental Nacional para aumentar as operações de segurança”, destaca a Eurasia.
Mas essa mesma pressão tende a perder força enquanto o mundo estiver concentrado em combater a propagação do novo coronavírus.
“É muito difícil ver a conservação da floresta se tornando uma questão global importante durante a pandemia. Com o coronavírus na cabeça de todos, o preço de reputação internacional de curto prazo que o Brasil pagará por não conter o desmatamento diminuirá.”
Menos recursos do Exército disponíveis
A consultoria ressalta que, além de manter tropas na região por dois meses em 2019, autoridades brasileiras debatiam uma intervenção mais longa neste ano, a partir de março.
Mas isso ficou em segundo plano diante da pandemia, descrita pela comandante do Exército, Edson Pujol, como “talvez a missão mais importante da nossa geração”.
“Recursos orçamentários e atenção que poderiam ser dedicados à Amazônia serão utilizados no combate à covid-19. Bolsonaro, por exemplo, pediu ao Exército que use suas instalações e pessoal para produzir desinfetantes para as mãos e cápsulas de hidroxicloroquina — apesar de sua eficácia não ter sido comprovada”, destaca o relatório.
Por um lado, a queda da atividade econômica em meio à recessão pode reduzir a demanda por novas terras, que são obtidas por meio da derrubada da floresta.
Mas a crise também pode levar muitas pessoas à pobreza, o que aumentaria a propensão de que elas se envolvam em atividades ilegais para obter alguma renda.
Por isso, a empresa afirma: “Este será um fator-chave para determinar se as taxas de desmatamento terão um aumento contínuo de 2021 em diante”.
Será mais difícil implementar a estratégia de Bolsonaro para a região Amazônica
O presidente brasileiro adotou uma estratégia diferente de seus antecessores para proteger a floresta e conter o desmatamento.
Bolsonaro diz que é mais eficiente estimular atividades econômicas legais que explorem os recursos naturais da Amazônia e dar incentivos para compensar os empresários locais pela preservação ambiental promovida por eles do que aplicar multas ou realizar operações policiais.
“Esses esforços já levariam muito tempo para gerar dividendos. Mas se tornarão particularmente mais difíceis de implementar em meio a uma crise econômica global, com um nível mais alto de volatilidade e incerteza”, afirma a Eurasia.
“Isso no mínimo retardará as ações do Brasil para criar uma estrutura mais sólida para desenvolver a economia da Amazônia.”
Fonte: Época Negócios
Sexto satélite feito em parceria entre Brasil e China, Cbers-4A é lançado ao espaço
Equipamento foi colocado em órbita a partir da base em Taiyuan, na China. Novo aparelho vai substituir o Cbers-4 e terá como foco o monitoramento da Amazônia.
O satélite Cbers-4A, o sexto projeto feito em parceria entre Brasil e China, foi lançado ao espaço na madrugada desta sexta-feira (20). O equipamento foi colocado em órbita pelo foguete longa marcha 4B, a partir da base de lançamento em Taiyuan, na China.
Inicialmente previsto para 0h20, o lançamento foi adiado em dois minutos e o sucesso da operação foi confirmado 0h37, quando o aparelho entrou em órbita e iniciou o processo de abertura do painel solar.
O processo foi acompanhado por técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP), via conexão telefônica. A transmissão foi acompanhada por uma plateia de convidados e autoridades.
“Cinco anos após o bem sucedido lançamento do satélite Cbers-4, junta-se a ele mais um satélite sino-brasileiro. Continuamos, portanto, assegurando o monitoramento do território brasileiro, com aplicações em alerta e desmatamento, monitoramento da vegetação e agricultura e estudos de hidrologia e meio ambiente. O Inpe tem orgulho em participar de mais um caso de sucesso do programa espacial brasileiro”, disse Ronald Buss de Souza, diretor substituto do Inpe.
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Marcos Pontes, acompanhou o lançamento na China acompanhado de uma comitiva.
Projeto
A construção do equipamento começou em 2015 e custou cerca de R$ 190 milhões – metade do valor foi custeado pelo Brasil. Duzentos cientistas trabalharam no projeto.
O Cbers-4A vai substituir o Cbers-4, que está no limite da vida útil, e terá como foco a Amazônia. Segundo o Inpe, o satélite foi programado para dar 14 voltas por dia em torno da Terra. O foco será o mapeamento de queimadas e o fornecimento dados à agricultura. O Cbers 4-A deverá operar por ao menos cinco anos.
Ainda no Brasil, a revisão foi feita por especialistas do Inpe com cientistas da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial – foram reunidos quase 60 profissionais nesta etapa.
Antes do embarque, testes foram feitos em abril. O equipamento chegou à base chinesa em novembro.
Atraso
O prazo original de lançamento do Cbers-4A era para dezembro de 2018, mas a data foi revista devido à redução dos repasses ao Inpe acabou adiando o lançamento. O programa Cbers existe desde 1998.
