novembro, 2019

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Meteoros ‘carregados’ com açúcar podem ter sido fundamentais para o surgimento da vida na Terra

Ribose do meteorito

Mas como é? Sim, é mais ou menos isso, de acordo com pesquisadores da Universidade Tohoku no Japão e da Nasa.

No fim da semana passada, pesquisadores das duas instituições publicaram os resultados de um estudo que afirma ter encontrado um tipo de açúcar essencial para a criação de vida em fragmentos de meteoritos. Os meteoritos foram recolhidos em diversos lugares da Terra e o açúcar em questão é a ribose, um constituinte essencial do ácido ribonucleico, ou RNA.

O RNA é um tipo de ácido nucleico formado por unidades menores chamadas nucleotídeos. Mas o mais importante é que o RNA participa de várias funções biológicas, como a codificação genética e a o reconhecimento de proteínas.

O RNA é uma das macromoléculas essenciais à vida, como é o ácido desoxirribonucleico (DNA), as proteínas, os lipídeos e os carboidratos. O RNA “informa” ao DNA como os organismos devem produzir as proteínas, por exemplo.

De acordo com Yoshihiro Furukawa, o líder desse estudo, o RNA deve ter sido o responsável pelo surgimento e desenvolvimento inicial da vida na Terra: ele tem uma molécula muito mais simples e que tem a capacidade de se replicar sem a ajuda de outras moléculas, ao contrário do DNA.

Além disso, os açúcares que compõem o DNA ainda não foram encontrados em meteoritos. Ou seja, muito antes da formação da molécula de DNA, já havia condições para a formação da molécula de RNA.

Uma das consequências deste estudo é que a química essencial à vida tem condições de ser processada em asteroides e meteoros ao longo de bilhões de anos. Os asteroides e meteoros, assim como cometas também, poderiam transportar esses ingredientes pelo espaço e ao atingir um planeta com condições favoráveis, fazer com que a vida surja, ou se desenvolva mais rápido.

No início do Sistema Solar, havia muitos objetos como meteoros e asteroides vagando por entre os planetas ainda em formação. Nessa época a Terra passou por um período de intenso bombardeio sendo alvo desses asteroides de diversos tamanhos.

Por essa época a vida pode ter surgido na Terra, ou mesmo ter sido trazida de fora, mas a frequência e a violência desses impactos impediram que ela florescesse. A isso soma-se o fato de não haver, ainda, uma substância essencial à vida: a água.

A própria água deve ter sido trazida de carona em cometas na época do ‘Grande Bombardeio’, de acordo com as teorias mais aceitas. Assim que a frequência e a violência dos impactos se reduziram, a água pode se condensar formando lagos e oceanos. Com a entrega da ribose através de asteroides, teria sido possível formar RNA numa época pré biótica na Terra e a partir disso a vida pode surgir e evoluir.

Essa é uma questão fundamental da astrobiologia, se a vida surgiu na Terra a partir de elementos disponíveis, digamos, naturalmente, ou surgiu com a contaminação de substâncias vindas de fora.

Ainda vai demorar muito tempo até que se tenha certeza de qual situação deve ter prevalecido, mas ao que tudo indica, tivemos uma ajudinha de um açúcar extraterrestre!

Fonte: G1

Derramamento de óleo no Nordeste já é quatro vezes maior do que o da Baía de Guanabara

peixes baia da guanabara

O último grande vazamento no Brasil aconteceu em 18 janeiro de 2000, afetou manguezais e matou animais

O derramamento de óleo no Nordeste é quatro vezes maior do que o último grande vazamento no Brasil, registrado na Baía de Guanabara , em 18 janeiro de 2000. Na ocasião foi liberada cerca de 1,1 mil tonelada de óleo combustível na região. O desastre prejudicou manguezais e matou diversos animais. À época, a origem, um duto de óleo combustível da Petrobras ligado à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), foi rapidamente determinada.

Para o professor Paulo Cesar Rosman, do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a tragédia do Nordeste é a maior do país em extensão e, possivelmente, do mundo.

A LUTA DE VOLUNTÁRIOS CONTRA O DERRAMAMENTO DE ÓLEO NO LITORAL NORDESTINO

Um evento realizado na praia de Maracaípe, em Ipojuca, Pernambuco, para agradecer voluntários que vêm lutando para limpar as praias afetadas pelo derramamento de óleo no Nordeste

No episódio do Rio, no entanto, os estragos ambientais foram muito mais graves: o óleo derramado de um navio tinha muito mais componentes tóxicos do que o petróleo que atingiu o litoral brasileiro neste ano, cujos elementos voláteis, como o benzeno, evaporaram e se degradaram ao longo de semanas em alto-mar.