Fonte: G1
Temendo boicote ao agronegócio, pecuaristas criam associação “sustentável”
Criadores de gado da região do Araguaia, em Mato Grosso, se organizam em uma entidade para mostrar a integração entre lavoura, pecuária e floresta
Em meio ao abalo na imagem do Brasil causado pelos incêndios da Amazônia, um grupo de criadores de gado da região do Araguaia, em Mato Grosso, decidiu criar uma associação nacional para gerar valor à pecuária sustentável. Encabeçada pela empresária Vivien Suruagy, os pecuaristas querem provar que a atividade integrada à lavoura e à floresta é altamente sustentável, não poluidora, e pode dar valor à cadeia da carne.
À frente da Associação Brasileira de Produtores de Carne Carbono Neutro e Baixo Carbono (ABCNN), Vivien, que é engenheira civil e também atua no setor de telecomunicações, reuniu um grupo de pecuaristas para combater o preconceito ao produtor brasileiro, em um momento que as questões ambientais estão nos holofotes. Há um forte temor do setor de sofrer boicotes de países importadores, sobretudo da Europa.
“Nosso objetivo é mostrar que essas diversas mentiras que estão sendo faladas sobre o Brasil são cercadas por interesses econômicos, mas que não correspondem à realidade”, disse a empresária, referindo às acusações dos países europeus de que os agricultores brasileiros são responsáveis pelo desmatamento ilegal da Amazônia.
Vivien reconhece que há práticas ilegais, sobretudo de grileiros e de parte do setor, mas que os pecuaristas que adotam práticas sustentáveis não podem ser penalizados por isso.
Fonte: Exame
Amazônia paraense: sustentabilidade é o mantra de resistência dos povos da floresta
Em tempos de descaso com a natureza, ribeirinhos da Ilha do Combu – produtores de cacau e do açaí – dão aula de como preservar e cuidar do meio ambiente.
Saindo do porto fluvial de Belém, a lancha rápida atravessa, em 15 minutos, as águas turvas, com correnteza forte, do Rio Guamá até chegar à Ilha do Combu. Durante o Círio de Nazaré, essa ilha conhecida como Veneza Tropical, é um dos destinos mais procurados pelos turistas que buscam o contato com a natureza e os poderes invisíveis da selva amazônica.
Neste recanto natural vivem ribeirinhos e empreendedores, que extraem dos rios e das matas os alimentos nativos que ressaltam os sabores da rica culinária paraense. É o caso de Izete Costa, Dona Nena, que desde 2006 comanda uma produção de chocolate e cacau amazônico 100% orgânico.
A história dela é consonante com a de tantas outras mulheres brasileiras. Verdadeiras guerreiras, que assumiram a responsabilidade de sustentar a família em regiões longínquas do Brasil continental. Dona Nena promove na Ilha do Combu um importante resgate da cultura e das tradições ribeirinhas. Uma voz que se destaca nos igarapés e nas matas na busca incessante de uma vida melhor para sua família e toda a comunidade sem agredir o meio ambiente.
O trabalho de formiguinha de Dona Nena – Filha do Combu, na verdade começou há tempos. Ela e família produziam o chocolate bruto e orgânico e vendiam o precioso produto paraense para as fábricas em todo o mundo. Só em 2006, a empreendedora passou a vender, por conta própria, seus chocolates de sabor intenso com textura mais arenosa na casa dela.
Tempos depois, a carreira da chocolatier paraense ganhou status internacional com a parceria firmada com o chef Thiago Castanho, do badalado Restaurante Remanso do Bosque, em Belém. Hoje, com a alta demanda por seus produtos, a produção de dona Nena e sua equipe gira em torno 80kg por mês entre barras 100% cacau, pó de cacau, nibs (sementes de cacau fermentadas, secas, torradas e trituradas), brigadeiro em pote e outros produtos que são vendidos na lojinha no Combu e em alguns lugares em Belém.
Reagindo à samaúma
Após uma degustação dos produtos de Dona Nena, onde experimentamos o chocolate em pó, o bolo de tapioca e a geleia de cupuaçu nos aventuramos a conhecer a mata e a plantação de cacau nos fundos da casa-recanto. Andando poucos metros, nos deparamos com a gigantesca samaúma – a árvore símbolo representante da Amazônia. Com mais de 30 metros de altura, com aproximadamente 250 anos, a suntuosa guardiã gera contentamento naqueles que tocam seu tronco. Sua base é tão grande que seriam necessárias 25 pessoas para poder abraçá-la por completo.
Entre os convidados para viver a experiência da selva estava a youtuber Nienke Helthuis – a carismática jovem holandesa apaixonada pelo Brasil e por nossa cultura. Caminhando por entre a mata, debaixo de um calor de 34oC, a jovem, junto com seus empresários, é levada por guias locais até a majestosa samaúma. Ela se aproxima, toca no tronco da árvore da Amazônia e, em transe, cria-se uma conexão com os guardiães da floresta.