— O volume todo se concentrou no Norte da Baía de Guanabara. Em termos de impacto local, é incomparavelmente mais danoso do que qualquer coisa que apareceu no Nordeste. Lá, você tem desde pequenas manchas, do tamanho de uma uva, até placas do tamanho de um tapete. Mas é um óleo extraordinariamente fragmentado e degradado. Já teria evaporado toda a parte volátil do óleo, que normalmente é a mais tóxica. O que sobrou é aquela massa grossa, parecendo piche — afirma o professor da UFRJ.

O professor de engenharia e petróleo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Ricardo Cabral de Azevedo, pondera, por outro lado, que o trabalho de contenção foi muito mais facilitado no episódio fluminense:

— Foi bem mais fácil de conter, pois se conhecia a fonte, e ele foi detectado e comunicado rapidamente. E era um óleo menos denso, que, portanto, flutuava, ficando bem visível.

Se considerado o volume derramado, há outros casos mais dramáticos do que o brasileiro, destaca o professor da USP. Na explosão da plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México, em 2010, 795 mil toneladas de petróleo foram derramadas na região. Em 1978, o naufrágio de um superpetroleiro no mar da França vazou 230 mil toneladas de óleo. Onze anos depois, a colisão do petroleiro Exxon Valdez em um bloco de gelo no Alaska espalhou 36 mil toneladas de petróleo por 1.800 quilômetros de uma área extremamente sensível ao meio-ambiente.

— As condições ambientais de cada lugar influenciam muito na gravidade do vazamento, além da quantidade em si que tenha vazado — explica Azevedo.

Fonte: O Globo

Sustentabilidade: uma causa que afeta o planeta

GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE

O GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE mostra que um grupo de elite de empresas avança na aplicação das metas para o desenvolvimento sustentável do país

Mais de uma dezena de reuniões do último encontro do Fundo Monetário Internacional, realizado em outubro na cidade de Washington, nos Estados Unidos, abordaram um tema que anos atrás costumava ficar restrito a debates entre ativistas: o aquecimento global. Num sinal claro de que as mudanças climáticas e suas consequências são percebidas como um risco econômico tão real quanto iminente, representantes de diversos países debateram como os bancos centrais podem se preparar para uma crise ambiental no planeta e, em paralelo, quais são os meios possíveis de financiamento da transição para uma economia de baixo carbono. A urgência está em traçar uma estratégia viável para a próxima década. Segundo a Organização das Nações Unidas, é preciso reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa a fim de evitar o excessivo aquecimento global. Se nada for feito, até 2030 a temperatura do planeta subirá para uma média 1,5 grau Celsius acima da que costumava ser antes do período industrial.

Enquanto a adesão de países se mostra errática, de acordo com a orientação política dos governantes, o movimento mais consistente na direção de manter uma postura responsável — e não apenas na seara ambiental — é visto entre grandes empresas. Com metas claras, muitas delas têm sido guiadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um amplo plano para melhorar o mundo lançado pela Organização das Nações Unidas em 2015. O documento é composto de 17 tópicos, desdobrados em 169 metas para 2030. Esses objetivos servem de referência para quase 85% das 190 empresas participantes da 20a edição do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE. Dessas, dois terços fizeram uma análise de materialidade para priorizar os ODS mais relevantes para seus modelos de negócios. “Os ODS estão bem posicionados como referência de políticas no Brasil e no mundo”, diz Aron Belinky, fundador da consultoria ABC Associados, responsável pela metodologia do GUIA EXAME de SUSTENTABILIDADE, maior levantamento de práticas de responsabilidade corporativa do país.

Metodologia

A edição deste ano do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE avaliou ações, processos e condutas de 210 empresas participantes que responderam às mais de 160 questões elaboradas pela ABC Associados, também responsável pela metodologia de escolha das empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, e formada por profissionais egressos da extinta área de rankings corporativos do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Numa metodologia utilizada desde 2007, a sustentabilidade das organizações é analisada de acordo com quatro eixos temáticos: geral, econômico, ambiental e social. A escolha dos destaques começa com a identificação das empresas que obtiveram pontuação acima da média das participantes, independentemente do setor em que atuam. A isso foi somado o desvio-padrão verificado na análise de cada uma das dimensões. Em seguida, um processo de apuração jornalística a respeito de questões críticas pertinentes a cada empresa se deu em paralelo ao auxílio de um conselho deliberativo, formado por especialistas.

Assim, EXAME chegou à lista das 77 melhores empresas desta publicação, posteriormente divididas em 19 setores. Também foram eleitos os destaques em dez categorias temáticas: Direitos Humanos, Ética e Transparência, Gestão da Água, Gestão da Biodiversidade, Gestão de Fornecedores, Gestão de Resíduos, Governança da Sustentabilidade, Mudanças Climáticas (que inclui gestão de energia), Relação com a Comunidade e Relação com Clientes. Por fim, EXAME selecionou, entre as mais sustentáveis de cada setor, a Empresa Sustentável do Ano.