Em seu perfil nicenienke no canal de vídeos, ela se identifica da seguinte forma: “Em 2017, minha vida mudou completamente. Um dos vídeos do meu canal de YouTube ‘tentando falar português’ se tornou um viral! Muitas pessoas conheceram meu canal e em pouco tempo me fizeram uma das maiores influências digitais na Holanda e no Brasil!”. Atualmente, estão no topo de visualizações seus vídeos Reagindo à vai malandra e Meu primeiro vídeo inteiro em português. Ela agradece a popularidade e acrescenta: “Eu tive vídeos com uma música brasileira, experimentando novas comidas, e tendo alguns prazeres. Os fãs brasileiros são tudo isso, eles fazem tudo isso ser possível!”.
Sintonia verde
Na porta de entrada do grande canal da Ilha do Combu, uma construção sobre palafitas “flutua” sobre as águas do Rio Guamá. No local, se encontra o Restaurante Saldosa Maloca (escrito com L mesmo), estrategicamente voltado para a Baía do Guajará, de onde se avista a cidade de Belém.
Para quem chega desavisado, ele não é um simples boteco suspenso que serve boa comida com temperos da Amazônia. É muito mais! Trata-se de um recanto de sustentabilidade sob o comando da chef paraense Prazeres Quaresma dos Santos, carinhosamente conhecida como Dona Neneca.
Igualmente reconhecida como símbolo da mulher forte do Norte, Prazeres assumiu, há 35 anos, um pequeno bar herdado do pai e tio e transformou o local em um dos destinos mais procurados por turistas do Brasil e do exterior. Segundo Prazeres, o nome adveio do fanatismo pelas músicas de Adoniran Barbosa e Nelson Gonçalves, ídolos dos fundadores da casa. “Meu pai e meus tios eram fãs desses cantores. Até que um dia, um dos meus tios disse: ‘Ah, por que a gente não coloca Saldosa Maloca? A casa é rústica, indígena e ficaria um nome bem legal’. Então, desde então, ficou conhecida assim”, disse.
Desde cedo, a preocupação da empreendedora ribeirinha, filha de caboclos, foi com a natureza ao redor. Numa placa cuidadosamente exposta no restaurante resume o sentimento de preservação com o meio ambiente. Como um mantra ou cântico xamânico as palavras soltam os olhos: reuse, recrie, repense, reveja e reviva.
Há muito tempo que todo o lixo do restaurante passou a ser reciclado. Hoje, as sobras de comida são depositadas em quatro usinas de biogás, onde a compostagem servirá como adubo para os canteiros de ervas, verduras e frutas e, o mais interessante, dali se extrai o gás usado no preparo dos alimentos.
Para Dona Neneca, os brasileiros precisavam vir à Região Norte e conhecer como vivem os povos da floresta. Entender a conexão dos ribeirinhos com as águas da Região Amazônica. “Dependemos dos nossos peixes e crustáceos para poder sobreviver. Cultivamos o açaí, o cupuaçu, o cacau e o bacuri da mesma forma artesanal que nossos antepassados. Tudo orgânico e natural. Sem a presença de agrotóxicos. No nosso solo sagrado sinto uma tristeza da samaúma – a gigantesca árvore de 40 metros e mais de 400 anos, que é a representante dos povos da Amazônia. Sinto que ela quer nos dizer algo: que nós precisamos parar de maltratar os rios, as árvores, as matas agora.”
Berçário sagrado de aves
Há quem diga que as garças estão de volta a Belém. A resposta é simples: elas reapareceram com a criação do Parque Naturalístico Mangal das Garças pelo governo do Pará, em 2005. Belém já era uma metrópole emoldurada pela floresta, mas algumas regiões estavam em completo abandono. O local logo se tornou um dos pontos turísticos mais elogiados da capital paraense.
Nesse parque, que em algum momento nos faz lembrar o Museu de Inhotim, em Brumadinho, foi feita a revitalização de uma área de cerca de 40 mil metros quadrados às margens do Rio Guamá, nas franjas do Centro Histórico de Belém. O que antes era uma área alagada com extenso aningal transformou-se em um belo recanto na cidade. Ao entrar no berçário de tantas aves da Região Amazônica, o turista se depara com a rica diversidade da fauna e flora do Pará: sobre a torre espetacular no centro do parque ou caminhando no trapiche elevado que nos leva até o Rio Guaíba, avistam-se matas de terra firme e de várzea. Neste local, em total sintonia com a natureza, contemplam-se lagos artificiais, iguanas, flamingos festivos, garças graciosas, além de aves nativas e borboletas multicoloridas.
Fonte: Estado de Minas
Amazônia :219 km² de florestas devastadas
Entre novembro de 2014 e janeiro de 2015, a Amazônia teve 219 km² de florestas completamente devastadas, de acordo com dados oficiais medidos pelo Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além do corte raso, o Inpe também detectou, no mesmo período, cerca de 70 km² de floresta degradadas – isto é, áreas em que a mata não foi inteiramente suprimida, mas foi comprometida pelo fogo ou pela exploração parcial.
Com isso, o total de áreas com alterações florestais neste trimestre chega a 291 km² – um aumento de cerca de 5% em relação ao período que vai de novembro de 2013 a janeiro de 2014. Em novembro de 2014, foram estimados 76,7km² de áreas alteradas. Em dezembro, a estimativa foi de 85,4km². Em janeiro de 2015, 129,3 km² sofreram corte raso ou degradação. Read More …