Mais de uma dezena de reuniões do último encontro do Fundo Monetário Internacional, realizado em outubro na cidade de Washington, nos Estados Unidos, abordaram um tema que anos atrás costumava ficar restrito a debates entre ativistas: o aquecimento global. Num sinal claro de que as mudanças climáticas e suas consequências são percebidas como um risco econômico tão real quanto iminente, representantes de diversos países debateram como os bancos centrais podem se preparar para uma crise ambiental no planeta e, em paralelo, quais são os meios possíveis de financiamento da transição para uma economia de baixo carbono. A urgência está em traçar uma estratégia viável para a próxima década. Segundo a Organização das Nações Unidas, é preciso reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa a fim de evitar o excessivo aquecimento global. Se nada for feito, até 2030 a temperatura do planeta subirá para uma média 1,5 grau Celsius acima da que costumava ser antes do período industrial.

Enquanto a adesão de países se mostra errática, de acordo com a orientação política dos governantes, o movimento mais consistente na direção de manter uma postura responsável — e não apenas na seara ambiental — é visto entre grandes empresas. Com metas claras, muitas delas têm sido guiadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um amplo plano para melhorar o mundo lançado pela Organização das Nações Unidas em 2015. O documento é composto de 17 tópicos, desdobrados em 169 metas para 2030. Esses objetivos servem de referência para quase 85% das 190 empresas participantes da 20a edição do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE. Dessas, dois terços fizeram uma análise de materialidade para priorizar os ODS mais relevantes para seus modelos de negócios. “Os ODS estão bem posicionados como referência de políticas no Brasil e no mundo”, diz Aron Belinky, fundador da consultoria ABC Associados, responsável pela metodologia do GUIA EXAME de SUSTENTABILIDADE, maior levantamento de práticas de responsabilidade corporativa do país.

Metodologia

A edição deste ano do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE avaliou ações, processos e condutas de 210 empresas participantes que responderam às mais de 160 questões elaboradas pela ABC Associados, também responsável pela metodologia de escolha das empresas que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, e formada por profissionais egressos da extinta área de rankings corporativos do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Numa metodologia utilizada desde 2007, a sustentabilidade das organizações é analisada de acordo com quatro eixos temáticos: geral, econômico, ambiental e social. A escolha dos destaques começa com a identificação das empresas que obtiveram pontuação acima da média das participantes, independentemente do setor em que atuam. A isso foi somado o desvio-padrão verificado na análise de cada uma das dimensões. Em seguida, um processo de apuração jornalística a respeito de questões críticas pertinentes a cada empresa se deu em paralelo ao auxílio de um conselho deliberativo, formado por especialistas (veja quadro abaixo).

Assim, EXAME chegou à lista das 77 melhores empresas desta publicação, posteriormente divididas em 19 setores. Também foram eleitos os destaques em dez categorias temáticas: Direitos Humanos, Ética e Transparência, Gestão da Água, Gestão da Biodiversidade, Gestão de Fornecedores, Gestão de Resíduos, Governança da Sustentabilidade, Mudanças Climáticas (que inclui gestão de energia), Relação com a Comunidade e Relação com Clientes. Por fim, EXAME selecionou, entre as mais sustentáveis de cada setor, a Empresa Sustentável do Ano.

A busca por um impacto positivo que traga benefícios tanto para o planeta quanto para os negócios levou a alemã Siemens a redirecionar o portfólio em 2016. Naquele ano, a companhia passou a analisar o impacto de sua operação global em relação aos ODS. Com uma oferta ampla de serviços, a Siemens persegue os 17 objetivos estabelecidos pela ONU, mas as prioridades mudam de acordo com o país de atuação. “Temos um relatório específico para o Brasil e, com base nele, entendemos quais estratégias de negócio geram mais impactos nos ODS”, diz Henrique Paiva, principal executivo de sustentabilidade da Siemens, destacando a ação contra a mudança global do clima. “Metade do nosso faturamento vem do portfólio ambiental, que é voltado para a geração de energia renovável e para a eficiência no consumo.”

A cada ano, a Siemens ajuda os clientes a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 600 milhões de toneladas por meio de alternativas como a geração de energia eólica e o uso de biomassa. Para Paiva, a empresa atende a uma demanda que só tende a crescer, e a venda desses serviços, além de ter impacto ambiental positivo, também aumenta o faturamento da companhia. Em uma visão mais voltada para o futuro, a Siemens enxerga possibilidades de negócio nos ODS de cidades e comunidades sustentáveis. Em junho, a empresa entregou para a cidade paulista de Jundiaí, onde mantém uma fábrica, um estudo que identifica as tecnologias mais adequadas para tornar o município inteligente e mais próximo das metas ambientais. “A análise traz soluções que não vendemos, como o ônibus elétrico, mas pode gerar novas demandas, algo que, lá na frente, trará benefícios para a empresa”, afirma Paiva. Outras cidades, em São Paulo e em Goiás, devem receber estudos com a mesma metodologia.

O levantamento mostra que aumentou — de 56,5%, em 2018, para 63,3%, em 2019 — a quantidade de empresas que mudaram seus processos considerando o impacto que eles geravam nas mudanças climáticas. Maior fabricante do mundo de produtos para cuidados pessoais e de beleza, a subsidiária da francesa L’Oréal fez essa reavaliação. Hoje, 78% do produtos novos ou renovados têm perfil ambiental melhorado, e a meta para 2020 é repensar 100% deles em aspectos que vão desde a embalagem até a formulação. A meta é obter bons resultados em todas as pontas do tripé da sustentabilidade: impacto positivo no meio ambiente, na sociedade e também nos resultados financeiros da empresa. É o que ocorre, por exemplo, com a adoção de algumas matérias-primas brasileiras. As compras de óleos de babaçu e pracaxi beneficiam 276 famílias nas regiões Norte e Nordeste. “Uma empresa que não esteja alinhada com os grandes desafios do planeta vai desaparecer”, afirma Maya Colombani, diretora de marketing, inovação e sustentabilidade da L’Oréal Brasil. “As mudanças permitem um alinhamento com as expectativas e perspectivas do consumidor.”

Algumas empresas já avançaram tanto que agora objetivam zerar as próprias emissões de carbono ou a geração de resíduos nas fábricas. A Whirlpool, fabricante americana de eletrodomésticos, é uma delas. A subsidiária brasileira conseguiu zerar a geração de resíduos nas fábricas em 2015. A meta global é atingir esse patamar só em 2022. “Continuamos a perseguir outras metas de uso eficiente de recursos dentro das linhas de produção, e isso traz também competitividade ao produto”, diz Vanderlei Niehues, diretor de sustentabilidade da Whirlpool no Brasil. Num programa global, a empresa estipulou que, até 2025, pretende reduzir as emissões a um nível 30% inferior ao registrado em 2005. Um dos pilares desse processo é a ampliação do uso de energias renováveis. Nos Estados Unidos, a Whirlpool é uma das maiores produtoras de energia eólica in loco. Toda a estratégia de sustentabilidade da empresa gira em torno de cinco ODS, entre eles consumo e produção responsáveis. “A escolha inicia com a questão: onde podemos causar mais impacto?”, diz Niehues. “Precisamos escolher ODS de grande repercussão, com custos gerenciáveis em atividades que já executamos.”

O exercício de pensar nas intersecções entre o negócio e os objetivos de desenvolvimento sustentável é fundamental para criar estratégias que possam ganhar escala. No setor elétrico, a EDP no Brasil elegeu nove dos 17 objetivos propostos pela ONU. Uma das mais relevantes no Brasil está relacionada à oferta de energia limpa. “Nossa estratégia é descarbonizar a produção”, diz Dominic Schmal, gestor executivo de sustentabilidade da EDP no Brasil. Nessa área, a empresa tem realizado projetos como a instalação de 15?000 painéis fotovoltaicos em cerca de 90 agências do Banco do Brasil. À medida que o negócio cresce, todos ganham: o planeta, a sociedade e a própria empresa.

Membro do conselho do GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE, Marcel Fukayama é cofundador do Sistema B no Brasil e diretor executivo do Sistema B Internacional. Criada em 2012, a rede reúne 3?000 empresas em 71 países, as quais seguem os princípios de transparência e geração de impacto positivo com o negócio. A fabricante de alimentos Danone é a primeira grande empresa global a buscar a certificação — não apenas a matriz francesa como também as subsidiárias, incluindo a brasileira. Aqui, a maior empresa certificada é a fabricante de cosméticos Natura. De acordo com Fukayama, pelo menos dez outras empresas brasileiras de capital aberto estão em processo de certificação. A seguir, a conversa com Fukayama.

Qual será o papel das empresas no combate às mudanças climáticas?

De acordo com a Organização das Nações Unidas, temos um investimento necessário de cerca de 4 trilhões de dólares por ano para financiar a agenda 2030. Disso, mais de 2,5 trilhões são para mercados emergentes. É irreal crer que apenas governos e filantropia serão suficientes. É preciso, além de mobilizar o capital privado, engajar as empresas.

Qual caminho as empresas mais sustentáveis estão seguindo?

Três características são importantes. Primeiro, o propósito de gerar impacto positivo. Sair da lógica em que se ganha dinheiro com impacto negativo, fazendo compensações. O impacto positivo deve estar atrelado ao modelo de negócios. Depois, a responsabilidade de lidar com os valores gerados pela companhia: eles devem ser compartilhados, e não destinados apenas a acionistas. Existe, ainda, a importância de ter transparência nos processos.

Em relação a essas características, como o senhor avalia as empresas brasileiras?

É muito difícil transformar um negócio que nasceu com um DNA não voltado para a geração de impacto positivo. É uma transformação essencialmente cultural, que altera formas de pensar e fazer. Não basta criar um instituto e achar que está tudo certo.

Como o comprometimento com causas sociais ou ambientais pode gerar benefícios à empresa?

Vale lembrar que um CNPJ é um conjunto de CPFs, e metade da força de trabalho hoje já é da geração millennial. Em cinco anos, esse número chegará a 75%. Trata-se de uma geração que quer propósito, e as empresas que não conseguem trazer propósito para seu modelo de negócios tendem a perder a capacidade de atrair e reter talentos — e consumidores. Não é uma ação por amor, é porque gera resultados. Larry Fink [presidente do conselho de administração da gestora BlackRock], maior gestor de ativos do planeta, tem se manifestado publicamente sobre lucro com propósito. Ele quer dialogar com as corporações alinhadas à agenda global, e os investidores vão nessa direção.

Fonte: Exame

Biomassa já responde por quase 10% de toda a matriz energética do Brasil

Biomassa Em Chamas

Biomassa é a matéria de origem vegetal ou animal que pode virar energia. Entre os resíduos usados, está o bagaço de cana e os resíduos florestais.

A biomassa já responde por quase 10% da matriz energética brasileira e hoje é uma das principais linhas de pesquisa no país. Inclusive, já tem empresa produzindo a própria energia a partir da casca de arroz e de aveia.

A maioria dos brasileiros pode até não saber o que é biomassa, mas ela está pertinho da gente, todo santo dia.

“Biomassa é toda matéria de origem vegetal ou animal que inclui resíduos, inclui plantações energéticas, inclui plantações de árvores, que podem ser também aproveitadas energeticamente e, até mesmo, resíduos sólidos urbanos, como, por exemplo, o lixo das cidades, resíduos rurais e resíduos de animais”, explica Suani Coelho, coordenadora do Centro Nacional de Referência em Biomassa da USP (Universidade de São Paulo).

É difícil imaginar um país com mais biomassa que o Brasil e com tanto potencial. A biomassa responde por 9,53% da matriz energética brasileira.

Destaque para o bagaço de cana, resíduos florestais, lichivia, que é um subproduto da indústria papeleira, biogás do lixo e de resíduos agropecuários, casca de arroz, entre outras fontes. Mas, segundo os cientistas, o potencial de exploração energética da biomassa do nosso país equivaleria em uma conta conservadora a pelo menos quatro hidrelétricas de Itaipu.

Apenas a queima do bagaço de cana gera 10 mil megawatts. “Metade disso é para consumo próprio das usinas, mais ou menos metade é usada para ser exportada para a rede. Mas nós temos um potencial para dobrar essa exportação para a rede, portanto podemos ter mais de uma Itaipu sendo produzida e sendo injetada na rede”, aponta Suani Coelho.

É recente no país a exploração do gás do lixo, como já existe nos dois principais aterros de São Paulo. O Bandeirantes e o São João já foram desativados, mas continuam gerando aproximadamente 3% de toda a energia elétrica consumida na maior cidade do país. Mas se lixo urbano gera energia, o que dizer do lixo agrícola?

Uma fábrica de aveia no Rio Grande do Sul descobriu há três anos que a casca do cereal, descartada como resíduo, poderia substituir o gás natural. Desde então, 2.500 kg de casca são queimados por hora, uma economia de 30% no consumo de energia.

“Essa economia, além das mais de mil toneladas de gás efeito estufa que nós deixamos de pôr no ambiente, acaba tendo também uma economia real monetária e este é um bom exemplo em que nós produzimos de uma forma mais limpa e temos também o beneficio econômico”, afirma Manuel Ribeiro, vice-presidente de operações da PepsiCo Brasil.

A matriz da multinacional festeja o feito da filial brasileira. É a primeira unidade deles no mundo que apostou na casca de aveia e se deu bem. E o que vale para a casca de aveia, vale também para a casca de arroz.

Uma fábrica na cidade gaúcha de Alegrete recebe todo o arroz produzido emum raio de 200 km.

A montanha de grãos que chega lá tem dois destinos. O miolo do arroz vira alimento. A casca se transforma em 5 megawatts de energia, o suficiente para abastecer a fábrica inteira e ainda cerca de 14 mil residências.

E do processo, patenteado pela empresa, saiu ainda um novo produto: a sílica ecológica, usada para engrossar a mistura de concreto e argamassa.

“Hoje essa sílica é uma realidade da empresa e nós já estamos comercializando em todos os estados da Região Sul e, inclusive, no estado de São Paulo”, informa Lucas Matel, engenheiro químico da empresa.

O poder energético da biomassa é tão importante que se tornou uma das principais linhas de pesquisa da Embrapa Bioenergia, em Brasília.

Em uma parte do laboratório são guardadas amostras de biomassa que estão sendo investigadas pelos pesquisadores da Embrapa. O cavaco de madeira é um resíduo muito comum na indústria de papel e celulose no Brasil. Tem ainda o capim elefante, que já é fonte de energia na Bahia.

Os gaúchos conhecem a casca de arroz queimada que vira energia renovável e a estrela de todas as biomassas de origem vegetal: o bagaço de cana. O objetivo das pesquisas é abrir novos caminhos no mercado para essas e outras fontes de energia vegetais.

Todas as amostras do laboratório são trituradas em máquinas especiais. Depois, esses equipamentos medem o quanto de energia cada uma é capaz de gerar. Os resultados são animadores.

“A grosso modo, falando, a gente poderia, com as tecnologias que temos hoje, talvez ter mais duas ou três ou mesmo quatro Itaipus de biomassa. Em uma época em que a energia está tão cara e tão escassa, isso faz diferença”, diz José Dilce Rocha, pesquisador da Embrapa Agroenergia em Brasília.

No país do pré-sal, não é preciso buscar nem muito fundo, nem muito longe, energia limpa e renovável barata e farta. Basta prestar atenção no que está por aí.

Fonte: G1

Maré alta histórica afeta Veneza

acqua alta veneza 3

‘Acqua alta’ atingiu 1,87 m segundo o Centro de Marés da cidade italiana, a maior desde novembro de 1966.

Veneza registrou na noite desta terça-feira (12) uma histórica “acqua alta” (maré alta), com um pico que pode atingir ou superar 1,90 metro, segundo o Centro de Marés da cidade italiana.

“Enfrentamos uma maré mais que excepcional. Todos estão mobilizados para manejar a emergência”, tuitou o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro.

“Amanhã (nesta quarta, 13) pediremos o estado de catástrofe natural porque os custos (os danos) serão provavelmente significativos e se espera que o nível da água continue subindo”, acrescentou Brugnaro. “Necessitamos que todos nos ajudem a lidar com o que é claramente o impacto da mudança climática”, acrescentou o prefeito, no fim da noite na famosa praça de São Marcos.

Por volta de meia-noite, o Centro de Marés indicava uma altura de 1,87 m, a maior “acqua alta” desde o recorde registrado em 4 de novembro de 1966. O nível das marés é registrado em Veneza desde 1923.

Um nível de maré de 1,87 m não significa que a cidade esteja submersa sob quase dois metros de água. Desta altura deve-se subtrair o nível médio da cidade, que se encontra em entre um metro e 1,30 m.

Segundo jornalistas da AFP-TV, o nível da água atingia “1,20 metro em algumas zonas”.

“Estávamos a par do fenômeno, mas fomos beber algo e quando saímos, olhem….”, declarou à AFP-TV uma turista francesa, que foi surpreendida pelas águas.

As águas inundaram o vestíbulo da basílica de São Marcos, algo pouco frequente.

O procurador do prédio, Pierpaolo Campostrini, recordou que em toda a história da basílica – construída em 828 e reconstruída em 1063 (após um incêndio) – o vestíbulo só foi inundado em cinco ocasiões.

O mais preocupante é que três das cinco grandes inundações ocorreram nos últimos 20 anos. A última em 2018.

O fenômeno da “acqua alta” costuma inundar as zonas baixas da cidade, em particular a praça de São Marcos. Na noite desta terça-feira o fenômeno foi agravado pelo siroco, um forte vento saariano.

Para proteger Veneza das marés, que afetam cada vez mais seu patrimônio artístico, em 2003 foi iniciada a construção de 78 diques flutuantes com base no projeto MOSE (Módulo Experimental Eletromecânico). Este sistema fechará a lagoa em caso de excessiva elevação das águas do Adriático.

Fonte: G1

Tartaruga põe ovos na Praia da Barra da Tijuca, no Rio; ninho é cercado

ovos barra da tijuca

Cidade não costuma receber desovas. Local será monitorado até que se descubra se ovos foram fecundados.

Uma tartaruga-cabeçuda escolheu a areia da Praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, para pôr seus ovos. A capital não costuma receber desovas, mais comuns no Norte Fluminense.

O ninho foi descoberto no fim da tarde de quinta-feira (7) e desde então está cercado, com um pedido para que não mexam. Guardas municipais e bombeiros também vigiam o espaço.

Suzana Guimarães, coordenadora regional do projeto Aruanã Tartarugas Marinhas, da Universidade Federal Fluminense (UFF), está monitorando os ovos diariamente. Não é certo que dali sairão tartaruguinhas, pois não se sabe se a mãe foi fecundada — o jeito será esperar.

Expectativa

O tempo de incubação dos ovos demora de 45 a 60 dias. “Depende da temperatura neste tempo. Quanto mais alta, mais rápido”, ensina Suzana.

“Estamos no pico da temporada de desova de tartaruga-cabeçuda”, explica Suzana. “O Norte Fluminense é uma das áreas prioritárias de desova desta espécie no Brasil”, prossegue.

“Essa fêmea poderia estar em rota migratória e acabou colocando um ninho aqui, já que uma parte dos ovos já estava madura”, detalha.

Suzana lembra que em 2015 ocorreu uma desova em Maricá, e, em 2017, na Praia de Itaipu, Niterói.

Fonte: G1

Temendo boicote ao agronegócio, pecuaristas criam associação “sustentável”

amazônia

Criadores de gado da região do Araguaia, em Mato Grosso, se organizam em uma entidade para mostrar a integração entre lavoura, pecuária e floresta

Em meio ao abalo na imagem do Brasil causado pelos incêndios da Amazônia, um grupo de criadores de gado da região do Araguaia, em Mato Grosso, decidiu criar uma associação nacional para gerar valor à pecuária sustentável. Encabeçada pela empresária Vivien Suruagy, os pecuaristas querem provar que a atividade integrada à lavoura e à floresta é altamente sustentável, não poluidora, e pode dar valor à cadeia da carne.

À frente da Associação Brasileira de Produtores de Carne Carbono Neutro e Baixo Carbono (ABCNN), Vivien, que é engenheira civil e também atua no setor de telecomunicações, reuniu um grupo de pecuaristas para combater o preconceito ao produtor brasileiro, em um momento que as questões ambientais estão nos holofotes. Há um forte temor do setor de sofrer boicotes de países importadores, sobretudo da Europa.

“Nosso objetivo é mostrar que essas diversas mentiras que estão sendo faladas sobre o Brasil são cercadas por interesses econômicos, mas que não correspondem à realidade”, disse a empresária, referindo às acusações dos países europeus de que os agricultores brasileiros são responsáveis pelo desmatamento ilegal da Amazônia.

Vivien reconhece que há práticas ilegais, sobretudo de grileiros e de parte do setor, mas que os pecuaristas que adotam práticas sustentáveis não podem ser penalizados por isso.

Fonte: Exame

Projeto no Cerrado recupera área de 110 mil campos de futebol

Cerrado Reflorestamento

O Projeto ABC Cerrado recuperou 93 mil hectares de pastagens degradadas ensinando 7,8 mil produtores rurais a adotarem tecnologias de baixa emissão de carbono. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e realizou ações com produtores de oito estados: Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Tocantins e Distrito Federal.

A área equivale a 110 mil campos de futebol e o projeto contou com recursos do Fundo de Investimento Florestal do Banco Mundial. Os dados fazem parte de um estudo que avaliou os impactos da adoção das tecnologias pelos produtores rurais e foi divulgado nesta quarta-feira (6).

Para se chegar a esse resultado foram utilizadas várias tecnologias: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, Recuperação de Pastagens Degradadas, Sistema Plantio Direto e Florestas Plantadas. Segundo a assessoria de imprensa do Sistema CNA (Confederação Nacional da Agricultura), os principais setores atendidos foram bovinoculturas de corte, leite e agricultura.

O estudo mostra que, nas áreas recuperadas, a produtividade na cadeia da bovinocultura de corte subiu de 0,7 unidade/animal por hectare para 2,5 e o ganho de peso dos animais com a renovação da pastagem também aumentou, passando de 400 para 900 gramas/dia. Com isso, o tempo de abate reduziu de 36 meses para 19 meses.

O projeto começou em 2015 e ao todo mais de 18 mil pessoas foram beneficiadas entre produtores e familiares, estudantes e técnicos. O ABC Cerrado também ajudou a manter a área de vegetação nativa dentro das propriedades rurais, como as áreas de preservação permanente e reserva legal. Segundo a CNA, “em cinco anos houve um incremento de 192,5 mil hectares de vegetação nativa, ou seja, ao adotar tecnologias e boas práticas agrícolas, o produtor rural aumentou a produtividade em um mesmo espaço, evitando a abertura de novas áreas no Cerrado.”

Fonte: Agência Brasil

Empreendedores criam projeto de tratamento de água a preços populares

Saneia

Chamado Saneia, o projeto é um dos sete integrantes do Programa Natureza Empreendera, da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

Empreendedores do norte do Paraná desenvolveram um projeto de microestação sustentável para tratamento de água em áreas agrícolas. Chamado Saneia, o projeto é um dos sete integrantes do Programa Natureza Empreendera, da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Paraná, que até 2023 vai implantar soluções para problemas ambientais no litoral norte do estado, com o viés do empreendedorismo.

O Saneia é resultado de debates entre participantes de um dos sete grupos que reuniram 35 empreendedores, dos 70 inscritos no programa, para a apresentação de propostas que associassem renda com impacto social positivo no meio ambiente, nos municípios de Antonina, Morretes, Paranaguá e Guaraqueçaba. “Os 35 se aglutinaram em sete grupos e cada um preparou protótipos de ideias e negócios diferentes. Com o apoio dos consultores do Sebrae, as ideias se transformaram em modelos de negócios, com definição de quanto seria a receita, o público-alvo, o investimento necessário para sair do papel”, informou o coordenador de Negócios e Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Guilherme Karam, em entrevista à Agência Brasil.

“Para chegar ao fim dos cinco anos com bons projetos rodando e ativos, a gente precisaria fazer um programa inicial de ideação [geração de ideias] com foco em modelos de negócio. A gente foi atrás de empreendedores nesses quatro municípios, que gostariam de aliar desenvolvimento de um modelo de negócios que, além de ser rentável, gere impacto positivo para a sociedade e para o meio ambiente”, completou.

Criado por cinco moradores da região, a ideia do Saneia é tratar o esgoto local e poder reutilizar a água ou devolvê-la limpa para os rios. Para isso, o negócio prevê o desenvolvimento do Sistema Mestre, que é uma microestação sustentável de tratamento de esgoto, especialmente para atender a pequenos produtores rurais, que enfrentam a falta de coleta adequada.

“O mais interessante desse programa é que o custo de implantação é de pouco menos de R$ 500 por família. Isso é surpreendente ao se pensar no custo para ligar uma casa à rede de esgoto, quando existe”, comentou Karam.

Modelo

Na primeira fase do processo, a filtragem do esgoto é feita por plantas, que retiram a matéria orgânica e os metais pesados, atuando como um sistema de fitorremediação. Depois, a água passa por um reator de bactérias, capaz de remover 99% dos microrganismos presentes. O criador do reator, o produtor Wilson Cunha Gonçalvez, informou que construiu o equipamento porque trabalha com depuração de ostras e necessita de água limpa. “Eu precisava liberar água limpa no ambiente e inventei um reator para liberar a minha água. Veio um estalo de que poderia utilizar também na desinfecção de esgoto. Acabei fazendo um protótipo pequeno para ser acessível a moradores de áreas isoladas e pobres e em ilhas. Então, ele se tornou algo bem versátil”, disse o inventor.

Para Wilson, uma das grandes vantagens do Saneia é a possibilidade de interligação de várias casas a um mesmo sistema, o que permitirá a redução de custos divididos pelos pequenos proprietários rurais. Na utilização que fazia com o sistema de decantação, ele já tinha obtido o laudo do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), atestando a possibilidade de liberar a água no meio ambiente depois desse tratamento. “A minha água que sai direto do sistema de tratamento, por decantação, já dá reuso pelo Conama”, informou. Com a evolução do reator, a água poderá ser utilizada para molhar plantas, sem problemas no contato humano.

Segundo ele, agora, o Saneia precisa da certificação de excelência, com a qual vão surgir os investidores para garantir que mais produtores possam ser atendidos pelo Sistema Mestre. “Sem atingir a excelência, não vou pôr o reator no mercado, mas acredito que no máximo em 30 dias eu consiga atingir a excelência”, contou, acrescentando que aguarda o resultado desse outro laudo.

Maria Alice de Moraes, participante do projeto que criou o Sistema Mestre, está otimista com a sua implementação. “A ideia é que o projeto vá para a frente. Estamos super empolgados e animados e procurando formas de fazer isso acontecer”, disse.

De acordo com a Fundação Boticário, a operação da microestação requer uma equipe de três pessoas para fazer a manutenção, possibilitando ainda a criação de empregos na comunidade.

Acesso à coleta

Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), indicam que quase 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto e aproximadamente 54% dos esgotos do país não são tratados. “Acredito que a força desse projeto é tentar diminuir essa taxa, pelo menos em alguns locais do país, nessa questão de esgoto. Todo cidadão deveria ter na sua casa um sistema de saneamento decente”, afirmou Maria Alice, lembrando que, em Antonina, 70,63% da população não têm tratamento de esgoto. “É extremamente precário. É esgoto a céu aberto e pessoas que morrem por alguma contaminação. É bem complicado”.

Maria Alice, que estuda Tecnologia em Gestão Ambiental, alertou que no litoral paranaense, onde se desenvolve o Programa Natureza Empreendedora, a falta de saneamento ainda se reflete na poluição das praias. “A gente vê a quantidade de esgoto jogada nas praias, além de causar vários problemas à saúde, que é um ponto principal, ainda faz com que a gente perca o turismo e várias coisas que teria com um local limpo”.

O Programa Natureza Empreendedora começou em 2018 com o objetivo de identificar o potencial empreendedor, aliado à conservação da Mata Atlântica, em alguns municípios da região do Lagamar paranaense.

Área preservada

Guilherme Karam destacou que o local onde o projeto é desenvolvido integra a maior área remanescente contínua de Mata Atlântica conservada no Brasil, com quase 2 milhões de hectares de floresta continua, numa região que vai do norte de Santa Catarina ao sul de São Paulo. “Para conservá-lo, uma das formas é por meio do empreendedorismo positivo. A gente entende o estímulo a negócios de impactos positivos, que são os que, além de gerar lucro, deixam impacto positivo para a sociedade e para a natureza. É um caminho interessante para gerar conservação da biodiversidade”, disse.

Fonte: Época Negócios

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